Capítulo 75

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— Como assim não ser do Micael? Você transou com mais quem sem se cuidar? — Tatiana se sentou novamente, ainda em choque. — Conta a fofoca, menina!

— Com o Danilo. — Disse nada orgulhosa de si.

— Danilo, o fisioterapeuta? — Perguntou de boca aberta novamente. — VOCÊ TRANSOU COM DANILO SEM CAMISINHA?

— Tá eu sei que foi irresponsabilidade minha!

— Sabe quantas doenças você pode ter pegado? Danilo é um galinha!!! — Disse alto com seu tom de repreensão. — Eu disse pra você se divertir com ele e não fazer um filho!

— Não peguei doença nenhuma! — Se defendeu. — Nós começamos até usando, mas depois de algumas vezes deixamos de lado.

— Quantas vezes transaram, hein? — Perguntou curiosa. — Pra deixar a camisinha de lado assim, parece sério.

— Ele me pediu até em namoro. — Contou e viu novamente Tatiana de boca aberta. — Que cara é essa? Eu disse que não, óbvio! Ficamos muitas vezes, só teve fim quando eu me mudei pra cá.

— Sophia do céu, se esse seu bebê tiver mais de três meses, é dele com certeza. — Tati levou a mão a boca. — Você não sabe a merda que fez da sua vida!

— Eu e Micael até tivemos uma recaída nesse mesmo período, logo no início que voltei pro hospital, mas foi só uma vez, será que é o suficiente pra se ter dúvidas?

— Pode existir a dúvida, mas as chances reais são poucas e você sabe, senão não estaria tão nervosa. — Comentou. — E se você deixar isso pra lá e fingir que nunca aconteceu?

— Como assim?

— Conta pro Micael que tá grávida e diz que o filho é dele, omite a parte que pode ser do Danilo e pronto, segue sua vida. É um favor que você faz pra sua criança.

— Eu não posso fazer isso, se for do Danilo ele merece saber que vai ser pai e o Micael não merece ser enganado dessa forma.

— Ele é ciumento demais pra aceitar de boa você grávida de outro homem. — Tatiana constatou e finalmente as lágrimas que estavam no rosto de Sophia rolaram soltas. — Me desculpa, eu não quis dizer isso, você aceitou o Miguel, ele também vai aceitar o seu bebê.

— Não é assim que funciona. Ele vai dizer tudo aquilo sobre não saber se eu ia acordar um dia como argumento. Não sei nem dizer se é válido ou não, mas eu até consigo ouvir ele me dizendo isso. — Resmungou.

— Eu queria poder te ajudar com isso, mas infelizmente não tem muito o que dizer. — Tati lhe deu um abraço apertado. — Pensa direitinho no que fazer.

— Vou esperar o Miguel melhorar e então tomar coragem pra contar. Tava tudo tão lindo, tem tão pouco tempo que a gente se entendeu, isso não é justo.

— Não é, mas vai dar tudo certo, não chora não. — Tati secou as lágrimas do rosto de Sophia. — Você sabe que tudo o que sente, seu bebê sente também.

— Eu sei, mas é muita coisa na minha cabeça. — Fungou, tentando se recompor. — Desculpa despejar isso pra você numa hora tão difícil. É que eu não tenho muito com quem conversar.

— Não tem problema, a vida adulta é assim, né? Quando duas amigas sentem pra conversar parece até uma disputa de problemas! — Brincou e então se lembrou do filho e soltou um suspiro. — Vou comer logo pra poder voltar ao hospital, preciso ver meu filho! — Sophia assentiu e ficou sozinha algum tempo, logo a campainha tocou e ela sabia que era sua filha.

— Oi, Mãe! — A menina entrou com um sorriso e abraçou a mãe. — Por que eu tive que vir pra cá?

— Oi, meu amor. — Lhe deu um beijo no topo da cabeça e então olhou a babá. — Muito obrigada, Nana. — A mulher cumprimentou e foi embora, Sophia fechou a porta e as duas caminharam pra dentro.

— Meu pai está aqui também? — Perguntou olhando para os lados enquanto as duas iam pra sala. — Que cara é essa?

— Maitê, você me afoga com tanta pergunta! — Disse baixinho. — O seu irmão acabou passando mal de madrugada e está internado no hospital. — Sophia contou com a voz mais doce que pode, pra suavizar o baque pra menina. — Seu pai está no hospital com ele, nós estamos aqui pra ajudar a tia Tati.

— Mas o que aconteceu? Ele tá bem? Miguel não vai morrer né? Meu pai volta pra casa hoje ainda? Eu quero ver o meu irmão! — Encheu Sophia de perguntas mais uma vez. — Responde, mãe!

— Não dá, você faz tantas perguntas que quando chega na última eu já esqueci as primeiras! — Se defendeu. — Seu irmão está bem, na medida do possível! Está recebendo cuidado e muito amor do seu pai e da mãe dele. Você ainda não pode visitar porque só os pais podem entrar onde ele está.

— Então é grave!

— Ele está bem, confia em mim, tá bom? — Pediu e a menina assentiu. — Quando ele puder receber visitas, eu vou levar você até ele.

— Poxa vida, tia Tati deve estar péssima! — A menina disse magoada e Sophia sorriu. — Tadinho do Miguelito.

— Ela está muito triste, que tal você ir até a cozinha e dar nela um abraço bem apertado? — A menina levantou do sofá num pulo e foi até a cozinha, Sophia foi atrás e chegou a tempo de ver as duas abraçadas. Tinha um ciúme absurdo de Tatiana, mesmo que soubesse que ela nunca tentou roubar seu lugar em relação à Maitê. Gostava que a filha tivesse sido bem tratada e recebido amor enquanto não podia dar, mas o ciúme estava ali, não podia negar.

— Vai ficar tudo bem com o Miguel. — Maitê disse olhando nos olhos da ex-madrasta. — Ele é forte como meu pai, vai sair dessa!

— Vai sim, meu amor. Logo seu irmão vai estar aqui correndo pela casa e me deixando de cabelo em pé, tenho certeza. — Forçou um tom de brincadeira e então a menina se afastou, permitindo que Tatiana terminasse de comer.

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Mais tarde naquele dia, Sophia estacionou o carro e saiu junto com a filha, entregando a chave a Tatiana.

— Entrega ao Micael pra mim? — A mulher franziu a testa sem entender. — Eu não sei que horas ele vai sair daí hoje, então vou pra casa com a Maitê de táxi, avisa a ele por favor.

— Ah, sim! Pode deixar que eu aviso sim. — Deu um abraço em Sophia. — Aproveita pra pensar direitinho no que fazer. — Cochichou em seu ouvido e então se afastou. — Obrigada pela ajuda, Sophia. Você é uma amiga incrível.

— Eu fiz o que você faria por mim. — Sorriu e se despediu, e então foi atrás de um táxi pra ir embora com a filha.

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