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Larissa:

Renan ficou bem apegado ao garoto, eles conversaram bastante, tinham gostos parecidos. Em basicamente quase tudo. Por mais que meu irmão fosse mais velho, comparada a criança, ainda existia uma parte nele que era bem infantil. E quando morávamos juntos, costumávamos discutir as vezes por isso.

Ohana sentou-se comigo, enquanto minha mãe agora apenas observava paciente.

Tínhamos costume de almoçarmos em família aos fins de semanas, e agora que estávamos juntos, isso não seria diferente. Além do mais, Ohana disse que havia gostado da culinária e queria conhecer muito mais. Tinha se dado super bem com minha mãe e meu irmão, e eu estava feliz por isso.

Acabamos por irmos para meu quarto, enquanto Theodoro optou por ficar com Renan e minha mãe. Ohana se sentiu segura em deixá-lo ali então eu achei que tudo bem. Acabei deitando em seu peito e abraçando-a cintura.

Inclinei-me um pouquinho quando passei a sentir seus carinhos, e então ela olhou-me confusa. Busquei muitos selinhos e recebi seu afeto, em um tocar singelo no rosto.

-Ohana: É tão bom te ver assim... - ela disse baixinho. - Parece que se sente mais tranquila. - ela sorriu. - Fico feliz em te acompanhar até aqui.

-Larissa: E temos muito mais pra viver juntas... - eu complementei baixinho e ela sorriu assentindo.

-Ohana: Muito mais. - salientou.

Senti seus dedos macios tocarem-me, fazendo um leve cafuné, assim que tornei a deitar a cabeça em seu peito. Agora que já tinha perdido toda a euforia, e não sentia mais medo, passei a sentir-me sonolenta e cansada.

Ohana:

Larissa acabou por dormir um pouquinho e entre esse meio tempo, me atentei a Theodoro, para que ele não exacerbasse na euforia. E quando a ruiva acordou, tomou banho e veio até nós, na sala de estar, logo, vi sua mãe sorrir.

Eles disseram ter costume de almoçar em família numa área do Rio, nos fins de semana, e aparentemente faríamos isso hoje. E de fato, depois de um tempinho Larissa dirigiu conosco até um restaurante no Leblon. Ela especificou que a um tempo não teriam a minúscula oportunidade de partilhar isso, entretanto, eram novos tempos e ela achava mais que justo. Outro ponto foi, que queria mostrar-me os perfeitos lugares do Rio. Ademais, eu sentia-me completamente segura pelo simples fato de Larissa não recuar quando estávamos juntas a sua família. Ela não silenciava a voz doce, não cessava os toques, ou perdia o afeto. Como um dia fizeram comigo no passado. Cada mínimo detalhe parecia importante pra ela. Ela me fazia segura, fazia nosso filho seguro. A todo momento seu amor estava presente, sempre me era presente.

Depois que adentramos o restaurante, ela falou com um funcionário que levou-nos até uma área reservada. Ele sorriu pra mim, e para ela, aparentemente nos conhecia. Mas eu não conseguia entender nada dito por ele.

Não demorou muito para que trouxessem um champanhe a mesa, era meu preferido. Eu podia sentir a mão delicada de Larissa tocar minha perna, subindo e descendo em um carinho paciente enquanto ela respondia algumas mensagens no celular.

-Theodoro: Mamãe... - ele chamou a atenção da ruiva, que instantaneamente deixou o celular de lado.

-Larissa: O que foi? - ela questionou baixinho, cuidadosa.

Eu não era a única a observar a interação entre os dois. Sua mãe parecia sempre encantada quando Théo chamava a brasileira de: "mamãe". E bem, pra falar a verdade, eu sempre sentia o arrepiar tomar-me o corpo. Havia uma sensação de conforto e alívio sempre que ele a chamava assim, e sempre que eu ouvia-a se remeter a ele como mãe. Eu sentia o maior orgulho do mundo em poder dizer que sim, sim ela era a mãe da criança que eu havia gerado. Por mais que não fosse biológico, e que as características físicas de Théo não compatibilizassem com as dela, havia muito dela nele. Com o convívio, eu conseguia ver mais dela nele, do que qualquer outro. As manias, o falar, o agir... estava tudo tornando-se uma parte de aprendizagem vinda dela. Eu confesso, Théo estava até aprendendo a ser mais compreensivo, mais paciente.

-Theodoro: Posso ficar com você? - ele questionou inquieto, apegado a ela como era.

Larissa assentiu, ele saiu da própria cadeira e caminhou até ela. Abrindo os braços para ser pego no colo. Larissa o sentou em sua perna, e enquanto tinha visão da área nobre e da praia, Theodoro brincava com a correntinha no pescoço dela.

Larissa:

Minha mãe sorriu boba, e Renan também. Ohana levou a mão até os cabelos lisos do garoto, acariciando por um mero momento e eu também sorri.

-Miriam: Ele é apegado a você. - ela disse baixinho, surpresa em expressar.

-Larissa: Muito, eu diria. - acabei sorrindo ladina.

-Ohana: Tenho certeza de que ele prefere ela entre qualquer outra pessoa. - Ohana salientou e vimos o garoto assentir sorrindo bobo. - Viu?

-Theodoro: Mas eu também amo você... - ele disse baixinho, olhando-a semicerrado enquanto sorria.

-Ohana: Eu não disse o contrário, meu bem. - ela especificou, para que Theodoro não passasse a interpretar mal.

-Theodoro: Tudo bem. - ele sorriu ladino. - Vovó...

Tínhamos acabado de atingir um ponto meramente delicado. Theodoro costumava se referir a minha mãe como avó, entretanto, aquela era a primeira vez que ele fazia isso diante dela. E a vi sorrir como nunca, seus olhos brilhavam e o expressar dela era tremendamente carinhoso pelo garoto.

-Miriam: O que, pequeno? - ela questionou carinhosa.

-Theodoro: Mamãe disse que você contava histórias pra ela antes de dormir quando era pequena... - ele disse e eu logo soube que vinha um pedido. - Pode contar pra mim?

-Miriam: Claro que posso. - ela sorriu ladina.

Ohana:

Depois de almoçarmos juntos, fomos ao cinema e depois voltamos para o apartamento. Já era fim de tarde, estávamos na sala de estar, Theodoro brincava com algumas coisas no chão, junto a Renan que dava a ele toda atenção. E sua avó Miriam, que o tinha entre as pernas. Larissa já se encontrava sonolenta e assim como ela, eu também. Acompanhamos Theodoro que dormiu depois de algumas histórias contadas por Miriam, observei a brasileira ter um sorriso orgulhoso a demonstrar e então olhar-nos tranquila.

-Larissa: Obrigada, você fez milagres. - a ruiva sussurrou para a própria mãe.

-Ohana: Não creio que foi tão rápido assim. - comentei surpresa e Miriam sorriu. - Ele enrola bastante!

-Miriam: Ele estava cansado. - ela sorriu.

De fato, o dia tinha sido cansativo, e Theodoro mal tinha descansado desde que tínhamos chegado ao Brasil. Ele estava empolgado demais, e pouco conseguiu relaxar.

Larissa:

Na manhã seguinte, Theodoro dormiu até mais tarde, junto com minha mãe. Ele tinha insistido em ficar com ela, depois que acordou no início da manhã. E ela, adorou ficar com o garoto, isso era notório. Ele não a incomodava, eu a conhecia bem.
Sai com Ohana, a levei em uma cafeteria e ficamos juntas por um tempinho, dentro do carro. Os vidros estavam fechados, estávamos "seguras". De certa forma, andar por ali dando bobeira não era nada inteligente. Ohana me olhava já a um tempo, e foi inevitável não sorrir fraco pela maneira como ela fazia isso.

-Ohana: Você é muito linda... meu Deus do céu! - ela disse inquieta, sorrindo ladina, e eu me vi tímida. - Sério!

-Larissa: Para! - pedi paciente e ela roubou-me um selinho.

-Ohana: Não da! - ela salientou em um sussurro.

Ela inclinou-se um pouquinho para alcançar-me, deixando-me um selinho demorado. Olhei através do que era físico, e além castanho que eu conhecia tão bem, haviam respostas para as perguntas quais mais procurei. Havia uma sinceridade e uma convicção tremenda ali, éramos mais que afeto carnal e emocional. Era como se... nos conhecêssemos de outras vidas. Ela sorriu ladina, e eu respirei fundo, deixando-a um outro selinho. Aqueles momentos a sós eram importantes, por mais que adorássemos estar em família. Estar com ela sozinha, em primórdio, me salientava cada vez mais do que porquê eu queria tanto que fosse ela. Só ela.

-Larissa: Posso te levar em um certo lugar importante? - questionei baixinho, enquanto acariciava-a o rosto.

-Ohana: Aonde quiser. - ela sorriu fraco, assentindo milimetricamente.

Curvilíneas - Ohanitta Onde histórias criam vida. Descubra agora