Capítulo 52

475 43 28
                                    

Nos dias seguintes, Sophia e Maitê se mudaram pra nova casa, que já havia sido pintada e redecorada pela loira, estava parecendo muito como sempre havia sido e isso lhe trazia memórias boas. Apagou qualquer vestígio de que outra mulher havia estado ali, estava decidida a ser feliz com a filha, e era só isso que faltava. 

Mais dois meses haviam se passado e estava completando um ano que a loira havia acordado. A data coincidia com aniversário de Miguel, então Sophia decidiu nem fazer nada. Já que Tatiana havia organizado uma festa num salão perto dali. 

— Maitê, seu pai já está lá fora buzinando. — Avisou a menina que estava no banheiro. Sophia vestia um short jeans confortável e uma regata branca. Tinha seus cabelos presos num rabo de cavalo e saiu descalça pra atender Micael. — Sua filha resolveu ir ao banheiro no último instante. 

— Sempre a Maitê. — Deu risada e então saiu do carro, tirando os óculos escuros. A loira o olhou de cima abaixo, se agradando com o que via. — Gostou? — Ele reparou nas olhadas e deixou a mulher sem graça diante de si. 

— Gostei, você está bonito. — Respondeu com um sorriso. — Mas raramente não está. 

— Olha só, elogio. — Deu risada e guardou os óculos na gola da camisa. — Isso é algo raro de se ouvir vindo de você, visto que nem na minha cara você olha. 

— É melhor pra nós dois. — Disse com um dar de ombros. — Você sabe que é. 

— Não concordo. — Deu de ombros. — Tem certeza que não vai á festa? 

— Eu vou fazer o que lá? Tatiana veio na da Maitê porque conviveu com ela muitos anos, eu vi o Miguel três vezes e olhe lá. 

— É, deve ser bem esse o motivo. — Rolou os olhos. — Sua mãe já está lá. 

— É claro que ela não iria perder o aniversário do neto dela. — Disse um tanto ácida. 

— Vamos também. 

— Aham, pra eu ficar vendo você, Tatiana e Miguel posando de família feliz? Obrigada, Micael. Vou ficar em casa sozinha, assistindo um filme e bebendo uma taça de vinho. Afogando todas as minhas mágoas. — Ele achou graça, mas não disse mais nada. Maitê havia aparecido ali com o presente nas mãos. — Tchau, meu amor. 

— Tchau, mãe! — Deu um beijo em Sophia. — Amo você, até amanhã. — A menina passaria a noite com o pai. Vamos? 

— Vamos sim. — Ele deu um beijo na testa dela e a esperou colocar o cinto. Logo entrou no carro e Sophia voltou pra dentro de casa, abriu um vinho e como prometido, ficou na sala assistindo televisão. 

.
.
.

— Branca, eu preciso de um favor. — Micael chamou a ex-sogra no canto, já haviam cantado parabéns. — Leva a Maitê com você, amanhã cedo eu vou lá buscar. — Pediu e a sogra o olhou sem enteder nada. 

— Ué, não é o final de semana dela com você? — Cruzou os braços. — O que está planejando, Micael? 

— Fazer uma surpresa pra Sophia. — Disse com um sorriso. — Se lembra que hoje faz um ano que ela acordou. Quero comemorar. 

— Claro que lembro, já falei com ela hoje cedo. — Sorriu. — Tudo bem, pode ir lá, eu levo a Maitê comigo. Boa sorte! — Deu um beijo no rosto da sogra e saiu da festa à francesa, sem se despedir de ninguém. 

Micael foi até a padaria que tinha perto de casa atrás de um pequeno bolinho com uma vela número um. Comprou um buquê de rosas vermelhas e como sempre, uma caixa de ferrero rocher. Estava animado, tinha certeza que depois desse tempo todo ele conseguiria amolecer o coração de Sophia. 

Quando chegou no portão, colocou os chocolates debaixo do braço. Pegou o buquê com uma mão e o bolinho com outra. Se virou pra trancar o carro e ao invés de tocar a campainha, pra surpresa ficar melhor, ele decidiu testar se sua chave ainda funcionava. 

Sorriu ao ver que sim e então entrou, repetindo o mesmo na porta principal. Entrou na ponta dos pés, pensando em como faria pra organizar aquela surpresa de forma que ela perdoasse a invasão, ele só não esperava que o surpreendido fosse ele. 

Sophia estava no sofá da casa, numa pegação intensa com um brutamontes que ele não conseguiu identificar. A loira tinha os olhos fechados se aproveitando dos beijos que recebia. Os dois já estavam sem blusa, mas felizmente a loira ainda tinha o sutiã no corpo. Observou as mãos do homem deslizar pelo corpo de sua Sophia e apalpando os seios que ele tanto amava. E então a loira abriu os olhos e o viu ali parado, como uma assombração. 

— Ai, Jesus! — Deu um grito e se levantou num pulo. — Que merda você está fazendo dentro da minha casa? — Disse extremamente irritada. O homem que estava com ela também havia se virado e Micael percebeu que era um enfermeiro do hospital, Fernando, se não falhava a memória. — RESPONDE, MICAEL! 

— Vim te fazer uma surpresa. — Disse baixo, caminhou pra frente e jogou o buquê no sofá. — Porque eu sou um idiota! 

— Você sabe como funciona a invenção revolucionária chamada campainha? 

— Você e ele iam... — Gesticulou entre os dois com a mão livre. — Eu achei que me amasse!

— Estou solteira faz muito tempo, não precisa surtar! — Se defendeu, ainda sem camisa. — Vai embora daqui, Micael. 

— Eu? Eu que tenho que ir embora? — Perguntou um pouco mais alto. — Você não quer se explicar? Não quer pedir desculpas? 

— Desculpas pelo quê, meu filho? Eu sou uma mulher solteira, fico com quem eu quiser. Se alguém tem que pedir desculpas aqui é você, por ter invadido a minha casa como se fosse algo normal. 

— Dá o fora. — Ele falou com Fernando. — Se você não sair daqui nesse instante, não vai ter mais um trabalho quando amanhecer o dia. 

— Micael, a única pessoa que tem que ir embora daqui é você! — Sophia foi dura mais uma vez. — Eu não combinei nada com você, para de fazer papel de ridículo. Vai pra sua casa. 

— É, você tem razão. — Colocou o pequeno bolo na mesinha de centro, junto com o chocolate e então saiu, sem dizer mais nada. Só pensando nos próximos passos. 

— Me desculpe por isso. — Sophia disse ao seu convidado. — Pode ter certeza que eu não estava esperando essa invasão. 

— E ele vai me demitir mesmo? — Pegou a camisa que estava jogada no chão e viu a loira fazer que não com a cabeça. — Tem certeza?

— Absoluta, amanhã eu converso com ele direito. 

— Vou indo, gata. Acho que o clima acabou. — Ela assentiu, procurando sua camisa para levá-lo até o portão. — Quem sabe a gente marca outro encontro. Tchau. — Lhe deu um beijo na bochecha e caminhou até o carro que estava estacionado do outro lado da rua. 

A loira voltou pra dentro e se sentou no sofá, olhando as coisas que Micael havia deixado ali. Cheirou as rosas e sorriu, adorava flores e ele sabia disso. O pequeno bolo e a vela de número um, mostrava que ele queria comemorar o fato de ter acordado. 

Se levantou pra botar as rosas num vaso e o bolo na geladeira. Voltou e abriu os bombons, pra comê-los enquanto pensava se estava tão errada quando seu coração dizia que estava.

Segunda ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora