Capítulo 57

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— O que está dizendo? A minha Sophia? A minha Maitê? — Disse baixo, desacreditado. — Se for pegadinha, saiba que não tem graça.

— Não é pegadinha, um dos socorristas estava ainda agora lá na nossa sala de descanso contando que a Drª Borges estava no carro junto com a filha.

— TATIANA PELO AMOR DE DEUS! — E saiu correndo pelos corredores do hospital, com Tatiana ao seu encalço, precisavam de notícias, a mulher não tinha averiguado se era grave ou não, antes de contar a ele. — Cadê a Sophia? — Estava na recepção do hospital. — Responde garota, onde está a Sophia e a Maitê? — Intimidou a jovem.

— A menina está bem, não teve ferimentos, já foram feitos exames e está só aguardando um responsável lá na sala do pronto atendimento. — A recepcionista lia os dados que haviam sido escritos no prontuário após atualização médica. — A Drª Borges está internada no quarto 233.

— Tudo de novo. — Levou as mãos a cabeça, em completo desespero. — Eu não aguento tudo de novo, Tatiana.

— Calma, você não sabe o estado dela, tem que conversar com o Luiz.

— A porcaria do alarme de emergência tocou faz mais de uma hora, eu devia ter corrido pra atendê-la dessa vez, mas não mexi um dedo. — Tatiana o abraçou. — Eu não quero entrar lá.

— Nada disso é culpa sua! — Fez carinho em suas costas. — Ela deve estar bem.

— E se não estiver? Já pensou mais um coma? Mais sete anos?!

— Vamos até o quarto de uma vez? Precisamos vê-la. Tenho certeza que dessa vez ela estava de cinto e está bem. — Ele fungou, se afastou e tentou secar o rosto com as mãos.

— Pega a Maitê na emergência pra mim, eu vou atrás da Sophia. — Avisou e viu Tati assentir, sabia que a menina também ia precisar de apoio. E novamente ele saiu correndo pelos corredores do hospital.

Parou na frente da porta e respirou fundo, com medo do que encontraria ao abrir, precisou de muita coragem e então caiu de joelhos, num choro aliviado quando a viu de olhos abertos assistindo TV.

— Ei, que isso! — Ela se assustou ao vê-lo daquela forma. — Micael!

— Eu pensei que... — Não conseguia terminar nenhuma frase de tanto que chorava. A loira desceu da cama e se abaixou diante dele. — Não faz isso comigo, Sophia!

— Eii, estou bem! — Pois as mãos em seu rosto, o forçando a olhar em seus olhos. — Se acalma. Não aconteceu nada de grave dessa vez.

— Eu não vou suportar tudo de novo! — Disse agora a olhando em seus olhos. — Por favor, eu não quero te perder.

— Amor, eu tô bem! — O abraçou. — Eu estava de cinto, o airbag funcionou também. Só machuquei a testa, levei uns pontos, mas tô ótima. — Ficou de pé e deu uma voltinha.

— Por que está internada? — Fungou, a olhando debaixo a cima. — Você fez todos os exames? Ficou faltando algum? Fala que eu peço agora!

— Fiz tomografia da cabeça e da coluna. Está tudo certo, estou internada de observação, mas acho que não dura nem o dia todo. — Ele ficou de pé, segurando em suas mãos. — Se acalmou?

— Não, eu tive tanto medo. — Ela sorriu e o puxou para outro abraço. — Nunca mais eu te deixo entrar num carro, seja dirigindo, seja no carona, no banco de trás ou até mesmo no porta malas.

— Vou ser prisioneira dentro de casa? — Achou graça lhe deu seu sorriso mais tranquilizador. — Sabe que não dá.

— Já disse que não posso te perder! — Largou as mãos dela e segurou em seu rosto. — Eu nem te tenho, mas te perder dessa forma de novo... Eu não consigo imaginar a dor que seria.

— Você não me tem? — Franziu a testa. — Tem certeza disso?

— O que quer dizer? — A loira o encarou ainda com o mesmo sorriso. — Soph, você...

— Eu amo você. — Ela finalmente disse aquilo com um sorriso, Micael não identificou mágoa, revolta ou tristeza em seu tom de voz. — Eu quero você. Chega dessa guerra inútil que a gente vive.

— Eu te amo tanto! — Colocou as mãos em seu pescoço antes de iniciar um beijo calmo e saudoso. — Tanto, tanto, tanto! — Complementou ao se afastarem. — Não se afasta de mim nunca mais!

— Eu não quero e não vou. — Sorriu, recebendo mais um beijo nos lábios. A porta foi aberta e Maitê passou por ela com Tatiana, flagrando o beijo dos dois.

— EITA, RAPAZ! — A menina falou bem alto e os assustou, fazendo com que se separassem na hora. — E eu achando que minha mãe ia tá mal, mas tá bem demais né?

— MAITÊ! — Sophia a repreendeu, mas logo caiu na gargalhada. — Você ficou bem?

— Não tem um arranhão. — A menina disse contente. — E num é que meu cinto de segurança fez diferença mesmo?

— Eu sempre disse que faz. — Micael ergueu as mãos, agora se permitindo rir. Em seguida puxou a menina pra um abraço. — Vocês quase me mataram do coração hoje.

— E o motorista do carro de trás? — Soph perguntou a eles, mas os dois apenas negaram com a cabeça. — Aquele imbecil bateu em mim, merecia ser preso por isso!

— E você pode ter certeza que eu vou fazer o B.O. — Micael avisou e tirou risada de Sophia. — Eu fiz contra o motorista do caminhão, não vai ser esse Zé ninguém que vai escapar.

— Um grande protetor. — Brincou e deu risada junto com a filha. — Viu meu carro como ficou? Preciso acionar o seguro.

— Eu faço isso pra você agora. — Deu um beijo na filha, um selinho em Sophia que a fez corar, e então saiu dali, disposto a resolver toda burocracia por ela.

— Hummmmmmmmmm! — Maitê disse prendendo uma risada. — Ganhou beijinho, viu isso tia? Ou eu enxerguei demais?

— Garota você me respeita! — Repreendeu, mas logo em seguida sorriu, tinha as bochechas rosadas, envergonhada. — Vamos falar sobre outra coisa?

— Nada disso, você vai contar a fofoca pra gente!

— Não tem fofoca gente, foi um beijo. — Sorriu ao se lembrar. — Ou talvez dois, três, não tinha ninguém contando não. — Deu risada junto com elas.

— Que bonitinha ela sem graça. — Maitê zoou mais ainda.

— Maitê, você não tem idade pra me zoar não, tá ouvindo?! Sabe o que eu vou fazer? Despachar você lá pra casa da sua vó hoje.

— NADA DISSO, EU QUERO FICAR COM VOCÊS. — protestou alto e arrancou risada das duas. — Não é justo.

— Eu preciso conversar com seu pai e você vai ficar espiando, vai pra casa da vovó sim.

— Você quer namorar que eu sei. — Cruzou os braços com um bico. — Meu pai vai voltar pra casa?

— Mas é lógico que não!

— Mãe, você está muito cruel. — A criança falou com um tom de revolta que a fez rir. — É bom que vou precisar menos da Nana, já que um de vocês sempre está em casa, ou quase sempre.

— Isso não é assunto pra você não, menina. — Se sentou na cama observando a filha e Tatiana. — É assunto meu e do seu pai, só que como vamos conversar se voce não ajuda?

— Mas é chantagista! — Abriu a boca surpresa. — Tá vendo, tia? Pelo menos você não tentava se livrar de mim pra namorar meu pai.

— Maitê do céu. — Tatiana gargalhou. — Para de besteira, você pode ficar comigo se quiser, sabia? A gente pode colocar os colchões na sala, fazer cabaninha com os lençóis, comprar um monte de guloseimas e assistir filmes!

— Viu só mãe? Alguém aqui não quer me ver pelas costas! — Cruzou os braços com um bico e Sophia prendeu uma risada. — Eu aceito, tia. Vai ser muito melhor do que ficar com os pombinhos.

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