— Doida? — Resmungou. — Vocês disseram a ela que eu sou doida?
— Ah, filha. — Branca tentou se defender, mas caiu na risada antes mesmo de formular uma frase coerente.
— Isso aí já é uma bela confirmação. — Sophia disse de bico. — Eu não sou doida coisa nenhuma.
— Ah para, você jogou um copo com água na cara do Micael ontem! — Branca disse ainda rindo. — Não haja como se fosse normal!
— Mas ele mereceu. — Deu risada. — Olha o tanto de coisas que ele tava escondendo de mim?! — Rolou os olhos. — Merecia algo que manchasse aquele jaleco idiota que ele tanto ama. Café talvez.
— Ia sobrar pra mim. — Tatiana bufou. — Não faz isso!
— Você é passiva demais. — Sophia encarou a mulher. — Isso me irrita também. Como que você aturou o tanto de coisa que eu falei sem dizer um "aí". — Repetiu a pergunta. — Se a situação fosse inversa, eu teria empurrado você de alguma escada pra terminar de se quebrar e não ficar boa nunca.
— Fala sério! — Deu uma risadinha. — Eu duvido.
— Exagerei, não empurrava, mas um copo com água eu jogava. — Deu uma risadinha. — "Se manca, rapariga é você."
— Eu duvido que algum dia a tia Tati faria uma coisa dessa. — Maitê roubou a atenção pra si. — Você tem que ver ela brigando com o Miguel. "Joãozinho, mamãe já falou que não pode mexer aí" — Remendou a madrasta. — Ele vai lá e faz pior.
— Você quer que eu faça o quê? — Cruzou os braços. — Ele é um bebê, não adianta ficar gritando, vai crescer traumatizado igual você.
— O quê? — Sophia franziu a testa. — Você cresceu traumatizada?
— Não. — Ela fez uma carinha triste. — É que meu pai passava muito tempo aqui. Eu praticamente morava com a nana.— Contou. — E ele não é o pai mais paciente do mundo.
— Ué, ele costuma brigar com você?
— Ele até tenta, mas a tia Tati não deixa. — Sorriu pra madrasta. — As coisas mudaram muito depois que ela entrou nas nossas vidas.
— Que bom. — Sophia fez um carinho no rosto da menina. — Me desculpa, filha. — A loira fungou. — Me desculpa por ter sido ausente tanto tempo na sua vida por uma irresponsabilidade minha.
— Tá tudo bem. — Ela sorria pra mãe de forma terna. — Você está aqui agora, vamos ter muitas chances de recuperar o tempo perdido.
— Vamos sim. — Secou as lágrimas. — Assim que eu ficar boa e seu pai assinar a minha alta. — Rolou os olhos. — Tenho certeza que ele não assina de pirraça. Gosta de ficar me furando.
— Ele tinha comentado comigo que você estava anêmica. — Tati falou baixo. — Deve ser só isso que está te prendendo aqui. — Olhou pra Branca. — E tem que adaptar a sua casa pra cadeira de rodas.
— Não! — Sophia quase deu um grito e assustou todas elas. — Eu vou sair desse hospital andando, Tatiana. Nem que seja devagarinho que nem uma velha, mas vai ser andando.
— Vai levar quase um mês pra isso, Soph. — Tati disse baixo. — Vai esperar isso tudo pra ir embora?
— O tempo que for necessário, mas eu vou sair daqui andando. — Contou sorrindo.
— E vamos ter que arranjar outra fisioterapeuta pra você. — Branca comentou de longe. — Nossa casa fica em outra cidade, não tem condições de vir todo dia pra cá.
— Ih, é verdade. — Concordou. — Uma pena. Surpreendente eu gosto de você.
— É, surpreendente eu gosto de você também. — Tati respondeu rindo. O clima de paz acabou quando Micael chegou de volta no quarto. — Que cara é essa?
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Segunda Chance
RomanceApós um trágico acidente durante uma viagem de casal, Sophia acabou entrando em coma. Micael, seu marido passa a viver em função da esposa meses após meses, anos após anos. Deixando a pequena Maitê, filha do casal, um pouco de lado. Ele finalmente...