— Tá legal, já passa das dez, vamos dormir. — Sophia se levantou do sofá pra espreguiçar. — Bora, Maitê, escovar os dentes e cama!
— Mas tá cedo, amanhã é domingo! — Se defendeu. — Eu não quero dormir agora.
— Amanhã é domingo, mas eu estou escalada pro plantão diurno, já te falei isso hoje.
— Mas isso é um absurdo, eu odeio essa profissão de vocês, não dá pra saber quando é que trabalham. Vão arrumar um trabalho de segunda a sexta normal.
— Para de ser implicante.
— Eu não sou implicante, só quero ficar com vocês. — Sophia sorriu achando graça do dengo, assim como Micael. — E se eu for pro quarto dormir e amanhã tudo tiver normal de novo?
— Como assim normal? — Micael perguntou sem entender e a menina virou pra ele.
— Vocês se odiando outra vez. — Disse com um tom triste e os dois soltaram um sorriso. — Eu prefiro a gente junto de uma vez, assistindo filmes e dando risadas. Mil vezes melhor pegar vocês no flagra se agarrando pelos cantos do que brigando o tempo todo dizendo que um atrapalha a vida do outro.
— Aí filha, me desculpa por tudo que você já ouviu a gente dizer por aí. — A loira se sentou ao lado da menina e a puxou pra um abraço, olhando pra Micael por sobre a cabeça da menina. — Foi um recomeço muito difícil e realmente muita coisa foi dita na hora da raiva, mas acabou.
— Já me prometeu que não iam brigar mais muitas vezes e sempre acabou em briga. — Se afastou pra encarar a mãe. — Eu lembro de cada uma delas! Eu lembro de você dizendo que não era pra minha mãe ter acordado. — Disse agora encarando o pai, que tinha uma cara de culpado. — E de você dizendo que nunca ia perdoar ele e que se sentia mal pelo Miguel. — Voltou a encarar a mãe.
— A gente sabe que exagerou e sentimos muito por você ter participado dessa discussões. — Micael chamou atenção para si. — É impossível prometer a você que não haverão mais brigas, até porque a gente sempre discorda de algo, mas filha, a gente se ama estamos juntos de verdade agora.
— Mentira, nem conversaram ainda. Só se agarraram por aí. — Sophia deu risada da sinceridade.
— Escuta a gente, o nosso normal agora é esse aqui, tá bom?! Você pode dormir tranquila, que amanhã cedo quando levantar, seu pai vai estar aí fazendo café da manhã pra nós duas. — Sophia disse e viu o namorado negando com a cabeça, indignado com a sagacidade dela.
— Meu pai nunca faz café da manhã. — Respondeu com o mesmo tom triste. — Sempre foi a tia Tati ou a Nana.
— Isso porque Tatiana deixou seu pai muito mal acostumado. — Continuava falando empolgada. — Você sabia que quando era pequenininha ele sempre fazia café pra gente?
— É verdade? — Olhou pro pai com certa desconfiança. — Por que não fazia mais então?
— Porque cozinhar me lembrava sua mãe. — Contou com um dar de ombros. — E aos poucos eu fui parando de fazer tudo o que me lembrava sua mãe. — Contou a filha e então encarou Sophia. — Mas agora é diferente, você vai escovar os dentes, ganhar beijinho pra dormir e amanhã, quando acordar vai ter panqueca do papai pra tomar café.
— Eu duvido que você sabe fazer panqueca. — Rolou os olhos e ficou de pé.
— Muito melhores do que as da Tatiana, meu amor. — Ela o encarou ainda mais incrédula.
— Tudo bem, vocês ganharam, eu vou dormir só pra chegar logo amanhã e eu poder comer as suas panquecas. — Avisou com um sorriso.
Sophia subiu com a filha e enquanto ela escovava os dentes, a loira ajeitou o edredom na cama e ligou o ar condicionado.
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Segunda Chance
Roman d'amourApós um trágico acidente durante uma viagem de casal, Sophia acabou entrando em coma. Micael, seu marido passa a viver em função da esposa meses após meses, anos após anos. Deixando a pequena Maitê, filha do casal, um pouco de lado. Ele finalmente...