Capítulo 82

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— Conversar sério? — Se fingiu de surpreso, estava esperando que ela lhe contasse que estava grávida. — Aconteceu alguma coisa? Tem alguma novidade pra contar?

— Aconteceu sim, mas é um tanto delicado porque eu sei que você vai surtar de novo. — Voltou pra cama, escolhendo as palavras pra contar aquilo. — E eu estou cansada de brigas.

— Nós nem brigamos tanto assim pra você estar cansada. — Brincou e novamente se sentou perto dela, colocou a mão com aliança em cima da sua e lhe deu seu melhor sorriso. — Conta de uma vez, eu tenho certeza que não vai ser uma notícia ruim.

— Ah, vai ser sim! — Se manteve apreensiva e então olhou para suas mãos juntas, em cima de sua barriga, como se ele já soubesse que tinha um bebê ali. Perdeu toda coragem que tinha reunido. — Danilo fez uma entrevista com seu pai e foi contratado pra equipe de fisioterapia. — Disse rápido a primeira coisa que lhe veio a mente, já que tinha perdido a coragem de falar o que queria.

— Como é? — Ele disse alto, puxando as mãos e levando a cabeça. — O meu pai perdeu o juízo?

— Viu só, eu disse que era uma notícia ruim. — Brincou tentando aliviar o clima. — Era sobre isso que estávamos falando quando você chegou na lanchonete, o fato do seu pai tê-lo convocado pra uma entrevista.

— Que loucura, meu pai sabe que eu detesto esse cara! — Disse entredentes. — O que deu na cabeça dele?

— Eu não sei. — A loira deu de ombros, observando a reação do namorado àquilo. — Mas não precisa fazer drama também, eu não ligo pra ele.

— Mas ele liga pra você! — Rebateu tirando um sorriso da namorada. — Se ele ficar te cercando eu não respondo por mim.

— Vai ser lindo mesmo o chefe de toda a equipe médica saindo no soco com um fisioterapeuta no meio do hospital. Vai passar bastante credibilidade, seu pai vai adorar.

— Se ele não quisesse isso, não tinha contratado esse cara! De onde surgiu essa necessidade, não existem outros fisioterapeutas?

— Eu sei que vou te irritar no que direi a seguir, mas o Danilo é realmente bom no que faz. Tão bom quanto Tatiana, vai agregar bastante ao time.

— Existem outros bons no mundo! — Disse alto, completamente enciumado. — Eu vou ter que ver vocês tomando cafezinho da lanchonete?

— Olha, bem capaz. Se tentar me proibir vai ser pior.

— E se eu pedir "por favor"? Se eu disser que me sinto mal de ver vocês juntos e que isso me magoa, será que você pode considerar? — Falou num tom baixo novamente e então se sentou observando o sorriso no rosto de Sophia. — Estou falando sério, isso devia contar pra alguma coisa e por favor não joga de novo a Tatiana no meio dessa conversa se eu pudesse me afastar dela, estaria a quilômetros de distância.

— Eu sei que estaria. — Sorriu compreensiva. — Eu não sou uma megera feminista que não sabe ceder, acho que tem momentos e momentos a serem considerados. O seu jeito de pedir foi bastante válido e eu com certeza vou considerar.

— Considerar? Eu abri meu coração.

— Você tem que concordar que se eu tiver na lanchonete e ele chegar se sentando na minha mesa eu não tenho o que fazer, não é mesmo?

— Você pode levantar e sair, pode dizer que está esperando alguém, pode dizer a ele que não quer a desagradável companhia que ele oferece. — Micael disse com um tom debochado e Sophia deu risada. — Não foi piada não.

— Pra terminar de te matar do coração, ele não é desagradável, é bem gente boa. — Micael se levantou irritado novamente e a loira ainda dava risada. — Para de graça!

— Vai lá e fica com ele então! — Respondeu alto. — Boa sorte, porque ele é um canalha, viu!

— Isso aí quem diz é você e a Tatiana. Ele nunca se mostrou um canalha pra mim, muito pelo contrário. Sempre muito simpático, solícito, atencioso, carinhoso. Quase namoramos!

— Ah, Sophia dá um tempo! — Saiu do quarto rumo ao banheiro antes que falasse alguma besteira. Sophia ficou dando risada da situação, cinco minutos depois ela se levantou e foi até o banheiro, encostando na parede e observando se enxaguar. — Não vem me atazanar aqui não.

— Eu estava só te zoando, não precisa ficar com raiva de mim por isso. — Ela tinha os braços cruzados. — Eu amo você, não quero ficar com ele, já disse.

— Com a propaganda que fez, pareceu querer. — Tinha um bico gigante. — Vem cá? — Chamou com um dedo e ela sorriu, caminhando até o box, deixando sua roupa pelo caminho. — Amo você. — Iniciou um beijo quente e fechou o chuveiro em seguida. Alisou o corpo da namorada e conseguia notar que estava realmente grávida, seus seios mais fartos e com os vasos sanguíneos bem marcados de azul, seu quadril levemente mais largo e sua barriga antes bem chapada, estava dura, com uma leve alteração. Ela não conseguiria esconder aquilo dele por mais tempo, ele sorriu com aquele pensamento, teriam mais um bebê.

— Por que está sorrindo? — Ela ficou curiosa ao notar.

— Porque eu amo você. — Respondeu de maneira genérica, mas convincente. Sophia sorriu também e outro beijo foi iniciado. Fizeram amor no banheiro e logo estavam se secando, após o banho tomado. — Você nem deu ideia pro meu chocolate, né? — Micael apontou pra embalagem em cima da cama.

— Claro que dei! — Caminhou até lá, vestindo a mesma roupa de antes. — Adorei e você sabe, confesso até que quero brigar mais vezes pra poder ganhar mais chocolate.

— A gente não precisa brigar pra eu te dar chocolates, pode deixar que trarei sempre. — Deu uma piscadinha enquanto a via abrir e comer um. — Maitê ainda me obrigou a comprar pra ela, sua filha é esperta demais.

— Falando nela, tem que ver se ela já escovou os dentes e foi dormir, porque ela tá na idade de passar a perna na gente e não escovar nada! — Micael deu risada e vestiu seu short. — Vai lá ver.

— Ah, sou eu que tenho que ir ver? — Perguntou surpreso e então assentiu e a deixou. No instante em que a porta bateu, ela correu e vomitou, aparentemente seu novo bebê não gostava de chocolates.

Não tinha comido nada e quando comida vomitava. Nesse ritmo estaria desnutrida já já, devia iniciar seu pré-natal, pra conseguir remédio de enjoo e vitaminas, o problema era Micael, na hora que pisasse na sala do obstetra, ele saberia e se fosse me outro hospital ou clínica, ele acabaria sabendo também.

Sentada no tapete do banheiro, ela pensava sobre aquela situação, precisava contar, precisava de coragem de uma vez, sua barriga logo irá aparecer e não vai ter alternativa nenhuma.

— Está vomitando de novo? — Micael voltou pro quarto rápido e a viu sentada próximo ao vaso. — Foi pra isso que me fez ir ver a Maitê? Pra vomitar sem que eu visse?

— Claro que não. — Se levantou e pegou a escova de dentes. — Realmente queria saber se ela já estava dormindo.

— Você tem algo pra me contar, não é mesmo? — Perguntou forçando a confessar. — Não sou bobo, Sophia. Pode confiar em mim, parece que você não me conhece!

— É por conhecer bem que eu estou hesitando. — Ele ficou sem entender, nunca que reagiria mal a notícia de que teria um filho com Sophia. — Estou grávida. — Finalmente contou após um suspiro e viu um sorriso nascer no rosto de Micael. 

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