Capítulo 65

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Já deitados na cama, após uma transa cheia de carícias no banho, Sophia passava cremes em seu corpo, novamente vestida com a camisa branca larga de antes e seu short justo de cotton.

A loira terminava de passar seus cremes no corpo e Micael a observava como se fizesse a coisa mais interessante do mundo.

— E então, vai me contar como foi lá com a Tatiana? — Ela puxou o assunto, curiosa. — A velha aceitou de boa?

— Ficou insistindo que era inocente, deu uma de santa e tentou fazer parecer que eu era o implicante. — Ele rolou os olhos. — Mas aconteceu alguma coisa que fez a Tatiana acreditar na gente, não sei bem o que foi.

— Bom que ela acreditou, a raiva de mim já passou? — Perguntou com uma risadinha. — Ou ela ainda está achando que eu quero roubar o filho dela?

— Ela está em choque, mas acho que não está com raiva. Eu falei que ia ajudar ela a comprar um lugar pra ficar. — Deu de ombros e Sophia o olhou com interesse. — Ela me perguntou se você não ia achar ruim, eu disse que não. Não, né?

— Qual a outra opção? Deixar o menino morar debaixo da ponte? — Prendeu um sorriso e o moreno arriou os ombros sem saber qual opção teria. — Você precisa ser mais firme sabia? E se eu fosse uma cuzona e dissesse que não, você ia deixar os dois sem ter onde ficar?

— Não, lógico que não. É só que eu não quero arranjar confusão com você. Eu sei que você não ia achar ruim.

— Tá, eu não acho ruim, mas a questão aqui é, mesmo que achasse, você tem obrigação com o menino. Não importa o que eu acho! Ele vem antes de mim.

— Tá, eu sei disso. É só que... — Não sabia como terminar aquela frase. Sophia sorriu e lhe deu um abraço. — Eu amo você.

— Eu sei, também amo você. — Um beijo lento foi iniciado. — Mas trata de arranjar logo um lugar pra sua ex, porque você não vai morar aqui!

— Abusada, tem menos de vinte e quatro horas que a gente se entendeu e você já está me expulsando daqui? — Ergueu uma sobrancelha. — Você acordou desse coma muito ruim, cruz credo.

— Ruim nada, apenas realista. — Deu risada enquanto se cobria, sentindo frio por conta do ar condicionado. — Voltamos hoje, a gente não vai reatar o casamento do dia pra noite. Eu gosto de morar sozinha.

— Ah, tudo bem então. — Ergueu as mãos em rendição. — Eu vou ver amanhã mesmo um lugar pra Tati ficar e sumir daqui.

— Mas você tá dramático, hein? — Prendeu uma risada. — Eu acordei muito ruim do coma e os anos acordado fizeram de você um dramático. — Brincou e ele desfez o bico, acabaram dando risadas. — Sabe, eu devia ter exigido uma casa novinha também, ao invés de ter aceitado essa daqui, dei mole.

— Deu mole? — Abriu a boca em protesto. — Eu deixei você na minha casa e tem coragem de dizer que deu mole?

— Nossa casa! — Ela corrigiu e o fez balançar a cabeça. — Quer dizer, agora é só minha.

— Nada disso, você mesma disse. Nossa casa! — Deu risada e a loira balançou a cabeça. — Você por acaso acha que eu tenho dinheiro pra ficar comprando casas por aí?

— Vai me obrigar a dar uma de Maitê? Não vem pagar de pobre coitado pra mim não, meu amor. Você tem ações do hospital, não recebe salário de gente normal igual eu e Tatiana.

— Olha, mas como é abusada! Eu trabalho muito, Sophia!

— Eu concordo, você é o chefe de todo mundo, mas não vem dar uma de pobre pra mim não.

— Mas a Maitê puxou a tua raça todinha mesmo. — Ele rolou os olhos e se jogou nos travesseiros enquanto ouvia a risada da loira. — Minha nossa, sério, preciso comprar camisinha, eu não vou aguentar uma terceira Sophia atrás de mim.

— Ah, filho da mãe! — Levou um beliscão. — Vou expulsar você de perto de mim.

— É ruim hein! — Ele a puxou pra perto. — Nada me tira de perto de você de novo. — Ela sorriu e iniciou um beijo.

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Na manhã seguinte, Micael acordou antes da loira e sorriu ao vê-la dormir confortavelmente em cima de seu peito.

O quanto sonhou em ter aquela visão desde o maldito acidente e agora era verdade, ela estava ali, roncando leve, com os cabelos soltos espalhados em suas costas.

Linda. Ele pensou. Sophia era linda sem fazer esforço, era linda somente existindo.

Por mais que quisesse ficar ali servindo de colchão pra namorada, precisava descer e começar a preparar o café da manhã, para que desse tempo dela comer antes de sair.

Escapou dela devagar e com muita habilidade, então vestiu sua calça jeans novamente e desceu, ainda sem camisa.

Vasculhou a geladeira pra pegar os ingredientes e logo tirou a farinha do armário. Fez uma bagunça, mas o que importava era que as panquecas ficariam ótimas.

Colocou uma música baixinho pra embalar a manhã, no modo aleatório e começou a dançar enquanto mexia a massa.

"Com você do meu lado, eu não quero ter fama
Não preciso de grana
Muito menos de outra mulher
Tudo que sonhei nessa vida, pode crer, você é

Com você, tô completo
Abro mão da gelada com a rapaziada
Passo o domingo a te amar
Não vou precisar te perder pra valorizar"

Ele continuou a fazer as coisas cantando, tão empolgado que nem ouviu a loira chegar ali.
Estava com os braços cruzados observando a cantoria com um sorriso no rosto.

— Aí que susto cara! — Ele deu risada com a mão no peito assim que a viu. — Não chega devagar assim!

— Eu não cheguei devagar, você que estava empolgado demais com as panquecas e a música. — Ela achou graça e se aproximou pra um beijinho. — Não sabia que curtia pagode.

— Eu botei qualquer coisa pra poder preencher o silêncio. — Deu de ombros. — Sabe quem é pagodeira né?

— Hum, Tatiana. — Sophia virou os olhos e o viu dar risada. — Entendi agora.

— O que eu posso fazer, ela usa minha conta do aplicativo de música. Se quiser eu mudo a senha e mando ela pagar. — Brincou e viu Sophia cruzar os braços.

— Quero sim.

— Hum, eu arrumei uma namorada ciumenta. — Brincou e a puxou pela cintura, rodopiando ao som do mesmo pagode. — Eu amo você, boba. — E mais um beijo foi iniciado.

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