Capítulo 12

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— Oi, Tati. — Disse ao encontrar a atual no quarto com o menino adormecido nos braços. — Será que podemos conversar agora? Como dois adultos que mantém um relacionamento há três anos?

— Tem que ser agora? Não dá pra esperar a festa do João passar? — Disse baixinho, pra não acordar o filho. — Que pressa é essa? Você quer o quê? Terminar comigo? Pedir que eu não fale pra ela que o João Miguel é seu filho?

— Primeiro eu quero saber de onde é que saiu essas ideias absurdas. — Deu risada. — Eu não pretendo esconder o João de ninguém.

— E terminar comigo pretende? — Ergueu uma sobrancelha.

— Quer parar de colocar a carroça na frente dos bois? — Rolou os olhos. — A mulher só abriu os olhos. Nós dois sabemos que tem um longo caminho pela frente.

— Ah, que lindo, não vai terminar comigo agora e sim quando ela já estiver reabilitada. — Ele deu outra risada. — Você rindo está me irritando.

— Você está sendo absurda, então eu tenho que rir. — Brincou. — Para de falar em término.

— É a sua Sophia. — Ela disse baixo. — Eu não sou idiota, você só ficou comigo porque achou que ela nunca fosse acordar.

— Foi, mas nós construímos uma família, isso não se apaga porque outra pessoa abriu os olhos. — Cruzou os braços, levemente irritado. — Eu fiquei muito feliz com a notícia, Tati, muito feliz de verdade, você viu o quanto eu sofri, você atende a Sophia desde o primeiro dia! Sabe quantos dias eu chorei naquela beira de cama, será que pode parar de ser egoísta e de pensar em como vão ficar as coisas? Um milagre aconteceu eu só queria comemorar.

— Mas eu disse que estava feliz por você e pela Branca. — Colocou o menino na cama e se levantou. — Isso não foi falsidade. Eu realmente fiquei contente, foi uma luta dura até aqui, mas eu não consigo deixar de pensar: E agora?

— Eu não tive tempo nem de pensar nisso ainda. — Abaixou muito o tom de voz. — Mas me magoa você achar que com um suspiro eu jogaria a nossa história fora sem ao menos dar a você uma satisfação, ou que eu não sofreria pra te deixar.

— Dá um tempo Micael, ela é a sua Sophia. — Repetiu novamente com o pronome. — Você usa a aliança de casamento de vocês no pescoço, nunca tira, nem pra tomar banho.

— Para de ser ciumenta atoa, Tati. — Chegou perto da mulher. — Nós somos uma família, o que vai acontecer depois, ninguém sabe, mas nós somos uma família. Nós quatro!

— Maitê também vai me odiar. — Se sentou chateada. — Eu não sou egoísta a ponto de dizer que era melhor ela não ter acordado, mas você dizer pra mim que nada vai mudar, é uma piada.

— Será que a gente pode, nesse momento, tratar apenas de cuidar e reabilitar ela? — Secou as bochechas molhadas da mulher. — Deixar pra lá tudo o que vier depois.

— E você vai me colocar chefiando a equipe da reabilitação dela? — Deu uma risada debochada. — Você é um cara de pau, quando essa mulher descobrir que eu tenho um filho com você, vai me matar.

— Primeiro de tudo, eu recomendei que não contassem a ela coisas atuais, como por exemplo todos os anos que passaram, sobe a morte do pai, a gente... — Tatiana ponderou. — Então, num primeiro momento ela não vai matar ninguém.

— Claro, ela vai ficar achando que vocês são um belo casal ainda! — Se afastou com raiva.

— Ué, que diferença faz? Você por acaso acha que eu vou transar com ela? — Debochou. — Você nem faz o tipo ciumenta, para com isso! — Ela o encarou. — E segundo, é você que vai liderar a equipe sim, porque eu sou seu chefe, porque você trata dela desde o primeiro dia, porque eu sei que é profissional além do seu ciúme.

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