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Ohana:

Depois de todo aquele alvoroço que durou horas e horas, e eu presumia que duraria dias, pra ela parecia tudo normal. Tomamos café da manhã juntas e depois de tomar banho, ela me esperou fazê-lo. Quando saí do mesmo, Larissa vestia peças casuais e largas enquanto mexia no celular. Confortável e simples, como costumava gostar.

-Ohana: Você não está respondendo hater não, né? - questionei rapidamente e ela olhou-me paciente.

-Larissa: Eu confesso que queria muito, mas você não deixa. - ela esboçou frustração.

Eu sorri feito boba e ela arfou pesado. Eu sabia bem do seu caráter e de como costumava reagir quando estressada. E eu não queria que esse estresse refletisse nela o mesmo que refletiu em mim um dia, no passado.

-Ohana: É pro seu bem, hum? - disse baixinho e ela assentiu.

(...)

Já se passavam das 8:00, mas eu não me sentia apressada de maneira alguma. Depois de fazer o básico, passei a me vestir, com a ajuda da ruiva que por segundo algum, me deixava sozinha. As vezes ela era apegada demais, outrora dispersa mas ainda assim sempre por perto, e esse seu jeito nunca me irritava. Eu adorava sua presença.

-Larissa: Se sente melhor hoje? - ela questionou paciente a medida em que educadamente, subiu-me o zíper do vestido justo.

-Ohana: Amor... conseguir falar com você me ajudou muito. - fui sincera. - Acho que sim, me sinto melhor e vou conseguir lidar melhor com as coisas.

Larissa assentiu após dar-me um selinho e posteriormente se agachar, ajoelhando-se momentaneamente e usando um dos joelhos como apoio. Coloquei um dos pés sobre e ela passou a abotoar o feche do salto alto delicado.

-Larissa: Vou estar por perto. Se precisar de mim... é só chamar. - ela salientou enquanto finalizava.

Sorri boba quando ela deixou um beijo acima do meu tornozelo. Repetiu o ato com o outro salto e então ergueu-se do chão. Levei os braços a envolver seu pescoço e rapidamente tive seus olhinhos castanhos apaixonados sobre mim.

(...)

Em meio a correria do trabalho, me peguei pensando no quanto ela se disponibilizava pra mim fisicamente e emocionalmente. Larissa também tinha uma vida corrida, só que diferente da minha, não lhe agregava tanto a presença da família. Era sempre mais difícil pra ela, tê-los por perto. Era mais que notória a exacerbada saudade que ela sentia pela mãe, vez ou outra eu as via no telefone mas sempre me afastava para que elas tivessem aquele momentinho a sós. Com Ya, e seu pai era mais fácil, ainda que eles tivessem dias extremamente cheios também.

Seu aniversário já não estava tão distante, e eu já estava pensando em reservar um tempinho da minha agenda, mesmo que já estivesse ocupada o ano inteiro. Para partilhar desse momento com ela, e até tentar proporcionar essa viabilidade pra ela conseguir ficar um tempinho com a família. Aquilo era importante pra ela e eu sabia.

Eu finalmente havia conseguido sair daquele impasse que me prendia tanto. Não da maneira positiva como eu esperava, não 100% como eu queria, mas havia conseguido bastante e aos poucos, eu iria agravando isso até modelar a minha maneira. Tudo se tratava de acordos, e aos poucos, eu faria os meus.

-Ohana: Pode reservar um restaurante? - questionei paciente a Celine, que finalizava algumas papeladas sentada na cadeira ao meu lado, onde só nós duas ocupávamos a grandiosa sala de reuniões.

-Celine: Pra agora? - questionou-me e eu assenti, a medida em que passei a observar o entrar de Larissa pela porta. - Ok.

-Ohana: O que foi, meu amor? - questionei baixinho assim que ela expressou frustração.

Curvilíneas - Ohanitta Onde histórias criam vida. Descubra agora