Capítulo 67

447 36 6
                                    

— Maitê, abre a porta. — Ele disse depois de bater três vezes e ela nem responder. — Abre de uma vez ou eu tiro ela do lugar e você vai ficar sem porta no quarto. — Ótimo, estava começando super bem.

— O que quer aqui, hein? — Abriu a porta de má vontade e Micael viu seus olhos já vermelhos.

— Será que eu posso saber porque você está chorando? — Entrou no quarto e pegou a chave da porta. — Você não precisa disso.

— Ei! E a minha privacidade? — Protestou. — Devolve a minha chave.

— Você tem privacidade, ninguém vai entrar no seu quarto sem bater, não precisa se preocupar. Não há motivo pra ter chave aqui. — Guardou no bolso. — Agora será que pode me explicar o motivo desse drama todo? Eu fiz uma brincadeira com a sua mãe, ninguém vai te mandar pra longe. Você sabe disso!

— Não sei de nada! — Sentou na cama de cara feia. — Ficaram juntos um dia e os dois já falaram sobre me mandar pra longe, pelo visto eu atrapalho muito.

— Para com isso! — Deu uma risadinha e se sentou ao lado da menina. — Eu brinquei, se não sabe antes eu tinha dito que ia te manter trancada no quarto. — Ela o encarou bem seria, não achando graça nenhuma. — E você acha que eu seria capaz de fazer isso?

— Eu não achava, mas agora que pegou minha chave eu tenho dúvidas.

— Deixa de bobeira, eu amo você, sua mãe ama você. Ninguém quer você longe.

— Mas parece que eu atrapalho o tempo todo e que vocês vivem querendo se livrar de mim.

— A gente acabou de se entender, tem muita saudade acumulada e é por isso que a gente quer ficar sozinho às vezes. Mas a gente te ama, ninguém vai mandar você morar com a sua avó, isso foi brincadeira.

— Espero que nem me trancar no quarto. — Resmungou.

— Muito menos trancar você no quarto. — Deu risada e um beijo na testa da menina. — Você sabe que te amo muito. Deixa disso, vamos lá pra baixo comer panquecas e aproveitar enquanto sua mãe não vai trabalhar.

— Tá bom. — Fingiu que entendia e saiu do quarto junto com o pai, mas ainda não tinha engolido aquela história.

— Olha quem apareceu? — Sophia sorriu ao ver os dois. — Panquecas prontas, vamos comer? — Colocou o prato na mesa e a calda de mel.

— Vamos comer, porque eu preciso ir lá em casa buscar o Miguel pra Tatiana trabalhar. — Sophia soltou uma risadinha e o encarou.

— Uau, domingo com o papai. — Ela brincou.

— Que sorte a minha. — Respondeu com deboche. — Vamos fazer vários nada, não é?

— É o que a gente sempre faz! — Maitê respondeu dando risada, já se esquecendo que estava com raiva do pai. — É bom!

— É sim. — O telefone dele tocou em cima do balcão e Sophia estava mais perto. — Pega pra mim?

— Tatiana. — Disse após pegar o aparelho e lhe entregar. Micael bufou e atendeu no viva voz, sem parar de comer.

Onde diabos você está? — Perguntou com um tom irritado. — Devia ter pegado o Miguel há pelo menos vinte minutos!

Estou em casa tomando café da manhã. Bom dia pra você, Tatiana. — Disse sem se preocupar e enfiou outro pedaço na boca. — Eu já estou indo, não precisa ser chata!

ESTOU ATRASADA, MICAEL. EU TENHO PACIENTE MARCADO PRA OITO DA MANHÃ.

Eu já entendi, será que pode se acalmar? Tá muito cedo pra chilique. Seu paciente espera e o seu chefe perdoa o atraso, não precisa disso tudo.

Segunda ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora