Capítulo 91

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Sophia ficou desolada depois de tudo que tinha ouvido. Se deitou no sofá e deixou as lágrimas escaparem, já não aguentava mais quando decidiu levantar e ir chorar no quarto.

Seus olhos estavam inchados e ardiam, nem sabia que tinha tanta lágrima no corpo. Levou as mãos a barriga pensando em como seria pro seu filho crescer sem um nome de pai na certidão, certa de que Micael podia até ficar com ela grávida, mas jamais daria seu nome a uma criança que não era dele.

Passou o dia todo na cama e não levantou pra nada. No hospital, Micael mandou várias mensagens falando de Miguel, perguntando se estava tudo bem e nenhuma foi respondida, ele sabia que algo ruim tinha acontecido.

Felizmente, Tatiana não demorou muito tempo pra voltar ao hospital e Micael saiu correndo, pronto pra buscar Maitê na escola, coisa que tinha certeza que Sophia não faria, já que não respondia suas mensagens.

Os dois chegaram em casa quase sete da noite e Maitê não parava de falar sobre seu dia.

— Vai tomar banho, Maitê. — Ele mandou, interrompendo uma história. — Depois você continua contando tá, vou ver como sua mãe está. — Não esperou resposta da filha, apenas subiu apressado e encontrou a esposa deitada, com olhos vermelhos e jeito de que tinha ficado a tarde toda daquela forma. — Ei, como está?

— Você não devia estar com Miguel? — Passou as mãos no rosto e se sentou. — Chegou cedo.

— Tive que buscar a Maitê no colégio, mandei mensagem pra você e você não me respondeu se dava pra ir. — A loira viu seu celular na mesinha de cabeceira, não tinha saído dali hoje. — Você parece muito triste.

— Eu não sei como me sinto.

— Mas sabe que o bebê sente tudo o que você sente? — Micael perguntou e ela assentiu, claro que sabia. — Então não pode ficar chorando, faz ele sentir dor.

— Eu não consigo evitar.

— Danilo veio aqui, né?— Constatou e viu a esposa assentir. — E não foi como você imaginou?

— Ele me disse cada coisa horrível, me xingou de um monte de coisas... me sinto muito mal agora. — Ele se sentou direto na cama e teve a mulher em seu peito, num aconchego bom. — Nem nos meus piores pesadelos eu imaginei que seria dessa forma.

— Calma, meu amor. Vai ficar tudo bem, esse filho da puta não merece nem uma lágrima. — Tentava consolar e fez esforço pra não dizer que avisou, não precisava colocar a mulher ainda mais pra baixo. — Você é incrível, se lembra? Não pode ficar chorando assim por um cara que é um escroto. Cadê a Sophia dona de si? Você precisa mesmo dele?

— Não preciso dele. — Fungou, não precisava de homem nenhum, mas seu filho merecia ter pai. — Só que as vezes parece que carrego o peso do mundo nas costas. Amo dizer que sou autosuficiente pra travar as minhas batalhas, mas as vezes cansa e eu só quero que alguém pegue na minha mão e me conforte.

— Você não está sozinha no mundo, Sophia. Precisar e pedir ajuda uma vez ou outra não te faz menos mulher. — Deu um beijo no topo de sua cabeça. — Eu sei que você é mulher suficiente pra ir lá e dizer a esse cara as coisas que ele merece ouvir, mas você pode se quiser, deixar que eu resolva isso pra você. Deixar que eu cuide de você. — A apertou mais. — Eu te amo e quero que você fique bem, se você sabe que não precisa dele pra criar seu filho, por que isso te magoa tanto?

— Eu fiquei abalada com o fato do meu filho não ter um nome de pai. Eu sei que o nome na certidão não diz nada, mas eu não queria que ele se sentisse diferente dos demais só por conta disso.

— Não ter nome do pai na certidão é algo até que bem comum, você sabia?

— Sabia, mas eu não queria isso pro meu filho, mas talvez eu deva começar a me acostumar com a situação. — Suspirou.

— Você sabe que eu estou com você, não sabe? — A loira ergueu a cabeça e o encarou. — Se você quiser eu posso registrar o bebê.

— Mesmo não sendo seu? — Ele deu de ombros. — Você faria isso?

— Eu faço qualquer coisa por você, boba. — Lhe deu um beijo. — E eu nem estou falando isso da boca pra fora. — Se levantou e caminhou até o armário. — Ontem, eu fui ao shopping e comprei isso aqui, além da minha deliciosa salada. — Mostrou a ela o body branco. — Eu estava esperando o melhor momento pra te mostrar e acho que agora é o ideal.

— "Eu amo o papai" — Ela leu e então voltou a chorar. — Esses hormônios estão acabando comigo, é sério! Eu não sei nem mais o que estou sentindo.

— Sabemos que é normal, vai ficar tudo bem. — Ele secou as lágrimas do rosto da esposa. — Essa é nossa família agora, eu sei que é difícil, mas tenta não ligar pro que dizem, tá legal?

— Você vai de zero a cem muito rápido, sabia? — Deu risada e o deixou confuso. — Consegue ser babaca e fofo ao mesmo tempo.

— Ao mesmo tempo nada, quando um tá agindo o outro fica esperando sua vez. — Brincou e recebeu um tapinha de Sophia. — Vamos levantar daqui e comer alguma coisa, tenho certeza que você ficou aqui se remoendo o dia todo e não alimentou o nosso bebê.

— Não mesmo, mas sinceramente eu não quero sair daqui. — Fez dengo puxando a coberta pra cima. Batidas ecoaram na porta e logo Maitê entrou, após receber permissão do pai. — Oi, meu amor!

— Que banho foi esse, Maitê? — Micael perguntou com os braços cruzados. — Levou dois minutos.

— Nada disso, levou cinco. Estou super cheirosa. — Micael ergueu uma sobrancelha pra filha que sorria. — Eu esfreguei tudo direitinho, te juro.

— Você escova os dentes rápido, toma banho rápido, minha filha tem que fazer as coisas direito, com calma. — Ela fez um bico. — Vou ter que começar a supervisionar como se você fosse um bebezinho?

— Ah, para. Não é pra tanto. — Deu risada e se sentou na cama, perto dos pais. Ganhou um beijo de Sophia e colocou a mão sobre sua barriga. — Oi, mãe! Oi, bebê. — Disse de uma forma tão fofa que arrancou mais lágrimas de Sophia. — Por que está chorando, mulher?

— Porque foi fofo! — Ela respondeu e fungou, arrancou risada do marido e da filha. — Me deixem em paz, os hormônios estão me matando, eu já disse!

— Como é que vai ser o nome do bebê? — Maitê perguntou aos pais. — Ele já ouve né, melhor começar a chamar pelo nome.

— Não sabemos se é menino ou menina ainda, apressada. — Micael falou com um dar de ombros. — Ainda não conversamos sobre nomes.

— Se for menina pode ser Mavie. — Micael a olhou com um sorriso. — E se for menino você pode escolher também, já que Maitê fui eu e aposto que João Miguel foi a Tati.

— Está falando sério? — Disse empolgado. — Então eu quero Micael Júnior! — Tinha um tom de animação e as duas se olharam um instante. — Não, não, não. Micael segundo! — E então Sophia e Maitê caíram na gargalhada. — Eu estou falando sério.

— Desculpe, mas não dá pra levar a sério alguém com o nome de Micael Segundo. — Maitê disse entre as risadas junto com a mãe. — Por favor, não deixa isso acontecer, mãe!

— Aí amor, desculpa, mas seu nome é seu, não é pra passar a frente. — Disse quando já estava controlada. — Pensa em um mais bonitinho, você quer com M, tem Murilo.

— Duas chatas. — Se levantou da cama. — Vou fazer um lanche pra você e pro Micael Segundo, já volto. — Saiu do quarto ouvido risadas das duas.

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