— O que foi que você disse baixinho hein? — Maitê perguntou à mãe que virou pra trás na hora. — Fiquei curiosa.— Que susto, Maitê. — Botou a mão no peito. — Não te vi aí!
— Onde mais eu estaria? — A menina deu risada. — Estava bem aqui observando você enquanto olhava pelo lugar que meu pai saiu, com um sorriso no rosto e um olhar apaixonado. — Viu as bochechas da mãe ficarem rosadas e gargalhou. — Fica com vergonha não.
— Você é muito sem graça, Maitê! — Levou as mãos as bochechas. — Para de implicar comigo!
— Eu não resisto, você é muito fofinha. — E Sophia deu risada junto da filha. — Eu gosto desse clima de romance no ar. Mesmo que toda essa história do Miguel tenha estragado nosso dia em família.
— E o que você sabe sobre essa história do Miguel? Estava prestando atenção na conversa?
— Eu estava aqui enquanto você examinava ele, ouvi ele falando sobre a velha. Não sou mais uma criancinha, mãe. Eu sei que é dificil pra você acreditar e perceber, mas eu cresci.
— Tá bom então, o que acha de eu e você irmos tomar um sorvete assistindo um filme enquanto o seu pai não volta? — A menina bateu palmas empolgada. — Escolhe ai o filme que vou pegar o pote de sorvete pra gente. Depois de tudo o que aconteceu nesse dia, precisamos relaxar.
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.— Precisa mesmo disso? — Tatiana e Micael subiram até o andar que ficava o apartamento da mãe de Tatiana. — Tudo é um grande exagero.
— Você não querer enxergar não significa que nada acontece. — Esticou os braços pro menino que passou para seu colo de boa vontade. — Não vou bater boca com a sua mãe, não quero nem vê-la na minha frente. Vou ficar no quarto esperando você arrumar as coisas.
— Tudo bem, vamos lá. — A porta do elevador se abriu e logo Tatiana enfiou a chave na porta. Neide estava sentada no sofá e virou a cabeça para vê-los entrar. — Oi, mãe.
— Era pra você trazer só a criança. Esse homem não é bem vindo dentro da minha casa.
— Esse homem não faz questão nenhuma de estar dentro da sua casa. — Respondeu num tom controlado. — Vamos logo, Tatiana.
— Vamos onde? — Perguntou á filha. — Você vai embora daqui?
— O Micael acha melhor eu ir morar sozinha, e sinceramente, é bom ter privacidade. — Deu de ombros. — Vou ficar mais perto do hospital e a Natália vai conseguir ficar com ele pra mim.
— Você acreditou no que disseram de mim? Tatiana, eu não faço nada com o João. Trato dele com o maior amor. — Micael bufou, mas foi ignorado pelas duas. — O que quer que tenham dito, é mentira. Esse homem está tentando te manipular de novo, igual fez antes.
— Mãe, João Miguel disse que você o empurra, que grita com ele e o fura. — Tati aguardou a resposta olhando nos olhos da mãe e vendo sua hesitação. — O fura com o quê?
— Eu não sei, não faço nada disso! Se eu machucasse o menino você veria marcas pelo corpo dele. É tudo mentira, ninguém tem como provar nada!
— Ainda chama o garoto de mentiroso! — Micael resmungou. — Vamos embora daqui de uma vez, essa mulher nunca mais vai encostar um dedo no meu filho.
— EU NUNCA FIZ NADA!
— ENTÃO EXPLICA ELE TER MEDO DE VOCÊ. — Gritou de volta a ela. — Estamos aqui há minutos e desde que entramos o menino escondeu a cabeça no meu pescoço e nem olhou na sua cara, Neide. Você é uma velha cruel e devia estar presa. Vamos logo arrumar as coisas, Tatiana.
— Tudo bem, vamos lá no quarto. — Tati disse baixo e andou na frente até o quarto, com Micael ao seu encalço. — Acho que ela é realmente culpada. — Tati se sentou na cama, em choque.
— É claro que é. — Colocou o menino no chão. — Mas não se culpe por isso, sabemos que existe gente ruim no mundo, mas é dificil imaginar que estão debaixo do nosso teto. — Abraçou a ex-mulher.
— Como eu não vou me culpar por deixar meu filho exposto a esse tipo de situação? Como eu não enxerguei? Como nós não enxergamos? Poxa vida, essa mulher nunca me fez mal, como odeia tanto o meu filho a ponto de fazer isso?
— Será que ela nunca te machucou, ou você não tem memórias da época que ela te machucava?— Ergueu uma sobrancelha. — Digo, se ela fez e você tinha três anos, duvido muito que se lembraria.
— Tá legal, não quero mais falar sobre isso, vou ajeitar um pouco de roupa e depois, quando eu tiver um lugar pra ir, levo o restante. — Disse ao pegar uma mala no alto do guarda roupa. — Preciso é financiar uma casa logo, não aguento ter que ficar me mudando toda hora.
— Se quiser eu posso te ajudar com isso, você sabe que sempre pode contar comigo. — Ela se virou pra ele e sorriu. — Estou falando sério, eu ajudo você a comprar uma casa pra morar com Miguel.
— Você não acha que a Sophia vai se importar?
— Se importar com o quê? Com eu ajudar a pôr um teto sobre a cabeça do meu filho? Claro que não. — Rolou os olhos. — Até parece que você não a conhece, capaz de ficar brava comigo se eu não ajudar.
— Depois da discussão de hoje.
— Ah, nem inventa, ela com certeza não levou nada pro coração. Vocês são amigas. — Ele rolou os olhos. — Vamos logo, vou te ajudar com essa mala, pra gente sair daqui. Esse dia está absurdamente longo, já tive muitos sentimentos hoje.
— Com certeza é o aniversário mais emocionante na sua vida. — A mulher começou a pegar as roupas no armário. — Foi de zero a cem muito rápido.
— Quase enfartei umas duas vezes no mínimo. — Contou rindo enquanto dobrava as roupas que Tatiana lhe dava. — Mas o saldo final, acho que foi positivo.
— Claro que foi, você conseguiu o que queria há quase oito anos, a Sophia de volta. — Tinha um sorriso, mas seu olhar era triste.
— Não fala assim, Tati.
— Não falei nenhuma mentira. — Deu de ombros. — Mas também, não quero entrar nesse assunto agora. Quero ir logo embora, tomar banho e descansar. Será que podemos?
— Tudo bem. — Foi só o que respondeu e continuou a dobrar as roupas que lhe eram entregues.
Quando saíram do quarto, felizmente Neide não foi vista, Tatiana não fez questão de procurar pra se despedir.
Os dois estavam em carros diferentes, Micael foi na frente mostrando o caminho e não era muito longe.
— Você quer que eu suba com você? — Disse ao deixar a mulher na portaria. — Posso te mostrar os cômodos.
— Não precisa, são mais de oito da noite, vai logo curtir o que restou do seu aniversário. — Ele sorriu. — Eu vou me virar e qualquer coisa te ligo.
— Tá bom, liga mesmo. — Abraçou Tatiana e o filho, lhes deu um beijo na testa e então entrou no carro, indo embora em seguida.
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Segunda Chance
Storie d'amoreApós um trágico acidente durante uma viagem de casal, Sophia acabou entrando em coma. Micael, seu marido passa a viver em função da esposa meses após meses, anos após anos. Deixando a pequena Maitê, filha do casal, um pouco de lado. Ele finalmente...