— E então meu amor, o que achou do seu aniversário? — Sophia perguntou já dentro do carro. Miguel estava apagado na cadeirinha e Micael em silêncio, concentrado no trânsito e pensando em tudo o que Sophia havia lhe dito.
— Foi incrível e o melhor de tudo foi que vocês não brigaram! Então deu pra aproveitar bem. — Maitê disse arrancando risadas apenas de Sophia. — Estou exausta!
— Vamos passar na casa do seu pai pra buscar minha caixa de lembranças e então a mamãe chama um carro pra levar a gente, tá bom?
— Meu pai não pode levar a gente em casa? Aposto que vai levar o Miguel. — Cruzou os braços com um bico. Ele mais uma vez não respondeu. — Não vai falar nada?
— Se a sua mãe não quer carona, eu não posso fazer nada, Maitê.
— E eu trouxa achei que tudo tinha ficado bem, mas vocês claramente brigaram. — Jogou a cabeça pra trás e fechou os olhos. — Nunca vamos ser uma família de verdade. — Resmungou e os pais se encararam um instante, ainda em silêncio.
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.Ao chegarem na casa de Micael, a menina desceu, e aguardou a mãe do lado de fora, ainda chateada com os pais. Micael tirou o filho da cadeirinha que acordou na hora.
— Vamos logo pegar essa caixa idiota. — Maitê disse com raiva. — Pode inclusive já chamar outro carro, quero ir pra casa.
— Ei, para de agir assim, eu e seu pai fizemos nosso melhor, não é justo você agir como uma criancinha mimada e pirracenta só porque não saiu tudo exatamente como você queria. — Sophia brigou com a menina que manteve o bico.
— Tá bom, me desculpe.
— Entra, Maitê. — Micael passou na frente e abriu o portão. A menina veio atrás contrariada e Sophia fechou o portão, pois foi a última.
Maitê desfez o bico na hora quando ouviu um coro de "surpresa" assim que passou pela porta. Tatiana e Branca haviam organizado uma linda festinha da Barbie pra menina que nem esperava por aquilo. Toda família estava ali pra comemorar com a menina mais um ano de vida.
— Pensei que não ia ter festa. — Ela se virou pra mãe com um largo sorriso. — A gente não tinha combinado o passeio?
— E você acha mesmo que eu ia deixar de te dar tudo o que você merece logo no nosso primeiro aniversário juntas de verdade? — A menina foi dar um abraço apertado na mãe.
— Eu te amo, mãe, sério!
— E foi só a sua mãe que armou tudo né? — Micael disse ao botar o Miguel no chão, que correu pra mãe no mesmo instante. — Não tem pai, vó, tia Tati?
— Mãe, meu pai está muito carente! — Maitê debochou e foi pra perto do pai. — Eu ia agradecer vocês também, só que ter a minha mãe nesses momentos é novidade, não precisa de ceninha de ciúme.
— Sei. — Abriu os braços e lhe deu um abraço apertado. — Feliz aniversário, meu amor.
— Obrigada, pai! — Tatiana apareceu ali com uma caixinha de presente embrulhada e entregou a Micael. — Foi você que comprou o meu presente de novo tia?
— Não, dessa vez seu pai comprou sozinho, a tia só embrulhou e guardou. — Micael lhe entrou a caixinha e a menina abriu no mesmo instante. — VOCÊ FINALMENTE RESOLVEU ME DAR UM IPHONE?
— É, agora você tem idade pra ter celular. — A menina deu pulos de alegria, muito empolgada com a situação. — Vai achando que a gente não vai regular o tempo que você gasta nesse troço e com quem você fala.
— E complemento dizendo que se as notas caírem, você vai ficar sem de novo. — Sophia disse e a menina parou um instante e encarou a mãe.
— O estraga prazeres aqui é ele, mãe. — Arrancou mais risadas das pessoas ali.
— O estraga prazeres acabou de te dar um presente caríssimo, e a sua mãe não te deu nada! — Acusou e Sophia mandou língua.
— Minha mãe estar aqui, acordada e participando disso já é o meu presente. Já que vocês dois em paz não rolou.
— Vai achando que um celular é mais importante que a mamãe aqui. — Sophia implicou e Micael a encarou achando graça. — Mas, a mamãe também trouxe presente, que foi comprado com o dinheiro do papai, mas é meu. — E Tatiana como uma assistente de palco, entregou a Sophia o pacote um pouco maior. — E o meu presente é maior.
— Ser maior não significa ser melhor. — Ele respondeu achando graça. — E você mesmo disse, fui eu que comprei. São dois presentes meu!
— Nada disso, você pagou, eu comprei. Se liga. — deram risadas. — Abre meu amor, tenho certeza que vai gostar mais.
A menina sentou no chão pra abrir e tirou da caixa o novo notebook. Também vibrou de alegria, já que o que tinha era bem velhinho.
— Vou jogar vários jogos de vestir a Barbie. — Comentou abraçando a mãe.
— E também pode usar pra estudar, não é? — Micael disse e a menina o olhou sério.
— Te disse que ele é o estraga prazeres. — Fingiu cochichar com a mãe. — Vocês dois se merecem.
— Que isso filha, estudar é legal! — Sophia recebeu um olhar sério da menina. — Você pode começar a escrever histórias na internet, sabia? Vai ajudar a evoluir seu vocabulário.
— Eu vou escrever sobre o quê? Você, meu pai e o quanto se odeiam?
— É, talvez esteja cedo, quem sabe depois. — Ela apertou as bochechas da filha. — Agora vai cumprimentar as pessoas e ver o resto dos presentes.
A menina assentiu e foi, abraçar os avós, os tios e alguns amiguinhos que estavam ali na festinha. Recebeu de Tatiana os patins que tanto queria, recebeu roupas, alguns brinquedos, ficou lotada de presentes e curtiu muito a festinha.
Todos tiraram fotos com a pequena na mesa do bolo e num instante a menina exigiu Micael e Sophia juntos na mesma foto.
Tiraram também uma com Miguel.— Sophia, você já sabe quando é que vai voltar a trabalhar? — Aquela altura, o parabéns já havia sido cantado e a maioria das pessoas que não eram da família, e alguns que eram, já tinham ido embora, inclusive Tatiana, Miguel e os irmãos de Micael. Jorge, Branca, Sophia, Micael, Antônia estavam sentados no sofá, Maitê estava sentada um pouco distante mexendo em seus presentes.
— Mais cedo do que você imagina. — Ela disse com um sorriso aberto e Micael a encarou surpreso.
— Que? Como assim? Você não me falou nada a respeito! — Ela o olhou com deboche.
— Parei de te dar satisfação faz tempo, se lembra? — Disse bem humorada.
— Você vai ingressar a minha equipe, sobre isso me deve satisfação sim!
— Ah, dá um tempo. — Rolou os olhos.
— Foi por isso que você pediu a casa? Pra morar perto do trabalho? — Falou baixo e Sophia assentiu, deixou os outros sem entender. — Eu igual um idiota achando que era porque você gostava daqui.
— Mas eu gosto daqui, inclusive, eu espero que saia até o mês que vem.
— Perai, você vai voltar pra cá? — Branca perguntou com olhos arregalados. — E me fala assim?
— Mãe, como eu vou morar lá longe e vir trabalhar todos os dias? Dirigindo? Vai ter medo não? Quero ver se eu bater o carro.
— Quer parar de falar merda! — Micael falou grosso, odiava aquele tipo de brincadeira.
— Estressadinho. — Foi só o que disse e ergueu as mãos em rendição. — Me desculpe. — Se virou pra Jorge. — Já dei entrada no CREMERJ para regularizar meu CRM. Se Deus quiser vou conseguir meu CRM de volta e junto com ele recomeçar a minha vida!
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Segunda Chance
RomanceApós um trágico acidente durante uma viagem de casal, Sophia acabou entrando em coma. Micael, seu marido passa a viver em função da esposa meses após meses, anos após anos. Deixando a pequena Maitê, filha do casal, um pouco de lado. Ele finalmente...