Capítulo 59

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Luiz assinou a alta de Sophia algumas horas depois que Micael havia saído com a filha. Lhe foi entregue o celular, que estava na recepção entregue pela polícia quando foi averiguar a situação.

Dois policiais foram tomar o depoimento dela, e não se prolongaram, logo ela estava vestida e ligou pra Micael ir buscá-la.

— É ótimo ver que você ficou bem. — Havia ido aguardar pelo namorado na lanchonete, e Fernando entrou ali depois de um tempo, puxou uma cadeira de frente à ela sem nem ser convidado. — Quando soube da notícia fiquei preocupado.

— Imagino, todo mundo tá me olhando como se tivesse em coma de novo. — Soltou uma risadinha. — Mas estou bem, levei três pontos na testa e só, não precisa se preocupar.

— Isso é ótimo!! Fiquei sabendo que você voltou com o Dr. Borges. — Contou com uma sobrancelha erguida aguardando a resposta. — Uma pena que nunca poderemos acabar o que começamos.

— Como é que você sabe disso? A fofoca nesse hospital corre numa velocidade surpreendente.

— É verdade então? — Perguntou desacreditado e Sophia deu risada, antes de concordar com a cabeça, Micael apareceu ali, sozinho.

— Oi. — Tinha uma careta ao vê-la com aquele homem novamente. — Tudo bem por aqui?

— É verdade sim. — Disse ao homem com sorriso. — Mas não precisa se assustar não, ele não vai te ameaçar de novo, não é mesmo Dr. Borges?

— Depende. — Respondeu com uma expressão séria. — Eu tenho motivos pra ameaçar?

— Não, eu só estava dizendo que fiquei feliz que o acidente não foi sério. — O rapaz se levantou da mesa.

— É, todos nós ficamos. — Respondeu seco e ouviu Fernando pedir licença constrangido. — Medroso.

— Você fica aí com essa cara de mau, todo homem desse hospital vai ter medo de chegar perto de mim. — A loira se levantou e viu a expressão de Micael se suavizar.

— Muito melhor assim! — Brincou puxando a loira pra um selinho.

— Micael, Micael... Tá me confundindo? — Ergueu uma sobrancelha e ele deu risada, sabendo bem do que ela falava. — Vai achando que vai mesmo me manipular.

— Não acho, te conheço muito bem, linda. — Segurou sua mão e os dois saíram da lanchonete.

— Cadê as crianças? — Sophia perguntou enquanto andavam pelos corredores.

— No carro, abaixei os vidros e deixei ele lá enquanto vinha te chamar, já que liguei e a senhora não atendeu.

— Eu nem vi. — Sorriu e então viram os dois dando risadas, Maitê fazia cócegas no irmão. — O que faremos?

— Vamos lá devolver o Miguel pra avó e depois ir pra casa. — Ela o olhou de sobrancelha erguida. — Sua casa ou minha casa?

— Minha casa. — Ele assentiu, ainda curioso pra saber qual era a tal surpresa de aniversário que Sophia estava preparando, mas não comentou nada.

— E aí, crianças? Como foi o almoço com o papai? — Sophia perguntou aos dois, enquanto afivelava o cinto.

— Ele me obrigou a comer salada de legumes. — Maitê respondeu com um tom de nojo. — É um absurdo sair pra comer fora e ter que comer legumes. — Micael prendeu a risada enquanto a filha desabafava com a mãe. — Acho que quando a gente sai, tem que comer comida gostosa.

— Mas legumes são gostosos. — A loira olhou pra trás. — Não dá pra viver só de batata frita e bolo de chocolate.

— Me diz, por que não? — Cruzou os braços com um bico. — Eu viveria comendo só isso, se nenhum dos dois é nutricionista, deviam me deixar em paz.

— Mas essa tua filha é abusada! — Micael balançou a cabeça, não querendo se irritar naquele dia. — Qualquer dia eu arranco a língua fora.

— Só falei verdades.

— Quando ficar internada porque estiver anêmica e o seu pai aparecer todos os dias pra tirar seu sangue, eu não quero ouvir reclamação não. — Sophia disse com um tom de brincadeira e arrancou risada de toda a família.

— Nunca foi todos os dias! — Protestou e a viu virar os olhos. — Mal agradecida, eu só estava cuidando de você.

— Aham, deve ser. — Prendeu uma risadinha.

— E você chorava toda vez, mãe. — A menina implicou rindo ainda mais. — Eu lembro bem.

— Todo dia, filha. Experimenta ter alguém tirando seu sangue TODO DIA, pra ver se você não vai chorar também.

— Se mostrar uma seringa pra ela, desmaia na hora. Foi uma luta pra fazer os exames de rotina dela no ano passado. Falando nisso, tá na hora de fazer de novo.

— Nada disso! — Protestou imediatamente. — Me deixem em paz, eu já comi seus legumes.

— Quando você menos esperar, vai acordar no hospital fazendo exame de rotina, lindona.

— Sério, vocês dois não podiam ter profissões melhores? Tipo: vendedor, engenheiro, influenciador digital. Os dois tinham que ser médicos mesmo?

— Tua filha reclama de tudo. — Ele respondeu parando o carro diante da casa da mãe de Tatiana, ficaram tanto tempo conversando que nem viram como a viagem foi rápida. — Tá na hora de fazer dezoito anos e ir embora de casa, Maitê. — Brincou, soltou o cinto e abriu a porta, indo buscar Miguel no banco detrás. — Bora lá, filhão.

Ele soltou o menino e caminhou pra perto do interfone do prédio. Não demorou a ter resposta e logo uma senhora muito parecida com Tatiana apareceu, um clima tenso surgiu e Sophia observou os dois e uma conversa acalorada parecia acontecer. Miguel agarrou o pai pelo pescoço, chorava bastante.

— Miguel não gosta da vó dele não? — Sophia perguntou a filha, enquanto as duas olhavam pra fora.

— Ninguém gosta dessa velha. — Respondeu com um tom de mágoa que fez com que Sophia desviasse os olhos de Micael e focasse na filha.

— Ela te tratava mal?

— Meu pai e a tia Tati nunca me contaram né, mas eu já ouvi eles conversando sobre essa velha não gostar de mim. Na verdade, ela nunca gostou do meu pai.

— Mas ela já te tratou mal?

— Ah, nunca encostou em mim, se é o que quer saber, mas já foi desagradável em algumas situações.

— Que velha ridícula! — Disse irritada, novamente observando Micael tentando passar o menino pro colo da avó materna. — Tem alguma coisa errada ali, sabia?

— Você acha?

— Tenho certeza! — Soltou seu cinto. — Fica aqui e não sai. — Falou sério e a menina assentiu, observando a mãe ir até lá.

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