Capítulo 58

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— Quem são os pombinhos? — Micael voltou pro quarto com o celular na mão.

— Você e minha mãe. — Respondeu com um bico maior ainda. — Acredita que ela quer me despachar pra casa da minha avó hoje?

— Quer? — Olhou pra loira com um sorriso maldoso. — Quero deixar claro que eu não participei dessa decisão.

— Mas também não discorda, né? Vai ser assim se ficarem juntos? Me jogando pra escanteio? — Manteve o bico vendo os dois darem risada. — Não tem graça, eu quero ficar com vocês.

— Parece até um bebezinho de colo, quer mamar é? — Micael implicou com a filha que mandou língua e em seguida riu. — Eu levo você pra almoçar, a gente passa o dia junto, pode ser?

— Mas eu quero passar o dia com os dois! É novidade pra mim vocês de boa, a última vez foi no meu aniversário e vocês fingiram tão mal que eu vi que estavam irritados um com outro.

— Tá bom, meu amor. — Micael sorriu pra menina. — Você argumenta muito bem, me convenceu.

— Acabou me convencendo também, essa menina vai ser advogada. — Sophia brincou e a garota bateu palmas empolgada.

— Vamos almoçar? Apesar de tudo o que já aconteceu hoje, ainda é meu aniversário.

— Se esqueceu que eu estou internada em observação? — A loira ergueu uma sobrancelha pra ele. — Não posso sair daqui.

— Ué, assino sua alta em dois segundos, quer? —  Pegou o prontuário, que ficava preso na cama. — Esse é o menor dos nossos problemas!

— Primeiro de tudo, você não é meu médico. — Puxou a prancheta com seus dados da mão de Micael. — Segundo que esse corte na minha testa está latejando. — Apontou pro curativo.

— E terceiro que você não quer ir. — Ele cruzou os braços a encarando. — Te conheço de outros carnavais, linda.

— Humm, Linda! — Maitê interrompeu, implicando mais um vez.

— MAITÊ! — Sophia falou alto, mas se contagiou pelas risadas da filha e acabou indo pelo mesmo caminho. — Implicante.

— É muito engraçado ver vocês de xamego, falando coisas tipo "linda".

— Essa sua filha é chata demais! — Micael rolou os olhos. — Já que você não vai, tudo bem se eu levar o Miguel? — Perguntou olhando alternando olhares entre as três.

— Ué, por que não estaria? — Tatiana perguntou séria. — Vocês vão ficar excluindo meu filho das coisas?

— Para de doideira ninguém fez isso! — A loira rolou os olhos diante do possível chilique.

— Espero que não, eu sempre tratei a sua filha com muito amor e carinho, como se fosse minha, não é justo você não fazer o mesmo pelo João Miguel. — Disse feroz, em defesa do filho.

— A Maitê já existia quando você entrou nesse relacionamento, o mínimo que você tinha que fazer era tratar a garota bem! — Sophia respondeu no mesmo tom agressivo.

— Meu amor, se não percebeu, você está entrando nesse relacionamento e o Miguel já existe!

— Eu não excluí o seu filho de nada, deixa de ser doida, Tatiana.

— Mas mãe, ontem você me disse que não era pra chamar o Miguel! — Maitê entregou e Tatiana ficou ainda mais revoltada.

— Não foi porque eu queria excluir o menino, eu ia fazer uma surpresa pro seu pai e não queria criança nenhuma por perto. Pode ter certeza que eu ia te despachar também, Maitê, falei até com a Nana. — Manteve o tom irritado. — Nunca destratei o Miguel apesar de tudo o que eu já senti desde que acordei e você sabe disso, porque eu já te contei. — Apontou pra mulher parada a sua frente com os braços cruzados. — Não surta.

— Já chega né, gente?! — Ele se manifestou entre as duas. — Sempre foram amigas, agora do nada vão surtar e virar inimigas? Vamos parar de graça.

— Ninguém está surtada aqui. — Tati disse entre dentes.

— Que ótimo, Miguel está com a sua mãe? — A viu assentir. — Pode ligar e avisar que estou indo buscá-lo? — Assentiu de novo. — Vamos, Maitê. Quando o Luiz te der alta me liga que venho te pegar. — Deu um selinho em Sophia, acenou com a cabeça pra Tatiana e saiu do quarto de mãos dadas com a Maitê.

— Com licença. — Disse assim que ele saiu, caminhando pra porta.

— Ei, ele tem razão, fomos amigas em momentos muito piores, não vamos brigar agora, né?

— Sempre gostei muito de você, Sophia, mas é do meu filho que estamos falando. Justamente por saber o quão mal você se sente em relação a ele que eu imagino que não vai querer ter o menino por perto, mas o Miguel merece conviver com o pai dele.

— Já me senti muito mal ao ver os dois juntos e você sabe, não vou mentir. Enquanto esse sentimento estava dentro de mim, eu me mantive afastada do Micael por saber que não podia pedir a ele para escolher entre eu e o filho. Se hoje, eu tomei a decisão de ficar com ele novamente, pode ter certeza que é porque todas essas questões internas foram resolvidas, e eu aceito o Micael com a bagagem que ele vem trazendo. Não preciso que me diga o que fazer, não sou irresponsável e como você bem sabe, muito grata por tudo que fez pela minha filha. Pode ter certeza que quando estiver perto de mim, seu filho será tratado como se fosse meu, assim como você faz com a Maitê até hoje. — Se referiu ao convite que a mulher havia feito à garota.

— Tudo bem, me desculpe. — Suavizou a expressão. — É que mexeu com meu filho eu viro bicho. E realmente tive a impressão de que não o queriam por perto.

— Você sabia que eu ia voltar com Micael, sabia que estava planejando surpresa pro aniversário dele, afinal foi você que me lembrou desse detalhe. — Soph deu uma risadinha. — Só por isso que eu pedi pra não chamar, eu juro.

— Tudo bem, te entendo. — Sorriu de volta. — Se quiser eu posso realmente pegar a Maitê. Se mostrar os chocolates e biscoitos que ela adora, topa em um segundo.

— Não, tá tudo bem. Ela tem razão, eu não lembro a última vez que ficamos juntos, os três de boa. É algo novo, tenho certeza que vai ser divertido.

— Eu fico feliz que vocês se resolveram, de verdade. — Se aproximou e segurou em sua mão. — Espero que acredite em mim.

— Meu amor, depois da campanha que você fez pra gente se entender, do incentivo, da tentativa de me colocar ciúme, da dica do aniversário... Você é a presidente do fã clube de SoMic.

— SoMic? — Repetiu achando graça.

— Não tá na moda ficar juntando nome não? Os adolescentes não fazem mais isso? Pode ser também CaelPhia.

— NÃO, DEFINITIVAMENTE NÃO. — Protestou sobre a segunda opção.

— Ó, se der casamento, eu te chamo pra ser madrinha. — Repetiu o que a mulher havia lhe dito dias atrás e caiu na risada.

— Para de ser besta, eu só falei isso pra te irritar! — Gargalhou. — Eu amo te ver com ciúmes de mim, cara. Sério! Fui eu que saí de casa pra não ser tapa buraco e aí você tem ciúme como se eu quisesse voltar pra essa relação fracassada.

— Ciúme não é racional, gata.

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