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Ohana:

Eu me sentia a mulher mais realizada do mundo, nesse momento. Théo tinha ido com Renan para a casa da avó, e eu me encontrava sozinha com Larissa. Estávamos nuas na cama, eu estava deitada em seu colo, a abraçando pela cintura, recebendo seus carinhos. Não existiria vida melhor.

-Larissa: Sonhei com esse momento, sabia? - ela disse rouquinha e eu fechei os olhos. - Imaginei por semanas... quando passaria a te chamar de minha noiva.

Eu sorri ladina e inclinei-me sobre ela, toquei seu rosto delicado e deixei um beijo em seus lábios róseos e macios. Olhei em seus olhos apaixonados e sorri um pouco mais.

-Larissa: Como se sente sabendo que tem todo poder do mundo sobre mim? - questionou em um sussurro.

-Ohana: Tenho?

-Larissa: Tem. - ela sorriu ao confessar. - Eu sou completamente rendida, meu amor.

Mal sabia ela que eu também era, talvez até mais. Era para aqueles braços que eu voltaria sempre, independentemente de tudo. Aquele era meu lar. Eu tinha vivido a vida inteira sem ter chegado em casa, e agora que tinha encontrado-a e estava em meu lar, eu prezaria por permanecer.

-Ohana: Eu te pertenço, amor. - eu disse baixinho. - Hum? Não importa o que aconteça, sempre vou pertencer a você.

Sua mão gélida acariciou-me a face e eu engoli em seco ao assistir suas pupilas dilatarem aos pouquinhos. Ela entreabriu os lábios, e eu inclinei-me deixando um beijo rápido. Aqueles olhos eram como dopamina, era como celebrar vitórias, como alcançar uma meta quase inalcançável. Marcava-me sem permissão, tomava-me inteiramente sem um pedido.

-Larissa: Quero tudo com você. - ela sussurrou e eu sorri boba. - Hum? Tudo...

Eu queria uma família, um lar... que cada segundo virasse uma eternidade. O amor era um quebra-cabeça, e ela era todos os pedaços. Não importava quantos já tinham passado pela minha vida, ela era única. Eu carregava a convicção de que precisava encontrá-la, ainda que fosse décadas depois.
Eu nunca iria me esquecer do momento em que percebi que estava amando-a. Ela não me trazia mais o frio na barriga constante, me trazia paz e tranquilidade. Com ela eu não aprendi a viver a distância nem a expectativa... ela me ensinou que o amor é sobre ações leves, sobre afeto constante, sobre segurança. Eu não precisei me sentir sexualizada, não precisei me esforçar pra ter o mínimo... ela me entregava tudo espontaneamente, de forma sútil e drasticamente apaixonante. Eu tinha me encontrado nela.

(...)

Ficamos na banheira por um longo tempo, eu podia ver e sentir as pétalas de rosas vermelhas vez ou outra grudarem em meus braços. Lari tinha as pernas sobre as minhas, enquanto sentada de frente pra mim, no mediano espaço. Ela fazia massagem em meu pé, enquanto sorria boba e ladina. Tinha os fios presos em um coque frouxo, a face límpida e os ombros a mostra. A correntinha de ouro qual eu havia presenteado-a, destacava-se exuberantemente, assim como os brincos delicados que usava. Eu sempre estava presa aos detalhes.

-Larissa: Não me olha assim... - ela pediu inquieta.

-Ohana: Por que? - sorri fraco, e ela pressionou meu pé de leve. - Hum?

-Larissa: Porque eu fico parecendo uma adolescente idiota que não consegue segurar o riso... - respondeu-me dengosa.

-Ohana: Eu amo... - confessei e ela olhou-me carinhosa.

Ela inclinou-se o suficiente pra selar um beijo, e enquanto sorria, foi fazendo uma trilha deles, até sentar-se em meu colo e está bem pertinho de mim. Suas mãos repousaram em meus ombros e deslizaram pelos meus braços, ficando imersas na água. As minhas subiram por suas costas, até alçar a nuca trazê-la um pouquinho mais para perto, o suficiente para deixar-lhe muitos selinhos afetuosos.

-Ohana: Eu te amo. - eu sussurrei contra seus lábios.
- Eu te amo muito. Eu não posso te perder nunca... e por essa razão só quero te pedir uma única coisa, Lari... - eu sussurrei e ela se colocou atenta. - Que tenhamos sempre um diálogo intacto, independente do problema ou da situação. Só... por favor, que tenhamos abertura pra dialogar sobre o que venha a acontecer.

-Larissa: Eu prometo. - ela sussurrou sorrindo ladina, e eu sorri também.

Ela tinha uma mania de sumir de tudo e fechar-se, não dava abertura quando estava chateada, era como se sentisse-se responsável pelos erros dos outros. E eu temia por isso. Inevitavelmente, por mais que fosse a pessoa mais madura que eu já tinha conhecido, ela era humana e carregava inseguranças.

-Ohana: Você é minha família. - salientei. - Sou seu porto seguro pro que der e vier.

-Larissa: Eu sei, vida. - ela sorriu fraco, e eu vi gratidão em seu olhar. Ela não precisava dizer mais nada.

Eu respirei fundo e deslizei as mãos por todo seu corpo. Pressionei sua coxa e ela sorriu bobinha.

-Ohana: Está cansada? - questionei baixinho e ela assentiu.

Beijei carinhosamente seu colo, a região do pescoço e por último, deixei um beijo em sua bochecha. Depois que saímos da banheira, entreguei-a uma toalha quentinha e caminhamos para o interior da casa. Ainda de toalha, Larissa sentou-se no estofado enquanto permaneci de pé, observando-a.

-Ohana: Quer beber alguma coisa? Eu faço pra gente rapidinho enquanto você veste uma roupa, pode ser? - perguntei cuidadosa e ela outra vez assentiu.

-Larissa: Aqui não tem bebida.. - ela disse confusa.

-Ohana: Ah... eu pedi a um tempinho algumas coisas pra entrega, estava tudo em português mas eu dei um jeitinho. - relatei e ela sorriu.

-Larissa: Ta bom. - ela sussurrou após se aproximar, deixando-me um beijo antes de sumir do meu campo de visão.

O tempo para que ela voltasse foi curto. Quando Larissa retornou eu tinha apenas colocado o necessário sobre a mesa, e ela sorriu movendo a cabeça em negação. Usava um moletom em cor damasco, e uma fina calcinha de renda. Aproximou-se ficando ao meu lado, e como se fosse irresistível como de costume, ela me abraçou por trás, ficando pertinho o tempo todo.

-Larissa: O que está fazendo?

-Ohana: Whiskey Sour. - respondi paciente. - E pra você... vou fazer uma bebida à base de licor, já que não ingere álcool...

-Larissa: Eu posso provar o seu? - ela sorriu dengosa, pude ouvir.

-Ohana: Claro que pode. - sussurrei baixinho.

Larissa acabou me ajudando. Levou o copo para o freezer, para que ele ficasse gelado. Me observou cortar e espremer o limão em uma coqueteleira, e se manteve atenda como uma criança assistindo algo que amava.  Adicionei Ballantines, uma dose pequena. Um xarope de licor 43, pra diferenciar e por fim...

-Larissa: Ovo? - ela questionou completamente confusa quando me viu separar a clara para o uso. - Amor?

-Ohana: Deixa... aveludado. - tentei explicar. - Fica bom, não afeta o gosto... espera.

Pedi ajuda a ela, pra chacoalhar a coqueteleira, e quando finalizou mostrei a ela a leve espuminha criada. Adicionamos gelo e ela refez o processo, e por fim colocamos no copo anteriormente levado ao freezer. Ficamos entre carinhos por um tempinho, enquanto o a bebida estava sobre o balcão, afinal precisávamos esperar a espuminha centralizar-se no topo.

-Larissa: Isso é bom... - ela sorriu ladina, ingerindo mais um pouquinho sequencialmente.

-Ohana: Gostou mesmo? - questionei duvidosa.

-Larissa: Gostei, amor. - ela sorriu um pouquinho mais.

Ela olhou-me dengosa e eu logo soube do que se tratava. Eu conhecia todas as suas expressões.

-Ohana: Tudo bem... eu faço outro pra mim. - sorri fraco e ela roubou-me um selinho.

Curvilíneas - Ohanitta Onde histórias criam vida. Descubra agora