Sophia desandou a chorar ainda mais depois que ele saiu pra buscar o calmante. Tatiana e Branca colocaram ela de volta na cama.
— Que ódio! — Rangeu os dentes. — Procura outro médico pra me tirar daqui urgente. — Pediu a mãe. — Eu não vou mais aturar isso.
— Filha, não seja exagerada. — Branca pediu. — Eu imagino que seja um baque, mas foram seis anos, Soph. Ele não é de ferro pra esperar todo esse tempo, além do mais ninguém sabia se você ia mesmo acordar.
— Mas eu acordei, mãe. — Foi ignorante. — Estou aqui acordada há muito tempo, tempo suficiente pra ter me contado isso. Ele fez pior, escondeu a minha filha de mim. Eu perdi seis anos e ainda mais seis meses por puro egoísmo do Micael.
— A Maitê não sabe que você está acordada. — Branca contou. — Nós tínhamos medo da sua reação.
— Eu amo que você esteja tão metida nisso quanto ele. — Resmungou também com raiva da mãe. — Você devia estar do meu lado, devia trazer a minha filha pra mim, deveria ter dito no primeiro instante que tem uma vagabunda dando pro meu marido enquanto eu estou presa nesse hospital achando que a minha vidinha vai voltar ao normal!
— A sua filha vai tomar um susto quando souber que você acordou. — Branca falou baixo. — E ela gosta da mulher do Micael. — Tatiana ficou sem graça, Sophia estava tão irritada que não percebeu.
— Ela o quê? — Sophia franziu a testa e encarou a mãe com ainda mais raiva. — Você não está me dizendo que a minha Maitê chama outra mulher de mãe, porque se isso aconteceu, eu vou matar o Micael, juro.
— Não, claro que não. Maitê sempre soube que você é a mãe dela. — Tranquilizou a filha. — Só disse que ela gosta da mulher. Eu não vou mentir pra você ué, eu gosto dela também.
— Eu preferia estar em coma também a ter que ouvir uma coisa dessa da minha própria mãe! Essa mulher roubou a minha vida! — Disse olhando pra cima. — Você só pode estar de brincadeira, mãe.
— Não é porque eu sou sua mãe que eu tenho que odiar a família do Micael.
— A família do Micael. — Deu risada com deboche. — É a minha família que alguma rapariga roubou! — Gritou e ele tinha voltado com um pequeno copinho de café, contendo um comprimido e outro como maior, com água. — Você devia odiar essa mulher, por amor a mim você devia desprezar os dois. — O moreno soltou um suspiro e encarou Branca, em silêncio.
— Mas eu não odeio e você vai aprender a lidar com isso. — Respondeu seca.
— Já disse que não vou tomar nada que venha de você. — Passada a raiva, agora tinha um tom de nojo. — Eu te desprezo, Micael. Desprezo por me deixar acreditar numa mentira desde que acordei. Por ter feito parecer que estávamos bem e me manter aqui presa sem poder ir pra casa só pra não dizer que não tenho mais espaço lá.
— Não foi isso que aconteceu. — Respondeu baixinho, não sabia bem o que dizer. Como esperava, aquela briga era impossível. — Seus exames estão mesmo com deficiência nutricional. É por isso que estou te mantendo aqui.
— Um caralho que é, você me mantém aqui porque podia vir aqui e fingir que estávamos bem e chegar em casa e fingir com a sua mulher que estão bem também. Porque é isso que a sua vida virou, uma grande farsa. — Aquela altura, cansada de tanto brigar pegou o remédio e tomou, precisava esquecer tudo aquilo. Micael não disse nenhuma palavra mais.
— Não precisa ser cruel desse jeito, Sophia. As coisas não são assim! O menino até me chama de vovó, você acaba se acostumando. — Completou sem se dar contar do que tinha falado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Segunda Chance
RomanceApós um trágico acidente durante uma viagem de casal, Sophia acabou entrando em coma. Micael, seu marido passa a viver em função da esposa meses após meses, anos após anos. Deixando a pequena Maitê, filha do casal, um pouco de lado. Ele finalmente...