Micael e Sophia chegaram na casa da loira logo depois que o assunto no carro havia sido encerrado.
Miguel entrou em casa de mãos dadas com Sophia, na maior boa vontade. A loira o levou até o sofá.
— João, a tia Sophia pode olhar você? — Perguntou baixinho. — Prometo que não vai doer, tá bom?
— Não pode. — Ele estava sentado com as mãos em cima das pernas, como um menino bem comportado.
— Não pode olhar? Mas a tia só quer ver se está tudo bem! — Maitê e Micael olhavam um pouquinho afastados. — Vamos conversar enquanto a tia olha, prometo que não conto pra ninguém. — O menino pareceu considerar enquanto via a mulher desabotoando sua camisa. — Conta pra tia quem é que dá banho em você?
— Vovó.
— Só a vovó? — Ele balançou a cabeça positivamente. — E a vovó faz algo que machuca?
— Faz. — Respondeu baixinho. — A vovó tá sempre com raiva.
— Conta pra tia, o que aconteceu? — Insistiu observando o menino sem camisa, procurando por hematomas ou machucados.
— Ela empurra. — Sophia ergueu o olhar pra Micael, que tinha claramente um olhar culpado. — Belisca eu também. — Continuou contando como se só tivesse os dois ali. Sophia encontrou algumas marcas no corpo do menino, mas não eram tão fortes, facilmente passariam por machucados referente a alguma queda normal para a idade. — Ela grita muito, tia. — O menino de três anos que raramente falava havia confiado em Sophia. — Fura também.
— Como assim, fura? — Perguntou mantendo o tom baixo, mesmo querendo extrapolar, não podia assustar a criança. — Fura onde? — O menino apontou pras coxas e pros braços. — Vai ficar tudo bem, tá bom? — Ele balançou a cabeça positivamente. — Ninguém vai te machucar mais. — O menino sorriu, esperando que Sophia colocasse a roupa de volta nele. — Maitê, que tal você levar o seu irmão pra comer um pedaço do bolo de chocolate que a mamãe fez ontem?
— Vamos lá, Miguelito. — Esticou a mão pro irmão que foi correndo.
— Mas que velha filha da puta! — Ele finalmente soltou. — Vontade de esganar essa mulher.
— Sinceramente, estou me perguntando como é que você e Tatiana não viram isso! Quantos meses fazem desde que ela saiu de casa? No mínimo uns quatro. Mas e antes disso? Esse menino deve sofrer desde sempre. Capaz de ser por isso que ele não fala.
— A gente sempre trabalhou muito. — Se sentou no sofá, lembrando de como era. — Ele sempre ficou com a Natália ou na creche, mas em algumas ocasiões ia pra lá.
— Será que a Tatiana sabe? — Soph perguntou e viu Micael negar com a cabeça.
— Ela jamais permitiria uma coisa dessa! Tatiana não fala alto, não levanta um dedo pro menino. Duvido que permitiria que outra pessoa fizesse.
— Pois então está na hora de contar, ela não pode morar com ele na casa dessa mulher e muito menos permitir que ele fique perto dela.
— Mas é lógico que eu não vou permitir uma coisa dessa. — Levou as mãos a cabeça. — Como é que eu nunca percebi essa merda?! — Refez a pergunta que a pouco a loira tinha feito pra ele. — Eu sou um péssimo pai.
— É importante ouvir as crianças, sabia?! Se ele não gosta de alguém, tem que saber o motivo e não achar que é frescura. — Antes que ele respondesse, ouviram a campainha e sabiam que era Tatiana.
A loira caminhou pra abrir a porta, tendo certeza que a mulher já teria passado pelo portão. E quando foi aberta, o furacão Tatiana entrou na casa sem nem ao menos ser convidada.
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Segunda Chance
RomanceApós um trágico acidente durante uma viagem de casal, Sophia acabou entrando em coma. Micael, seu marido passa a viver em função da esposa meses após meses, anos após anos. Deixando a pequena Maitê, filha do casal, um pouco de lado. Ele finalmente...