— Maitê, abre a porta. — Ele disse depois de bater três vezes e ela nem responder. — Abre de uma vez ou eu tiro ela do lugar e você vai ficar sem porta no quarto. — Ótimo, estava começando super bem.
— O que quer aqui, hein? — Abriu a porta de má vontade e Micael viu seus olhos já vermelhos.
— Será que eu posso saber porque você está chorando? — Entrou no quarto e pegou a chave da porta. — Você não precisa disso.
— Ei! E a minha privacidade? — Protestou. — Devolve a minha chave.
— Você tem privacidade, ninguém vai entrar no seu quarto sem bater, não precisa se preocupar. Não há motivo pra ter chave aqui. — Guardou no bolso. — Agora será que pode me explicar o motivo desse drama todo? Eu fiz uma brincadeira com a sua mãe, ninguém vai te mandar pra longe. Você sabe disso!
— Não sei de nada! — Sentou na cama de cara feia. — Ficaram juntos um dia e os dois já falaram sobre me mandar pra longe, pelo visto eu atrapalho muito.
— Para com isso! — Deu uma risadinha e se sentou ao lado da menina. — Eu brinquei, se não sabe antes eu tinha dito que ia te manter trancada no quarto. — Ela o encarou bem seria, não achando graça nenhuma. — E você acha que eu seria capaz de fazer isso?
— Eu não achava, mas agora que pegou minha chave eu tenho dúvidas.
— Deixa de bobeira, eu amo você, sua mãe ama você. Ninguém quer você longe.
— Mas parece que eu atrapalho o tempo todo e que vocês vivem querendo se livrar de mim.
— A gente acabou de se entender, tem muita saudade acumulada e é por isso que a gente quer ficar sozinho às vezes. Mas a gente te ama, ninguém vai mandar você morar com a sua avó, isso foi brincadeira.
— Espero que nem me trancar no quarto. — Resmungou.
— Muito menos trancar você no quarto. — Deu risada e um beijo na testa da menina. — Você sabe que te amo muito. Deixa disso, vamos lá pra baixo comer panquecas e aproveitar enquanto sua mãe não vai trabalhar.
— Tá bom. — Fingiu que entendia e saiu do quarto junto com o pai, mas ainda não tinha engolido aquela história.
— Olha quem apareceu? — Sophia sorriu ao ver os dois. — Panquecas prontas, vamos comer? — Colocou o prato na mesa e a calda de mel.
— Vamos comer, porque eu preciso ir lá em casa buscar o Miguel pra Tatiana trabalhar. — Sophia soltou uma risadinha e o encarou.
— Uau, domingo com o papai. — Ela brincou.
— Que sorte a minha. — Respondeu com deboche. — Vamos fazer vários nada, não é?
— É o que a gente sempre faz! — Maitê respondeu dando risada, já se esquecendo que estava com raiva do pai. — É bom!
— É sim. — O telefone dele tocou em cima do balcão e Sophia estava mais perto. — Pega pra mim?
— Tatiana. — Disse após pegar o aparelho e lhe entregar. Micael bufou e atendeu no viva voz, sem parar de comer.
— Onde diabos você está? — Perguntou com um tom irritado. — Devia ter pegado o Miguel há pelo menos vinte minutos!
— Estou em casa tomando café da manhã. Bom dia pra você, Tatiana. — Disse sem se preocupar e enfiou outro pedaço na boca. — Eu já estou indo, não precisa ser chata!
— ESTOU ATRASADA, MICAEL. EU TENHO PACIENTE MARCADO PRA OITO DA MANHÃ.
— Eu já entendi, será que pode se acalmar? Tá muito cedo pra chilique. Seu paciente espera e o seu chefe perdoa o atraso, não precisa disso tudo.
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Segunda Chance
RomanceApós um trágico acidente durante uma viagem de casal, Sophia acabou entrando em coma. Micael, seu marido passa a viver em função da esposa meses após meses, anos após anos. Deixando a pequena Maitê, filha do casal, um pouco de lado. Ele finalmente...