Capítulo 42

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Sophia e Tatiana pararam de implicar com Micael depois do pedido de Branca e todos tiveram um almoço em paz, mesmo que com algumas alfinetadas durante.

Logo após o almoço, todos foram para a sala. Maitê havia voltado pro quarto da avó com o irmão, ela estava vendo um filme, pausou apenas pra comer.

Batidas ecoaram e todos sabiam que era o aguardado fisioterapeuta, Micael não havia ido embora após o almoço porque queria ver a cara do cidadão novamente e como ele iria tratar Sophia.

— Olá, boa tarde! É a casa de Sophia Abrahão? — Uma voz masculina simpática perguntou e logo a resposta de Branca foi ouvida por todos. A mulher encaminhou o rapaz bem apessoado pra sala. — Oi, gente, boa tarde!

— Oi! — Disseram em uníssono, mas o de Sophia e Tatiana havia sido empolgado, diferente do de Micael.

— Tati, meu amor! — Abriu os braços pra receber a ex-namorada. — É sempre muito bom te rever.

— Também é bom te rever. — Era simpatia pura e isso deixava Micael ainda mais incomodado. — Essa daqui é a sua futura paciente. Sophia Abrahão.

— Sophia Borges. — Micael corrigiu, baixinho, não esperava que ninguém ouvisse, mas errou o tom e recebeu olhares de todos. — Que foi? O divórcio saiu e eu não sei? Tirou novos documentos?

— Grande, Micael. — Danilo se virou pra ele. — Não tinha te visto aí! — Caminhou pra perto e lhe estendeu a mão. Micael o mediu de cima abaixo e então resolveu apertar a mão do homem a sua frente.

— Claro que não tinha visto, parou o olhar só onde te interessa, não é? — Ficou de pé, Danilo era mais alto e mais forte que ele, mas não se intimidou. — Tira o seu cavalinho da chuva.

— Que isso? — Sophia protestou. — Que falta de educação é essa?

— Esse clima hostil sempre pairou entre nós. — Danilo comentou bem humorado. — Não se preocupe não, linda.

— Ética profissional passou longe, né? — Reclamou de novo. — Tatiana, arranja outro terapeuta. Não vai rolar.

— Não é você que decide isso! — Sophia protestou novamente. — Eu gostei do Danilo.

— Sou eu que decido porque sou eu que pago! — Jogou na cara e a loira respirou fundo. — E esse cara não vai ver a cor do meu dinheiro.

— Ora, Micael. Eu não estou entendendo pra que tudo isso? Você está com ciúme da Sophia sendo a que a sua mulher, Tatiana está na mesma sala? — Ergueu uma sobrancelha e então depois de o que pareceu muito tempo, ele se ligou. — Ah! Você é a esposa em coma, não é?

— A esposa em coma deve ter virado meu codinome. — Sophia brincou. — Não sou mais esposa e nem estou em coma, como pode perceber.

— É verdade, me desculpe. — Deram risadas. — Mas bom, vamos ao que interessa? Você tem aí cópia das séries dela, Tati?

— Eu deixei no carro, mas trouxe, quer ir lá buscar? — Ele assentiu e então após pedir licença os dois saíram da sala conversando sobre as sessões.

— Você vai mesmo dar confiança pra esse zé ruela? — Micael perguntou a loira assim que ficaram a sós, Branca havia saído de fininho. — Pretende o quê? Esfregar homens na minha cara por causa que fiquei com a Tati?

— Sim, exatamente isso. Danilo vai ser só o primeiro. — Respondeu com um dar de ombros e o deixou incrédulo. — Que foi, não esperava tamanha sinceridade?

— Você está sendo cruel comigo! Eu já disse mil vezes que quero você e mesmo assim você me esnoba!

— Eu já disse mil vezes que não quero você. Ficamos em dois mil e dezesseis. Sete anos se passaram e eu não vou ficar com um cara que tem ciúme de duas mulheres.

— Simplifica nossa vida, meu amor. Vamos ficar juntos! Você volta pra casa, seremos nós três novamente. Eu, você e Maitê.

— Eu, você, Maitê e Miguel. Não esqueça que agora você tem um filho com outra mulher. — O viu suspirar. — Vou curtir a minha vida sim e quando eu estiver cansada de curtir, se ainda houver algum sentimento por você, quem sabe a gente não fique junto.

— Pisa em mim mesmo, tudo bem. Não vou mais insistir. — Ergueu as mãos. — Acerta tudo referente ao pagamento com ele e me fala o valor, mandarei o pix. Isso serve pra escola da Maitê, transporte e todas as despesas necessárias. — Disse seco. — Não vou ficar aqui vendo você se oferecer pra alguém que nem conhece.

— Ainda me chama de oferecida.

— Que eu saiba não tem outro nome. — Resmungou. — Vou me despedir da minha filha, com licença. — Sophia ficou observando por onde ele havia saído um tempo, pensando se estava pegando pesado demais.

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— Filha? — Bateu na porta de leve e então a abriu. — Eu tô indo!

— Mas já? Achei que ficaria mais, cansou de discutir com a minha mãe e a Tati?

— Cansei, preciso de paz e é impossível perto daquelas duas. — Observou a filha dar risada. — Fica bem e sabe que se precisar de qualquer coisa pode me ligar, certo?

— Mesmo sem precisar de nada eu vou ligar pra gente conversar, tá bom?

— Tá bom! Vamos combinar um horário e a gente se liga pra conversar sobre o dia!

— Eu te amo muito, papai! — Ele sorriu, adorava quando a menina falava daquele jeito fofo. — Sentirei muitas saudades.

— Eu também te amo muito, minha princesa. — Lhe deu um beijo na testa. Tinha os olhos marejados. — Fica com Deus.

Fungou e se afastou, deu um beijo no filho adormecido e então saiu de novo do quarto. Sophia ainda estava sozinha na sala.

— Final de semana venho buscar a Maitê pra ficar comigo. — Avisou e Sophia reparou em seus olhos cheios de lágrimas. — Ligarei antes pra avisar a hora certa.

— Foi triste a despedida? — O tom arrogante que a loira usava antes havia sumido.

— Não foi a decisão mais fácil que eu tomei na vida. — Fungou de novo. — Eu nunca me afastei dela, até eu acostumar em chegar em casa e não vê-la vai doer.

— Imagino que deve ser difícil, obrigada por isso.

— Não fiz por você. — Disse seco. — Fiz por ela, pra que ela tenha a chance de ter a mãe que sempre sonhou. Boa tarde, Sophia. Até mais. — Saiu de perto, chateado pela filha e chateado pelas coisas que a loira havia lhe dito.

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