Capítulo 17

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— Seu pai faleceu, há uns dois anos. — Contou e Sophia ficou muda. — Ele começou a ficar muito doente, chegou um momento que Branca estava com você em cima da cama aqui e Renato em casa. Foi uma fase muito barra pesada e todos ficamos mais próximos, ela não merecia passar por tudo aquilo sozinha.

— Mas que merda. — Não tinha o que falar, na verdade não sabia o que falar.

— Aconteceu tanta coisa nesse seis anos, que eu teria que passar a madrugada inteira e não daria tempo de contar. — Suspirou. — É por isso que a sua mãe gosta tanto dela. Foi de grande ajuda quando seu pai...

— Ou seja, essa mulher roubou o meu marido, a minha filha e a minha mãe. — Disse emburrada. — Deve ser fantástica.

— Para de graça, ela não roubou nada de você. — Segurou a mão da loira. — É a sua mãe, é a sua filha. Ninguém pode tirar de você.

— Mas você ela pode. — Disse triste, passada a raiva da descoberta, tinha sobrado só tristeza. — Ela conseguiu, não é mesmo?

— Não sei dizer. — Foi franco. — Sabia que eu era feliz? Depois de viver um inferno por três anos, eu fui feliz. — Confessou.

— Não se sentiu nem um pouco culpado?

— Você está brincando?! — Deu risada e Sophia o olhou interessada. — Tentei chamar uma pra sair, não deu certo, desisti na hora.

— E o que mudou?!

— Sua mãe me deu força. — Sophia negou com a cabeça. — Na verdade, ela me obrigou. Ela perguntou na cara dura, ficou um climão e eu tive que aceitar.

— A minha mãe é decepcionante. — Suspirou. — Tinha que ser ela? Logo ela?

— Foi o que eu disse, ninguém achava que você ia acordar. — Deu de ombros. — Eu estava definhando junto com você aqui. Meus pais, sua mãe todo mundo estava preocupado comigo, a Maitê então tadinha, eu nem ficava com ela direito.

— Sinto muito. — Sophia surpreendeu o marido. — Por não estar de cinto e ter bagunçado toda a nossa vida, por ter te feito sofrer tanto e a minha filha, eu não queria nada disso pra gente...

— Você pode ter certeza que nem eu. — Ergueu a mão e fez carinho em sua bochecha. — Eu senti tanto a sua falta, você não faz ideia de como foram esses anos todos.

— Os últimos pelo visto foram ótimos. — Ele sorriu.

— Ótimos não, mas como eu te disse, eu estava feliz. Com a vida reconstruída, aí você abriu o olho e bagunçou tudo de novo.

— Me desculpa, de novo. — Deu risada e ele a encarou. — Mas eu acho que tava na hora de reagir e pegar a minha vida de volta.

— Se você soubesse o pavor que eu tinha de ter que explicar todas essas coisas pra você. — Ela ergueu o braço e colocou a mão no rosto dele. — Medo de ver o ódio que vi de manhã nos seus olhos.

— Você fez a sua escolha. — Resmungou. — Não precisa mais se sentir culpado. Vive sua vida.

— O que é que você está dizendo? — Se afastou um pouco dela com a testa franzida. — Como assim viver a minha vida?

— Exatamente isso, você tem a sua família. — Ela disse baixo. — É o que importa, eu não pretendo atrapalhar ainda mais a sua vida.

— O que isso quer dizer?

— Quer dizer que eu quero o divórcio. — Ele ficou sem ação, não esperava por isso tão cedo. — Eu não vou brigar, eu não vou xingar, eu não quero saber da sua vida. Só o que me importa é reconstruir a minha vida e ter a minha filha nela. Apenas.

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