Capítulo 50

585 45 30
                                    

Sophia voltou pra sua sala espumando de raiva daquela atitude infantil de Micael, mas não daria o braço a torcer.

Se sentou em sua mesa e avisou que começaria a atender, logo fichas foram levadas a ela e iniciou seu plantão.

Conseguiu distrair a mente por conta do fluxo intenso de atendimento, mas conforme a madrugada chegou, os atendimentos foram ficando mais espaçados e o beijo que ela havia visto o moreno dar naquele mulher voltou a preencher sua mente.

Perto das três da manhã, mais tarde do que qualquer médico escolheria, ela resolveu tirar sua hora de descanso. Num horário tarde para não correr risco de encontrar Micael pelos corredores ou na sala de descanso.

Avisou as meninas da recepção que estava saindo e então caminhou hospital a dentro bebendo um Toddynho. Perto da sala de descanso, acabou hesitando com medo de encontrá-lo ali, mesmo estando tarde, e não conseguir disfarçar que realmente ficou incomodada com aquela situação, então teve a ideia de ver se o seu antigo quarto ainda estava livre.

Perguntou às meninas da ala de internação que confirmaram, então ela agradeceu, passando sem dar satisfação do que faria naquele quarto e não na sala de descanso.

Entrou, confiante de que teria uma hora de descanso e poderia até cochilar, mas não esperava encontrar lá dentro a pessoa de quem fugia.

— O que diabos está fazendo aqui? — Disse após se recuperar do susto que havia levado.

— Posso lhe fazer a mesma pergunta. — Ele deu de ombros, estava sentado na poltrona de acompanhante, de frente a cama vazia como se tivesse velando alguém que não estava lá.

— Por favor me diz que você não está aqui pensando em como era melhor o tempo que eu estava em cima dessa cama. — Pediu e apontou pro móvel. — Só era o que me faltava.

— Ficou louca, né? — Soltou uma risada sincera. — Passei anos desejando que você acordasse, agora você acha que eu vou ter saudade dessa época tenebrosa?

— Você mesmo já disse que preferia que eu não tivesse aberto os olhos!

— No meio de uma discussão, eu estava irritado e você nunca facilita a minha vida! Não levou aquilo a sério. — Observou a loira caminhar mais a dentro. — Eu nunca ia preferir que você estivesse em coma. 

— Pois as vezes parece que preferia sim. — Deu de ombros e o viu bufar. 

— Então me diz quando que parece? Se tudo que eu venho tentando fazer desde que você acordou é ficar bem com você? — Ele cruzou as pernas, com os olhos fixos nos dela, aguardando alguma explicação. — Eu posso até ter errado muito, mas você pode ter certeza que foi sempre tentando acertar. 

— Então você passou seis meses escondendo da minha filha que eu estava acordada por que quis acertar? Escondeu que tinha um filho, que tinha esposa... tudo isso porque queria o melhor pra mim? Nossa, eu interpretei super mal mesmo, devo ser uma idiota! Aquele beijo que você deu na Jaqueline foi tentando ficar bem comigo também? Puxa vida! 

— Quer parar com esse deboche? — Levou dois dedos até a ponte do nariz e deu um breve aperto. Tinha os olhos fechados, sem saber o que mais diria pra acabar com aquele monte de brigas que os dois protagonizavam sempre que estavam perto. — Me desculpe por aquela cena de quinta. Eu agi por impulso, não devia ter beijado outra mulher na sua frente. 

— Pelas costas pode? 

— Viu só, você não facilita a minha vida nunca! Eu estou aqui admitindo que errei, pedindo desculpas, mas parece que você não quer ficar bem. 

Segunda ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora