Capítulo 16

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Sophia desandou a chorar ainda mais depois que ele saiu pra buscar o calmante. Tatiana e Branca colocaram ela de volta na cama.

— Que ódio! — Rangeu os dentes. — Procura outro médico pra me tirar daqui urgente. — Pediu a mãe. — Eu não vou mais aturar isso.

— Filha, não seja exagerada. — Branca pediu. — Eu imagino que seja um baque, mas foram seis anos, Soph. Ele não é de ferro pra esperar todo esse tempo, além do mais ninguém sabia se você ia mesmo acordar.

— Mas eu acordei, mãe. — Foi ignorante. — Estou aqui acordada há muito tempo, tempo suficiente pra ter me contado isso. Ele fez pior, escondeu a minha filha de mim. Eu perdi seis anos e ainda mais seis meses por puro egoísmo do Micael.

— A Maitê não sabe que você está acordada. — Branca contou. — Nós tínhamos medo da sua reação.

— Eu amo que você esteja tão metida nisso quanto ele. — Resmungou também com raiva da mãe. — Você devia estar do meu lado, devia trazer a minha filha pra mim, deveria ter dito no primeiro instante que tem uma vagabunda dando pro meu marido enquanto eu estou presa nesse hospital achando que a minha vidinha vai voltar ao normal!

— A sua filha vai tomar um susto quando souber que você acordou. — Branca falou baixo. — E ela gosta da mulher do Micael. — Tatiana ficou sem graça, Sophia estava tão irritada que não percebeu.

— Ela o quê? — Sophia franziu a testa e encarou a mãe com ainda mais raiva. — Você não está me dizendo que a minha Maitê chama outra mulher de mãe, porque se isso aconteceu, eu vou matar o Micael, juro.

— Não, claro que não. Maitê sempre soube que você é a mãe dela. — Tranquilizou a filha. — Só disse que ela gosta da mulher. Eu não vou mentir pra você ué, eu gosto dela também.

— Eu preferia estar em coma também a ter que ouvir uma coisa dessa da minha própria mãe! Essa mulher roubou a minha vida! — Disse olhando pra cima. — Você só pode estar de brincadeira, mãe.

— Não é porque eu sou sua mãe que eu tenho que odiar a família do Micael.

A família do Micael. — Deu risada com deboche. — É a minha família que alguma rapariga roubou! — Gritou e ele tinha voltado com um pequeno copinho de café, contendo um comprimido e outro como maior, com água. — Você devia odiar essa mulher, por amor a mim você devia desprezar os dois. — O moreno soltou um suspiro e encarou Branca, em silêncio.

— Mas eu não odeio e você vai aprender a lidar com isso. — Respondeu seca.

— Já disse que não vou tomar nada que venha de você. — Passada a raiva, agora tinha um tom de nojo. — Eu te desprezo, Micael. Desprezo por me deixar acreditar numa mentira desde que acordei. Por ter feito parecer que estávamos bem e me manter aqui presa sem poder ir pra casa só pra não dizer que não tenho mais espaço lá.

— Não foi isso que aconteceu. — Respondeu baixinho, não sabia bem o que dizer. Como esperava, aquela briga era impossível. — Seus exames estão mesmo com deficiência nutricional. É por isso que estou te mantendo aqui.

— Um caralho que é, você me mantém aqui porque podia vir aqui e fingir que estávamos bem e chegar em casa e fingir com a sua mulher que estão bem também. Porque é isso que a sua vida virou, uma grande farsa. — Aquela altura, cansada de tanto brigar pegou o remédio e tomou, precisava esquecer tudo aquilo. Micael não disse nenhuma palavra mais.

— Não precisa ser cruel desse jeito, Sophia. As coisas não são assim! O menino até me chama de vovó, você acaba se acostumando. — Completou sem se dar contar do que tinha falado.

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