Capítulo 7

545 39 31
                                    

O encontro de Micael e Tatiana foi bem interessante. Eles tinham conversado sobre muitas coisas e quando ele ficou à vontade, não lhes faltou assunto.

No final ele a levou pra casa, e desceu para acompanhá-la. No portão ela sorriu e agradeceu pelo jantar. Ele não planejava fazer nada, foi apenas dar um beijo na bochecha de Tatiana, mas a mesma virou o rosto e o pegou desprevenido.

— Me desculpa. — Ela disse quando ele se afastou. — Eu não tinha a intenção de forçar a barra. — Continuou a se defender. — Foi por reflexo... — Foi interrompida por ele, quando decidiu que queria aquele beijo.

Por alguns instantes ele relutou internamente, mas seu corpo o traiu, já que havia tanto tempo que tinha estado com uma mulher.

— Você quer entrar? — Ela perguntou entre os beijos que recebia. Ele mais uma vez travou. — Repito, não estou querendo forçar a barra...

— Sim. — Cortou a mulher mais uma vez. — Eu gostaria de entrar. — Sorriram cúmplices um para o outro.

E aquela foi a primeira noite que Micael e Tatiana passaram juntos.

.
.
.

No outro dia pela manhã, Micael foi direto pro hospital, sem sequer acordar a mulher com quem havia dormido. Sentia uma culpa enorme e precisava falar com Sophia.

Passou pelos corredores do hospital sem responder a nenhum cumprimento que recebia, estava bem sério.

— Oi, meu amor. — Disse a Sophia, assim que entrou e fechou a porta atrás de si.— Bom dia. — Caminhou pra perto. — Eu sei que não tenho o costume de vir aqui tão cedo, mas é que ontem aconteceu algo e eu não sei bem como reagir agora. — Suspirou e puxou o banco. — Sua mãe insistiu e eu acabei levando a Tatiana pra um jantar. — Confessou, carregado de culpa. — Deus sabe como eu queria que tudo isso acabasse e que você despertasse. Eu não aguento mais isso, linda. Eu acabei passando a noite na casa da Tatiana, eu sei que quando você acordar, vai me matar por isso. — Sorriu. — Eu te amo e sempre vou amar, Soph. — Pegou a mão da mulher e deu um beijo.

Quando ouviu a porta abrir, ficou surpreso ao ver Tatiana ali. Afinal, ele havia deixado a mulher dormindo não há muito tempo atrás.

— Fisioterapia pela manhã. — Ela respondeu a pergunta silenciosa dele. — Você não precisava ter fugido, o máximo que eu ia fazer era te oferecer um café. — Deu uma risadinha.

— Eu não fugi. — Suspirou.

— Você saiu na ponta do pé, sem me dizer um bom dia. — O bom humor de Tatiana era contagiante.

— Se eu disser que vim contar a Sophia sobre a noite passada porque estava me sentindo extremamente culpado, você vai ficar chateada? — Perguntou com um sorriso.

— Vou ficar chateada apenas se disser que não gostou da noite, fora isso, eu acho fofo você vir contar pra ela. — Ele a olhou com desejo.

— Se eu não tivesse gostado, a culpa com certeza estaria bem menor nesse momento. — A mulher deu uma gargalhada. — Pior é que é verdade.

— Bom, então eu vou ficar feliz por mim e triste por você. — Anunciou. — E já sabe, quando quiser, basta ligar Dr. Borges.

— "Dr. Borges." — Ele deu risada. — Fala sério!

— Ei, trabalho é trabalho. — Ele ergueu as mãos e deram risadas. Branca entrou ali com Maitê, surpreendendo os dois.

— Vejo que estão de bom humor. — Comentou, mas não parecia feliz. — Que bom!

— Ué, porque trouxe a Maitê? — Ele olhou a filha sem entender, e a menina estava emburrada. — Não era o combinado.

— Minha vó me obrigou a vir aqui! — A menina saiu de trás da avó e foi até o pai. — Só porque eu disse que não queria mais vir, ela me obrigou!

— Branca! — Micael disse baixo, após um suspiro. — Obrigar a menina?

— Ela não pode deixar de ver a mãe dela. — Estava brava. — Você não pode permitir uma coisa dessa!

— Fala sério, minha mãe não tá nem viva! — A criança gritou, surpreendendo os três no quarto. — Ela não vai saber se eu vim ou não aqui!

— Mas quando ela acordar... — Micael tentou falar baixo.

— Se você achasse que ela ia acordar um dia, não tinha saído com uma amiga ontem! — A menina falou alto e ele por reflexo olhou pra Tatiana.

— Maitê, você está se achando muito grande e independente, você tem seis anos, nem era pra estar falando essas coisas! É uma criança!

— Você já tinha concordado em me deixar não vir aqui. — Falou baixo. — Não pode voltar atrás.

— Você sabe que ela não quer vir aqui por causa dos amiguinhos da escola que ficam dizendo que a mãe dela morreu e que esquecemos de enterrar?!

— O quê? — Ele fez careta. — Maitê, isso é verdade??

— Vó, você está sendo fofoqueira!

— É um assunto sério, sua mãe quando acordar vai ficar extremamente chateada.

— Chateada estou eu que não tenho mãe! — A criança jogou de novo. Aquilo parecia discussão com uma criança grande e não de seis anos. — Ela foi irresponsável e me deixou, agora eu vou ter que perder tempo vindo aqui olhar ela dormir?

— Não chame sua mãe de irresponsável, Maitê. — Ele tentou repreender.

— Toda vez que vamos sair de casa você diz que tenho que ser responsável e usar o cinto, porque foi isso que fez a minha mãe ficar dormindo! — Encurralado em suas próprias palavras. — Não estou inventando nada, se ela tivesse de cinto, não tinha acontecido o que aconteceu.

— Maitê, eu vou te levar pra casa, chamar a Nana e a noite a gente vai conversar de novo. — Avisou a menina que assentiu. Micael tirou o jaleco e deu a mão pra filha.

.
.
.

— Acho que nunca vi vocês brigando. — Tatiana comentou quando as duas ficaram sozinhas. — Ou com opiniões diferentes.

— Na maioria das vezes pensamos igual mesmo. — Branca suspirou e se sentou na poltrona, observando Tatiana dobrar e esticar as pernas de Sophia. — Mas eu não acho certo ele deixar que a menina não venha mais ver a mãe. Que absurdo é esse?

— Eu posso me abster disso e não chatear você? — Pediu e Branca bufou.

— Você quer se abster pra não escolher um lado? O jantar ontem foi bom? — Perguntou interessada. — Pelo visto foi, quando cheguei vocês estavam rindo.

— Foi sim. — Disse envergonhada. — Mas eu quero me abster porque concordo com o que sua neta disse.

— Você acha que a Sophia está morta?

— Não. — Balançou a cabeça. — Mas eu acho que nem você, nem o Dr. Borges tem esperança de que ela acorde novamente. Se tivessem, você não tinha empurrado ele pra sair comigo e ele não tinha aceitado.

— Não é isso, eu o acho muito sozinho. — Suspirou e olhou para a filha. — Sabe, eu acho que eles ficariam juntos a vida inteira se isso não tivesse acontecido a Soph. — Fez carinho na cabeça da filha. — Se ela realmente acordar um dia, vai me odiar por ter feito o marido dela sair com outra pessoa.

— E me demitir na primeira oportunidade. — Brincou.

— Você pode ter certeza, Sophia é um poço de ciúmes. — Comentou rindo. — E se realmente estiverem juntos, ela vai infernizar até ficar com ele de volta.

— Estamos muito evoluídas nessa conversa. — Tatiana deu risada. — Foi um jantar e uma noite, Branca. Não estamos namorando e nem vamos casar amanhã.

— Eu sei, mas como foi eu que te empurrei pra isso, me sinto na obrigação de te alertar. Se der certo e a Sophia acordar, ela vai atrás dele até pegar de volta, e digo mais, ele vai ceder. — Sorriu. — Tô avisando isso pra você saber onde está se enfiando, gosto de você, Tati.

— Obrigada, Branca. — Sorriu e voltou a fazer os exercícios na loira.

Segunda ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora