— Nossa, falta só você me dar vinte reais pelo serviço prestado. — Disse chateado com o jeito que Sophia estava agindo. Ajeitou a roupa também e por fim pegou seu jaleco. — Por que está agindo dessa forma escrota, hein?
— Transamos, Micael. Só isso! — Avisou a ele que tinha uma expressão triste no rosto. — Não precisa agir como se fôssemos voltar por causa de um sexo de dez minutos. Eu só deixei rolar porque fiquei com vontade.
— Eu juro que você está sendo muito cruel comigo. — Falou baixo e a viu bufar, sem se importar com aquilo. — A troco de nada.
— Se eu soubesse que você ia começar com o vitimismo, eu tinha procurado outra pessoa pra matar a minha vontade. Não se preocupe, não vai mais acontecer. — Se virou para sair, mas ele a segurou pelo braço antes que abrisse a porta. — O que é? Faltou alguma lamentação?
— Para de ser ridícula! — A sacudiu um pouco. — Você quer ficar comigo, me ama que eu sei. Eu estava conversando com a Tati hoje e você ficou enciumada, também ficou com raiva quando eu beijei a Jaqueline mais cedo. Pra que esse joguinho que só vai servir pra magoar a gente ainda mais? É vingança? Você quer que eu sofra tanto quanto você sofreu quando descobriu sobre a Tati e o Miguel? É disso que se trata?
— Talvez.
— Me dá uma resposta direta, Sophia. Eu preciso saber o que fazer pra acabar com isso de uma vez. — Soltou seu braço e juntou as mãos, implorando. — Quero muito recomeçar a nossa família, preciso de você pra isso.
— Você quer uma resposta direta? Quer ouvir da minha boca a frase que vai me fazer parecer a maior cuzona egoísta que existe? Pois então eu vou dizer: Eu não aceito que você construiu uma família, pra mim você tinha sim que ter ficado sozinho todo o tempo que eu estive em coma. Não suporto saber que você tem um filho com outra mulher e toda vez que eu vejo o Miguel com você me sinto mal. — Estava ofegante de dizer aquelas coisas em voz alta pra ele pela primeira vez.
— Mas Sophia, o Miguel não tem culpa de nada. — Ele abaixou o tom de voz, era quase inaudível. — Eu não posso me afastar do meu filho.
— Jamais te pediria isso. — Sophia já tinha os olhos marejados. — Mas você também não tem direito de achar que eu sou obrigada a perdoar só porque estava em coma. Eu não tenho que te aceitar, eu não consigo te aceitar. Entendeu? Reatar com você significa reatar com você, Maitê, Miguel e Tatiana de brinde. Por mais que eu goste dela, ver vocês dois e o Miguel juntos me dá gastura, eu odeio vocês juntos. Conseguiu compreender? — Ele se manteve em silêncio. — Eu sei o quão egoísta isso é, mas eu não consigo e não sei se um dia vou conseguir passar por cima disso.
— Está realmente dizendo que nunca vamos poder ficar juntos de novo? — O moreno manteve o tom baixo e viu as lágrimas rolarem livremente pelo rosto da Sophia. — O amor que sentimos não é capaz de superar isso?
— Estamos falando de um filho. Um elo com a Tatiana pra toda vida! Nunca poderemos esquecer que houve esse acidente, porque o João Miguel e a Tatiana estarão lá pra lembrar a gente que você botou outra mulher dentro da minha casa. Eu sinto como se não pudesse confiar em você.
— Claro que pode, eu nunca cogitei trair você, mesmo com todas as nossas brigas, mesmo com todo o trabalho que tínhamos!
— Não, você soltou a minha mão no momento que mais precisei de ajuda. Jurou diante do padre na igreja, na alegria e na doença, mas deixou me deixou sozinha enquanto curtia a sua vida. Eu tenho muita mágoa guardada e te garanto que não vai ser um pedido de desculpa meia boca e um sexo de dez minutos que vai fazer sumir. Eu amo você, mas sou incapaz de perdoar. Sinto muito. — Enxugou as lágrimas, lhe deu um beijo na bochecha e saiu dali. Precisava passar no banheiro, se limpar e chorar tudo o que tinha pra chorar antes de continuar o trabalho.
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Segunda Chance
Roman d'amourApós um trágico acidente durante uma viagem de casal, Sophia acabou entrando em coma. Micael, seu marido passa a viver em função da esposa meses após meses, anos após anos. Deixando a pequena Maitê, filha do casal, um pouco de lado. Ele finalmente...