No dia seguinte, os dois entraram juntos no hospital de mãos dadas, para mais um plantão diurno. Jorge havia os passado definitivamente para aquele horário e nenhum deles pegava mais a noite.
Se separaram no meio do caminho, como em todas as vezes trocaram um selinho e Micael caminhou até o quarto de Miguel.
O menino estava ótimo, Sebastian estava ali de volta, conversando com Tatiana sobre uma possível alta dentro dos próximos dias e a mulher tinha um sorriso aberto.
Trocaram um breve cumprimento e o médico saiu do quarto. Tati emocionada deu um abraço em Micael e logo se afastou. O moreno foi dar um beijo no filho e ficou no quarto com ele alguns minutos, então teve que iniciar seu plantão.
Pra começar bem o dia, resolver buscar um cafezinho na lanchonete, na volta, na frente da porta da sala de fisioterapia, Danilo conversava com uma das enfermeiras e o papo parecia bom.
— Com licença, Larissa. — Se aproximou com um tom sério e terminou de tomar seu café. — Preciso trocar uma palavrinha com o Danilo aqui. — A menina assentiu. — Pode jogar fora pra mim? — Lhe estendeu o copinho descartável e observou a mulher sair de perto deles.
— O que temos pra conversar? — Danilo perguntou sem paciência alguma. — Vai falar da Sophia e do feto sem pai que ela carrega por aí? — Deu uma risada.
— Sem pai né? — Micael entrou na onda. — Ela tá lá tentando arranjar um trouxa pra essa criança.
— Eu falei exatamente isso! Essa mulher é doida se acha que eu vou cair nesse golpe manjado. — Rolou os olhos ainda se divertindo.
— Eu também não cai, vai saber com quem ela transou, não é mesmo?
— Pois é, cara! — Danilo deu risada. — Eu sei que foi sua esposa, mas o que tem de gostosa, tem de vagabunda e fácil. — Micael trincou o maxilar ao ouvir as coisas que ele dizia. — Deve ter te falado que você é o pai e como você não caiu, veio pra cima de mim. Puta interesseira.
— Puta? — Perguntou se segurando ao máximo.
— Puta! — Afirmou e então Micael deu risada, tal qual um psicopata, antes de fechar a mão em punho e socar a cara de Danilo. — Que isso, cara? — Perguntou com a mão no nariz, até meio zonzo. — Achei que tivéssemos nos entendendo. — E Micael foi pra cima, acertou mais dois socos antes de ser segurado por funcionários do hospital. — Você é maluco!
— VOCÊ É UM DOENTE! — Trincou novamente o maxilar. — Como é que tem coragem de abrir essa boca imunda pra falar da Sophia?
— Ah não fode, essa vagabunda arma pra mim e eu tenho que aceitar de boa? — Ficou de pé, amparado pelos amigos.
— Arma pra você? O que ela quer tirar de você, garanhão? Quatrocentos reais de pensão? A Sophia não precisa de você!
— Então veio me falar por quê? Ela quer sim um trouxa pra assumir o filho dela e pagar pensão. — Micael se soltou e conseguiu acertar mais dois socos em Danilo. — Você me bater não vai mudar a realidade, ela é sim uma puta fácil!
— Que puta o que, meu filho. A Sophia estava solteira, uma mulher solteira fica com quem e quantos quiser, deixa de ser idiota! — Algumas mulheres que estavam ali atrás de Danilo se afastaram um pouco. — Você fica chamando ela de fácil, só que na realidade o fácil é você.
— Ah, pelo amor de Deus, essa mulher deu pra mim dias depois que nós conhecemos.
— Não interessa com quanto tempo aconteceu. Ela queria, isso não a torna fácil. Deixa de ser maluco, porra. Assume as consequências dos seus atos, você foi moleque em transar sem camisinha, agora não vem dizer que é interesse.
— Claro que é. — Tirou a mão do rosto machucado. — Ela vai querer que eu sustente ela.
— Se manca, otário. Seu salário não compra nem as roupas que a Sophia usa. — Jogou na cara. — Você jamais poderia sustenta-la. — Se não tivesse ninguém o segurando, já tinha voado novamente em cima dele. — Ela trabalha e ganha bem o suficiente pra ser independente e criar o filho dela, ela não foi falar com você por interesse, foi falar porque cogitou que talvez você quisesse saber dessa criança.
— Eu não quero saber de ninguém.
— E um favor que você faz a mim, a Sophia e principalmente, ao bebê. Ninguém merece ter um pai como você. Pode ter certeza que eu vou ensina-lo a ser homem de verdade, se for um menino.
— Isso boi, vai lá e assume mesmo. — Deu risada, Micael sentiu as mãos que tinham sobre si sumirem e olhou pra trás, todo mundo o tinha soltado e então ele sorriu, voando em cima do homem novamente para mais uma sessão de socos e chutes. Aquilo com toda certeza traria problema.
— MICAEL, PELO AMOR DE DEUS! — A voz de Sophia foi ouvida e ele parou com aquilo. — VOCÊ ESTA NO HOSPITAL, NÃO PODE FAZER ISSO!
— Se você ouvisse as coisas que ele falou de você. — Ficou de pé e se afastou do homem caído no chão. — Ele mereceu essa surra.
— Chega, por favor! — Pediu juntando as mãos e implorando.
— Levem esse lixo pra emergência. — Ordenou e alguns foram ajudar a colocar o homem de pé. — Quando estiver bom, vai direto pro prédio do RH. Não quero que você pise nesse hospital durante toda sua vida. — Avisou e viu o homem ser carregado, caminhou pra sua sala e Sophia o acompanhou. — Esse filho da puta me tirou do sério.
— Se ele for na polícia não quero nem ver o que vai te acontecer.
— Como se eu tivesse medo desse idiota! — Socou a mesa e assustou a loira. — Eu queria esganar!
— Todo mundo ouviu a discussão de vocês por conta da paternidade do meu filho. Eu vou ser fofoca pra todo esse hospital, Micael. — Falou com olhar triste e o moreno suspirou. — Eu sei que você só quis me defender, mas socar a cara do Danilo aqui dentro não foi certo.
— Eu sei que não foi certo, eu juro que tentei me controlar. Eu o chamei pra conversar e dei corda pra ver o que ele falaria. — Apertou a ponte do nariz. — Ele é nojento!
— Mas agora não vai ter só ele me chamando de puta por aí, não queria toda essa exposição. — Micael arriou os ombros e caminhou até ela lhe dando um forte abraço.
— Me perdoa. — Deu um beijo em sua cabeça. — Nunca foi a intenção te expor, eu só perdi o controle por conta das coisas que ouvi por aí. Você sabe que não precisa dizer por aí que não sabe quem é o pai do bebê. Diz que é meu e pronto, ninguém tem nada a ver com a nossa vida.
— Depois dessa discussão, ninguém mais vai acreditar nisso e por mais que eu não ligue pra opinião dos outros, andar pelos corredores sabendo que eu sou o assunto, não me deixa nada empolgada.
— Me desculpe, de verdade. Nunca foi minha intenção.
— Eu sei que não é. — Ergueu a cabeça e lhe deu um selinho. — Eu amo você, se controla daqui pra frente se ouvir algo, tá legal? Se a gente não der Ibope, tenho certeza que vai passar rápido.
— Darei o meu melhor pra isso. — Piscou um olho e então Sophia riu. — Do que está rindo?
— Fora o fato de ter sido errado, você deu a maior surra nele, confesso que foi satisfatório vê-lo no chão. — Micael se afastou dando risada e então mostrou a mão. — Isso deve estar doendo pra caramba.
— Está! — Os nós dos dedos estavam machucados. — Mas super valeu a pena.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Segunda Chance
RomanceApós um trágico acidente durante uma viagem de casal, Sophia acabou entrando em coma. Micael, seu marido passa a viver em função da esposa meses após meses, anos após anos. Deixando a pequena Maitê, filha do casal, um pouco de lado. Ele finalmente...