Capítulo 90

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Sophia voltou pra sala e encontrou o marido e a mãe conversando animadamente, se aproximou os encarando séria.

— Cadê a ciumenta? — Micael perguntou a esposa que ainda estava parada diante de si com uma expressão indecifrável.

— Ficou lá em cima, foi ao banheiro. — Contou os encarando. — Eu resolvi descer porque deixar vocês dois juntos é um perigo.

— Como assim um perigo? — Branca ficou de pé junto com Micael, os dois bem confusos.

— Vai que você resolve empurrar o Micael pros braços de outra rapariga. — E então os dois deram risada e a expressão de Sophia suavizou, revelando a brincadeira. — Eu não posso arriscar.

— Tá vendo aí de onde a Maitê puxou o drama? Você fica brincando com isso depois se irrita. — Micael ergueu uma sobrancelha. — E você ainda tem coragem de ficar surpresa com o fato dela ter ciúme do bebê.

— Ela tá realmente com ciúmes. — Sophia arriou os ombros. — Tadinha da minha filha.

— Tadinha? É ciúme, não é doença. Ela vai superar. — Micael disse grosso e recebeu olhares fulminantes das duas. — Aí gente, sério.

— Você é um insensível, coitada da minha filha no tempo que passou sem mãe pra defender ela de você. — Os três começaram a caminhar pra cozinha. — A bichinha deve ter sofrido.

— Sofreu nada. — Branca deu risada fazendo que toda credibilidade de Micael fosse por água abaixo. — Eu precisei educar a menina.

— Imagino bem como, ela já me contou que você bateu nela.

— Ela merecia ter apanhado bem mais, já viu como é mal criada e respondona? — Sophia negou com a cabeça.

— Educação positiva, meu amor. Conversa, castigo, essas coisas. Bater não é a solução e se eu tivesse perto de você, ia ter arrancado sua cabeça por bater na minha filha.

— Tomara que seu bebê não seja uma menina, Deus tenha misericórdia da minha alma, eu não vou aturar três de você. — Pediu as céus e Sophia deu risada. — Juro, eu vou arranjar qualquer desculpas e sumir, talvez eu vá comprar cigarro.

— Mas você nem fuma!

— Mas é uma desculpa boa. — Deram mais risadas, o tom descontraído era bom, visto que há poucos tudo estava um caos, Maitê logo se juntou a eles e tiveram um jantar em harmonia.

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Na manhã seguinte Sophia amanheceu indisposta, levantou, tomou café e subiu de volta pra cama. Branca precisou ir embora para resolver alguns assuntos pessoais e saiu logo após o almoço.

Micael se arrumou pra levar Maitê até a escola, mas antes de sair foi até o quarto falar com Sophia.

— Estou indo levar a Maitê pra escola e depois vou no hospital ficar com Miguel, tudo bem?

— Tudo sim, amor. — O chamou pra um beijo. — Sentirei sua falta, me mande mensagem pra falar do Miguel.

— Você já melhorou? — Olhou o rostinho dela mais corado.

— Sim, vomitei meu café da manhã e me sinto melhor. — Brincou. — Pensei em chamar o Danilo pra conversar, o que acha?

— Eu sei que fui eu que dei a ideia, mas tem certeza que não quer que eu esteja junto?

— Não, você vai pra cima dele na primeira oportunidade e eu não quero brigas. — Ele suspirou, se dando por vencido. — Vai dar tudo certo, eu te ligo depois que falar com ele pra contar.

— Tá, liga mesmo, vou ficar esperando. — Deu um beijo em Sophia e saiu de perto, mesmo alguma coisa dizendo dentro de si para que ficasse ao lado dela naquele dia.

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Danilo recebeu a mensagem de Sophia com o endereço um convite e ficou super animado com a oportunidade de mais uma vez ficar com a loira. Tirou seu horário de almoço e ao invés de ir comer, pegou seu carro e foi até o lugar indicado, chegou pouco depois de Micael havia saído.

— Chegou rápido. — Sophia não tinha trocado de roupa, ela apenas vestiu um robe por cima. — Pode entrar. — Deu passagem e em seguida fechou o portão e a porta.

— Meu horário de almoço, Tatiana me dá uma hora e meia, então temos que ser rápidos para que eu chegue lá a tempo de bater o ponto. — Se aproximou e puxou a loira pela cintura pronto pra iniciar um beijo, mas ela virou o rosto na hora certa. — Que isso?! — A soltou quando ela forçou com os braços a liberação. — Você me chamou aqui e não quer nada?

— Te chamei pra conversar, você não leu a porcaria da mensagem que eu enviei? — Passou as mãos no cabelo, tentando se recompor do ataque.

— Conversar sempre foi um código pra gente transar.

— Tudo era código pra gente transar. — Rebateu e ele riu, se lembrando com saudades. — Mas agora eu estou com Micael.

— Isso impede de que mesmo? — Ele ergueu uma sobrancelha. — Meu amor, se você quer e eu quero, a gente faz e esconde. Se você não contar eu juro que não conto e o corno vai ser o último a saber. — Se aproximou de novo.

— Toma vergonha na cara e para de tentar me agarrar. O assunto é sério. — Insistiu se afastando a medida que ele vinha pra perto.

— Fala aí. — Rolou os olhos e se jogou no sofá de Sophia. — Quero saber o que temos pra conversar, afinal nosso assunto era só sexo e fisioterapia, se você não precisa mais de nenhum dos dois...

— Eu estou grávida. — Ele calou a boca e arregalou os olhos. — E tenho quase certeza de que esse filho é seu.

— Você ficou maluca, só pode. — Disse assim que recuperou a língua, alguns minutos depois. — Eu não quero ser pai.

— Pode até não querer, mas vai ter um filho. — Insistiu.

— Só se eu fosse maluco pra acreditar, você é a maior vagabunda, procura outro pai pro teu filho, eu tô fora.  — Falou com tamanha grosseria que deixou Sophia em choque.

— Eu não sou vagabunda nenhuma!

— Não é? Você deixou eu meter sem camisinha, claramente é vagabunda sim, quem hoje em dia faz isso? Não vem dizer pra mim que eu era o único que estava te comendo, duvido muito.

— Danilo que jeito é esse de falar?

— Eu tô falando mentira? — Ficou de pé. — Você é uma gata, gostosa pra caralho e geme muito manhosa. Mas meu amor, eu não quero me prender a ninguém e muito menos a uma criança. Então arranja outro trouxa pra ser pai do teu filho, eu não vou cair nesse golpe.

— Que golpe? Eu só queria te contar pra...

— Cadê teu marido? Ele não quis assumir teu filho, não é? — Deu risada, Sophia estava tão incrédula que  nem conseguia raciocinar para responder a altura aquelas ofensas. — Sabe qual é a melhor coisa que você faz por esse feto? Aborta ele.

— Como você tem coragem!

— Gata, pelo amor de Deus, você quer que eu faça o que? Você nem sabe quem é o pai dessa criança, disse que tem quase certeza, faça-me o favor. São quantos possíveis pais? Uns dez?

— Você está me ofendendo!

— Não sabia que puta tinha coração. — Deu risada e Sophia mais uma vez ficou em silêncio. — Eu vou embora, não quero saber dessa criança, de você e nem de nada, se me ver no corredor do hospital, passa direto. — E saiu, deixando Sophia desacreditada.

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