Segunda Chance

Capítulo 88

— Você está se sentindo melhor? — Micael disse ao fechar a porta atrás de si. — Disse que não estava muito bem quando saiu do hospital.

— Estou bem, é só um enjôo que não passa nunca. — Comentou com um dar de ombros. — Nem meu chocolate eu pude comer ainda. — Se referiu a caixa que tinha ganhado de Micael dias antes.

— Que bom, está grávida, você tem que se alimentar de comidas saudáveis, não é mesmo? Eu até pensei em trazer mais chocolates pra você, mas no lugar trouxe isso. — Mostrou um pote com salada que tinha comprado no shopping.

— Você só pode estar de brincadeira!! — Resmungou não acreditando no que via. — Eu lá sou coelho pra viver de alface?

— Alface, grão de bico, tomate cereja, frango grelhado, palmito, vinagre e azeite. — Leu os ingredientes no rótulo. — Isso aqui é ótimo.

— Então come você. — Rebateu de braços cruzados. — Vai achando que eu vou viver de mato.

— Viver de mato não, mas uma comidinha saudável não custa nada, né? — Piscou um olho brincando. — Não trouxe pra você, isso daqui é minha janta, esqueceu que eu nem sabia que você estaria em casa?

— Você vai jantar só uma saladinha de nada? — Colocou os braços na cintura, indignada. — Impossível.

— Tenho comido menos a noite e dormido bem melhor, você sabe disso. — Observou o dar de ombros. — Vamos parar de enrolar e fugir do assunto?

— Eu não estou fugindo de nada. — Respondeu com um bico. — Você me chamou pra conversar, eu tô esperando pra saber o que é.

— Queria me desculpar. DE NOVO. — Disse alto com certo tom de indignação. — Eu sou um idiota e sempre acabo falando besteira. Não quero que fique mal por causa das minhas atitudes, vou tentar parar com isso.

— Você me surpreendeu agora. — A loira até se sentou. — Desculpas do nada? Você estava furioso hoje a tarde.

— Na verdade, não. — Se aproximou e sentou ao lado, colocando uma mão sobre a coxa da esposa. — Eu fiquei irritado por causa da intimação do divórcio. Estava conversando com meu pai sobre o assunto bem calmo antes.

— Eu só esqueci de suspender. — Avisou com um rolar de olhos. — Não tinha motivo praquele chilique todo.

— Sei que não, juntei uma coisa na outra, enfim. Me desculpe, de verdade. Eu vou me controlar daqui pra frente, afinal, você não pode se estressar por causa do neném.

— Então estamos bem? — Perguntou surpresa. — Achei que você levaria mais de dois dias.

— Não quero perder tempo, não quero ficar longe de você nunca mais. A vida é curta e quando a gente menos imagina tudo pode acabar. — Ergueu a mão para fazer carinho em seu rosto. — Eu amo você e tenho certeza que amarei o seu bebê, sendo meu ou não.

— Eu acho que já dá pra fazermos exame de DNA, com certeza já passei de oito semanas. — Ela deu de ombros. — Se você quiser a gente faz.

— Eu quero, não que isso vá mudar algo entre a gente. — Reforçou e Sophia assentiu. — Você já contou pro cidadão?

— Não, falo depois de amanhã durante o plantão.

— Não é melhor chamar essa criatura e conversar aqui? No hospital tudo é muito público e tem muita fofoca. — Sophia o olhou com atenção. — Eu pego a Maitê e saio de casa, você conversa com ele e pronto.

— Você está bem com isso?

— Você está disposta a esconder dele que talvez tenha um filho? — Perguntou interessado e a mulher balançou a cabeça. — Que opção eu tenho senão ficar bem com isso? Eu vou respeitar a sua decisão.

— Você está diferente. — Franziu a testa enquanto o analisava. — O que aconteceu, hein?

— Conversei com meu pai, conversei com a Tatiana e os dois disseram que eu sou um idiota. — Sophia deu risada.

— Eu amo você. — Lhe deu um beijo. — De verdade.

— Ah, é? — Ergueu uma sobrancelha. — Então me prova. — Puxou a mulher para seu colo num movimento tão ágil que a deixou surpresa. — Sabia que eu amo seu corpo ainda mais quando está grávida?

— Eu lembro bem como foi da outra vez. — Deu risada e o viu tirar sua camisa e admirar seus seios, que pra ela nem pareciam muito diferente ainda. — mas não podemos fazer isso ainda.

— É o quê? — Ela se afastou e vestiu a camisa de novo, deixando o marido um tanto decepcionado. — Sexo de reconciliação é regra!

— São oito da noite, Maitê e minha mãe estão acordadas!

— Ué, sua mãe está aqui? — Ficou de pé, ajeitando a bermuda. — Por quê?

— Ela me convenceu a não ir pra lá e fazer o pré natal todo aqui, disse que ia ficar comigo quando o bebê nascesse. — Micael tinha até se esquecido que ela estava querendo ir embora.

— Sua mãe é sensata.

— Só porque ela gosta de você. — Bufou. — Você é filho dela, né?

— Ela tem que me amar, eu sou um ótimo marido pra filha dela.

— Aham, é sim. — Debochou e caminhou pra porta.

— Não vale debochar do seu mozão. — Seguiu a esposa que desceu as escadas rindo. Maitê e Branca olharam pra eles com expectativa. — Oi, Branca. — Se aproximou pra dar um beijo na sogra. — Eu não esperava te ver aqui.

— Que coincidência, também não esperava te ver aqui. — Ela brincou e deu risada da careta que ele fez. — Achei que fosse demorar um pouquinho mais.

— Mas essa minha sogra tá muito engraçadinha. — Deu risada junto com as meninas. — Vou te falar, hein.

— Eu tive que cuidar das minhas meninas, de todas as três. — Sophia arregalou os olhos pra mãe por ter falado aquilo na frente de Maitê.

— Que três, vó? Você tá contando meu pai também? — A garota implicou e Micael mandou língua pra ela.

— Eu sofro muito no meio de vocês, é sério. Três implicantes, que castigo! — Fez drama e se sentou.

— A vovó errou a conta. — Branca disse a menina que apenas deu de ombros, sem se importar com aquilo. — Vamos jantar? Fiz uma comidinha leve pra janta, tenho certeza que você não vai passar mal.

— Você é um anjo, mãe. — Soph deu um passo pra perto da mãe e lhe deu um beijo. — E já estou faminta, Micael chegou aqui com uma salada sem vergonha hoje.

— Eu comprei pra mim, gata. Não te dei nada, não. — Cruzou os braços e olhou pra televisão. — E você devia comer salada, não preciso ser nutricionista pra saber que vai te fazer bem.

— Que diferença vai fazer, eu vou vomitar tudo depois. — Respondeu como uma criança birrenta e então Maitê começou a juntar as peças. — Comer chocolate ou salada, vai acabar tudo no vaso.

— Você está esperando um neném? — A voz de Maitê surgiu do nada surpreendendo os três, que a olharam em silêncio.