Capítulo 66

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— É sério que vocês estão felizes, dançando e se beijando as sete da manhã? — Maitê chegou na cozinha com os cabelos pro alto e a cara amassada, ainda estava morrendo de sono. — Limites!

— Por que você acordou tão cedo? — Micael perguntou à filha, ainda abraçado a Sophia. — Fizemos barulho?

— Não, eu acabei acordando e quis vim ver se você tava aqui ainda. — Ele sorriu pra filha. — Ou se tinham brigado ontem e você foi embora.

— Não acredita mesmo na gente, né? — Sophia brincou, ainda com os braços de Micael em volta da sua cintura. — Estamos bem, Maitê.

— Acreditar, eu até acredito, mas como é que vamos saber até quando dura? — Os dois deram risada e Sophia se soltou para dar um abraço na menina. — O que eu posso fazer? Vocês me traumatizaram.

— Logo, logo você acredita na gente. — Micael voltou a fazer suas panquecas. — Vai ver no dia a dia.

— Mais do que já estou vendo vocês se agarrando? — Disse prendendo uma risada, sabia que o pai ficaria irritado com sua próxima fala. — Estou começando a ficar curiosa com beijo na boca, vocês ficam se agarrando o tempo todo, deve ser ótimo!

Um segundo se passou e o que a menina disse fez sentido na cabeça do pai. Micael se atrapalhou com a espátula, a frigideira e tudo foi parar no chão em instantes.

— Você ficou maluca? — Ele disse baixo, mas se via que estava pronto pra mudar de cor. — Tem dez anos, vai brincar de boneca garota. — Abaixou pra pegar as coisas que haviam caído.

— Mas é o exemplo que vocês tão me dando. — Ela argumentou, implicando ainda mais com o pai, que só lhe deu um olhar fulminante.

— Maitê, você vai fazer o seu pai infartar. — Sophia disse soltando a risada que fez esforço pra prender. — Não faz isso!

— Ele é muito ciumento, não sei como você aguenta. — A menina disse encarando a mãe. — Estou brincando, papai lindo. Não quero beijar a boca de nenhum garotinho por aí, fique tranquilo.

— Eu acho que você adora brincar com fogo, até o dia que vai se queimar. — Falou ainda sério, não recuperado da brincadeira. — Abusada.

— Você escovou os dentes? — Sophia perguntou a filha que negou com a cabeça. — Então vai, já já fica pronta a panqueca. — A menina saiu dali, mas não foi escovar os dentes, ficou escondida atrás da parede pra implicar com o pai mais uma vez. — Quer parar de se estressar atoa? — A loira foi até ele com um sorriso. — Ela estava claramente brincando.

— Isso não é brincadeira. — Disse ainda chateado.

— Micael, ela tá muito nova ainda, mas você sabe que esse momento vai chegar, não é? — Ergueu uma sobrancelha pra ele. — Ela vai crescer e beijar bocas por aí, não vai poder fazer uma cena.

— Não quero me preocupar com isso agora. — Franziu a testa.

— Tá bom, dá aqui um beijinho pra passar a chateação. — Assim que seus lábios encostaram,  Maitê surgiu dando um susto nos dois. — Aí menina, pelo amor de Deus! — Sophia colocou a mão no peito e encarou a menina que ria sapeca.

— Tá vendo, deve ser ótimo, não podem ficar sozinhos que tem beijo! — Implicou de novo e viu o pai respirar fundo.

— Maitê, eu vou socar a sua cara! — Ameaçou e avançou pra dar um susto na garota, que subiu correndo dando risada. — Sua filha está numa idade insuportável hein.

— Para de levar isso a sério. — Sophia estava escorada na pia, com os braços cruzados e um sorriso no rosto. — A outra opção é deixar de me beijar o tempo todo, assim ela não vai mais pegar no flagra.

— É ruim hein, agora que eu tenho você de volta pra eu poder beijar a hora que quiser? — Disse se aproximando e puxando a mulher pela cintura. — Infelizmente vou ter que trancar sua filha no quarto pra sempre.

— Que coisa horrível de se dizer. — Seguia bem humorada, com os braços ao redor do pescoço do namorado.

— Que tal a gente tirar férias da Maitê? Acho que a minha mãe ia amar ficar com ela, tipo, um mês. — Brincou e a loira deu risada, mas Maitê que havia escovado os dentes a jato ouviu aquilo e não gostou nadinha.

— Você quer me mandar pra longe? — Tinha os olhos cheios de lágrimas enquanto tentava prender o choro. — Só por causa de uma brincadeira?

— Menina, você escovou os dentes direito? — Ele a encarou sério.

— De que importa, você quer me tirar daqui. — Disse extremamente chateada. — Eu não sabia que você me odiava.

— Ficou doida foi? Eu estava brincando, assim como você.

— Não estava nada! — Falou alto. — Ontem minha mãe queria me despachar pra minha vó Branca, hoje você quer que eu passe um mês com a vó Tônia. Vocês me odeiam e acham que eu atrapalho.

— Não precisa disso, Maitê. — Sophia se aproximou pra tocar em seu braço. — Ninguém vai mandar você pra lugar nenhum. Era uma brincadeira.

— Brincadeira uma ova. — Puxou o braço antes que a mãe encostasse. — Vocês se entenderam e eu não importo mais, já entendi. Não se preocupem. — Ergueu as mãos e subiu as escadas correndo de novo. Os dois se encararam e Sophia viu o moreno rolar os olhos sem saco.

— Não faz essa cara pra menina. — Repreendeu e o viu voltar pras panquecas. — Tadinha, ela tem razão pra achar isso.

— Claro que tem, tá crescendo e ficando uma chata. — Rebateu com um dar de ombros. — Vai passar esse drama já já.

— Para com isso, vai lá conversar com ela. Deixa que eu termino as panquecas. — Apontou escada acima e o viu erguer uma sobrancelha. — Ela vai começar a me rejeitar, sabia?

— Te rejeitar por quê? Ela te ama, se fosse pra rejeitar, tinha sido quando acordou. — Mais uma vez deu de ombros, parecia que só sabia fazer aquilo.

— Porque ela tá se sentindo trocada. Eu realmente queria que ela fosse pra minha mãe ontem e hoje ela ouviu a sua brincadeira. Vai começar a achar que não tem espaço pra ela aqui. Vai odiar a gente junto.

— Quem está fazendo drama é você. — Deu risada desacreditada, mas fechou assim que a olhou e viu a expressão séria. — Que isso, amor!

— Vai conversar com ela antes que me odeie e tenha ciúmes da gente junto.

— Ok, você venceu. — Ergueu as mãos pro alto, rendido. — Vou falar pra ela como é chata! — Brincou e recebeu um olhar fulminante de Sophia. — Brincadeira, é brincadeira, meu amor. — Roubou um selinho e subiu as escadas correndo até o quarto da filha.

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