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Acabaram bebendo algumas taças de vinho e aparentemente o clima tinha melhorado um pouco. Conseguiram até manter uma conversa de medianos
minutos sem brigarem ou gritarem uma com a outra.

-Ivana: Acabei dando uma olhada nas câmeras junto com o Martin, por questão de precaução.

-Ohana: Por questão de curiosidade. - rebateu e Ivana sorriu fraco.

-Ivana: Aquela garota dormiu aqui nas duas noites, em que estávamos fora. E você pareceu bem próxima a ela.

-Ohana: Eu estava com medo de ficar sozinha. - não era de toda mentira. - Chamei ela pra ficar comigo, nesses tempos vagos. Nos damos bem.

-Ivana: Por que ela... por que quis ela tão próxima? - questionou duvidosa, já que Ohana costumava ser bem antissocial. Não costumava ter amigos.

-Ohana: Eu não sei mamãe... desde que a conheci nos tornamos extremamente próximas. Ela me compreende, e eu compreendo ela. É meio que... uma mão dupla.

-Ivana: Eu vi... um pouco além, Ohana. - foi sincera.

Ohana engoliu em seco. Ainda que tivesse tentado não demorar tanto afeto assim, quando por perto das câmeras. Era inevitável. Se tinham olhares, abraços por trás, carícias e uns sorrisos apaixonados demais para julgarem bobos ou comuns. Adaptar as câmeras da piscina apenas camuflou o óbvio, mas as mínimas ações dentro de casa, não se eram controláveis.

-Ivana: Eu vi... carinho, olhares, toques afetuosos. - mencionou paciente. - Eu.. acabei de pedir perdão então... não quero ser rude. Podemos conversar.

-Ohana: Não tem nada demais mamãe. - disse enquanto sua mãe olhava-a séria. Ohana estava insegura.

Ivana engoliu em seco, desviou o olhar e fechou os olhos por meros segundos. Respirou fundo e tornou a encarar a filha.

-Ivana: Ohana... não mente pra mim, eu conheço você. - rebateu rapidamente em um tom calmo. - Você nasceu de mim, e ainda que no passado eu fosse uma mãe e ainda sou uma mãe, ausente. Te conheço. Em cada mínimo detalhe. Está mentindo pra mim, e eu não gosto disso.

-Ohana: Não pode colocar palavras na minha boca.

-Ivana: Não pode apagar da minha memória, e me fazer duvidar do que vi. - rebateu rapidamente e Ohana fitou as próprias mãos.

-Ohana: Se... se eu... - gaguejou e Ivana suspirou pesado.

-Ivana: Somos só nós duas, não vou contar a ninguém, seja lá o que esteja escondendo de mim. - disse baixinho. - Sei que a compreensão das pessoas é muito importante pra você e se for o caso... deixarei que você mesmo conte para elas quando se sentir segura.

-Ohana: Está deduzindo o que nem sabe. - disse sorrindo fraco.

-Ivana: Estou pontuando o que vi. - foi direta. - Você nunca trouxe funcionários secundários em casa, tão pouco amigos além do Renner, Ari e Celine. Você fez questão de que conhecêssemos-a apenas para que ela transitasse por aqui sem medo. Você a abraça, a olha, a protege de nós e a toca diferente. Tem zelo por ela, e não pode me negar isso. Ohana... eu não sou boba, nem tenho 5 anos.

-Ohana: Me odiaria, não é?.. - questionou fitando as próprias mãos, engolindo em seco e suspirando pesado. - Me odiaria se soubesse...

-Ivana: Eu não vou odiar você nunca. - pontuou baixinho. - Ainda que eu não concorde, vou aceitar porque quero você por perto. Ainda que briguemos muito, que discordemos muito.

-Ohana: Não quero só que aceite... quero que respeite. Que leve a sério, porque isso não é uma fase ou uma brincadeira. - olhou-a nos olhos. - Eu a trouxe aqui e vocês a deixaram desconfortável. Eu evito que ela fale com vocês muitas das vezes, porque tenho medo de que sejam inconvenientes outra vez.

Curvilíneas - Ohanitta Onde histórias criam vida. Descubra agora