Micael entrou na casa de Sophia e Maitê ainda estava sozinha na sala, á sua espera. Sorriu quando viu o pai passar pela porta e se atrapalhar para fecha-la, estava com muita coisa nas mãos.
— Demorou! — Ela ficou de pé e foi até ele ajudar com as sacolas.
— São nove da noite, não tem uma floricultura aberta, trouxe uma rosa, achei uma menina vendendo na porta do restaurante, será que serve?
— O que vale é a intenção, ela vai amar! — Maitê disse com tamanha certeza que fez o pai rir. — Cadê meu chocolate?
— Toma aqui. — Mexeu na sacola e tirou de lá uma caixa de bombom. — Vê se não come tudo de uma vez, pra não ficar com dor de barriga.
— É sério que você trouxe Ferrero Rocher pra minha mãe e uma caixa de chocolates comum pra mim? É uma piada, né pai? — Cruzou os braços em revolta e Micael prendeu o riso. — Eu quero Ferrero também.
— Muito caro, você não merece!
— Que absurdo, eu tenho sido uma ótima filha! — Se defendeu com um bico. — Você que anda pão duro.
— Minha nossa, como você é dramática. — Rolou os olhos e tirou de dentro de outra sacola, uma caixa de Ferrero com doze unidades. — Toma aí, chata.
— Ahhh, eu sabia que você estava escondendo o jogo. — Disse feliz.
— Queria muito entender a adoração de vocês por esse chocolate, nem é grandes coisas. — Disse dando risada com a menina abrindo a embalagem. — Não vai nem reclamar que o seu é menor que da sua mãe?
— Não, imagino que tenha comprado esse grandão porque errou feio. — Implicou com o pai que fez uma leve careta. — Você deve ser o único pai do mundo que escuta conselhos de uma criança de dez anos.
— Com toda certeza. — Por fim, soltou mais uma risada e então pegou o chocolate e a rosa. — Vou lá falar com sua mãe agora, vê se escova os dentes antes de dormir.
— Depois do meu chocolatinho, quem sabe. — Brincou e recebeu um beijo na testa e viu o pai subir lentamente, parecia com medo de encarar Sophia.
.
.
.Batidas ecoaram pela porta de Sophia e a mesmo rolou os olhos, pensando que era Maitê e suas perguntas infinitas. Seus olhos pesavam, estava enjoada. Aquela gravidez estava acabando com ela. Deu permissão para que entrasse e se surpreendeu ao ver Micael passando pela porta.
— Achei que não viria pra cá hoje. — Ela prendeu o sorriso, no fundo estava feliz que ele estava lá. — Não me esperou.
— É, exagerei. — Se aproximou e sentou na beira da cama. — Me desculpe por hoje.
— Não desculpo, odeio quando você age como um babaca machista. — Respondeu com um bico. — Eu odeio a sós e odeio ainda mais quando é na frente dos outros.
— Eu sei, perdi o controle quando te vi ao lado daquele imbecil. — Estendeu a rosa pra ela. — Eu sou ciumento.
— Eu sou ciumenta e nunca dei ordem nenhuma pra você sair de perto da Tati ou de quem quer que fosse.— Ela pegou a rosa de sua mão e cheirou. — Você podia ter chegado perto e me chamado pra conversar, podia ter se sentando com a gente, não tinha nada demais na conversa.
— A Tati é mãe do meu filho, não dá pra pedir pra eu sair de perto dela. — Disse com a testa franzida. — E você sabe que ela é inofensiva.
— Danilo também é, eu não quero mais ninguém, só você. Não precisa fazer cena ao me ver conversando com outros homens.
— Tá bem, meu amor. Tentarei me controlar. — Prometeu e Sophia balançou a cabeça, certa de que ele não conseguiria. — Eu amo você e a menor chance de te perder me deixa louco, irracional. Me desculpe, de verdade.
— Não haja mais como um imbecil, sabe que eu não vou obedecer você, a única coisa que vai fazer é papel de ridículo, porque se tentar, eu vou te dar resposta desaforada até mesmo na frente do papa.
— Eu sei, te conheço. — Deu uma risadinha. — E com certeza seu jeito é o que mais amo em você. Realmente, me desculpe.
— Eu amo você. — Se aproximou para um beijo calmo. — Estava onde, hein? — Perguntou quando se afastou.
— Em casa, onde mais? — Ergueu uma sobrancelha. — Tatiana estava no hospital com Miguel então eu aproveitei pra ir pra casa, trouxe até mais roupa.
— Você está se mudando pra minha casa aos poucos, não é Micael? — Constatou dando risada. — Daqui a pouco não tem nada seu mais naquele lugar.
— Eu até pensei em oferecer uma oferta pro proprietário, pra deixar a Tatiana lá de vez. — Sophia ergueu uma sobrancelha, não esperava aquilo. Era rápido demais, não era? — Que foi? Você não quer?
— Voltamos há pouco tempo, não acha precipitado? Como vai se desfazer do seu apartamento? Digo, e se a gente brigar ou resolver terminar? — Ela disse apreensiva, pensando em seu bebê.
— Terminar? — Micael se colocou de pé, assustando. — Você estava pensando em terminar comigo? Eu sei e já assumi que fui idiota, não precisa disso por causa daquela briga boba.
— Não pensei em terminar por causa daquilo.
— Pensou em terminar por causa do quê? Do abraço que você me viu dar na Tatiana? Meu amor, eu juro que...
— Não pensei em terminar, apenas me expressei mal. — O tranquilizou. — Algum dia pode acontecer isso.
— Eu, sinceramente, acho impossível. — Deu risada, mais tranquilo. — Se acaso acontecer, eu arranjo outro lugar, não é tão difícil assim. — Ele enfiou a mão no bolso e então tirou de lá a aliança de Sophia. — Eu trouxe isso aqui, estive pensando bastante.
— Achei que você não tivesse guardado isso na mudança. — Ela sorriu e abriu a mão, recebendo a aliança com um sorriso. — Você é bem sentimental, não é mesmo?
— Você não sabe o quanto foi doído tirar a minha aliança, você não tem noção do quanto eu quis ter você de volta.
— Não sei mesmo, afinal você tirou sua aliança quando já estava com a Tatiana. — Alfinetou e o viu virar os olhos. — Estou brincando, mas com um fundo de verdade.
— Não quero falar de Tatiana. — Fez uma careta. — Quero falar de nós dois, quero continuar a nossa vida, mesmo que as coisas sejam bem diferentes agora. — Sophia se levantou e caminhou até a penteadeira, abrindo sua caixa de cordões e retirando de lá a correntinha com a aliança de Micael. — E ficou surpresa porque eu guardei a sua?
— Mas não foi esse o combinado? Eu guardar a sua e você a minha? — Ela o respondeu com um belo sorriso. — Eu amo você. — Ela disse enquanto colocava a aliança de volta em sua mão. — Antes de continuar com isso, temos que conversar sério!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Segunda Chance
RomanceApós um trágico acidente durante uma viagem de casal, Sophia acabou entrando em coma. Micael, seu marido passa a viver em função da esposa meses após meses, anos após anos. Deixando a pequena Maitê, filha do casal, um pouco de lado. Ele finalmente...