Capítulo 76

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— Como ele está? — Tatiana entrou no quarto de UTI que o menino estava e assustou Micael que cochilava na cadeira de acompanhante.

— Sedado, só deve acordar amanhã, foi uma dose bem forte. — Avisou a mulher e então a olhou de cima abaixo. — Você conseguiu descansar? Comeu?

— Comi, dormi, tomei banho, não precisa mais se preocupar comigo. — Estendeu a chave do carro a ele. — Sophia foi pra casa com a Maitê de táxi, mandou te dar o recado.

— Ué, porque ela não foi de carro e deixou pra eu ir de táxi?

— Disse que não sabia a hora que você iria embora. — Tati deu de ombros. — Vai ter que conversar com ela pra saber. — Um silêncio desconfortável surgiu entre os dois e quem o quebrou foi Tatiana mesmo. — Ela está insegura.

— Hã? — Franziu a testa, não esperava aquela conversa com Tatiana. — O que ela te disse?

— Nada demais, está com medo de te perder, devia dar um jeito de convencê-la de que não vai acontecer. Me pareceu assustada.

— Assustada com o quê? — Levou as mãos à cabeça. — Eu não sei o que fazer, não tem sentido nenhum ela duvidar do que eu sinto.

— Tadinha, ciúme nada mais é do que medo de perder.

— Ela não vai me perder nunca! — Disse com um tom forte. — Ficou anos em coma e não perdeu, imagina agora que está aqui, viva e bem? E ela não devia ter falado sobre isso com você num momento tão delicado.

— Nós quase brigamos... — Começou a contar e percebeu que estava falando demais. — Mas ficou tudo bem, ela entendeu que eu só precisava de apoio.

— Mais a noite vou conversar com ela também, vai dar tudo certo! — Avisou com um sorriso. — Agora eu vou deixar você sozinha com ele um instante e vou fazer um lanche, tá bom? — Tatiana assentiu e Micael saiu do quarto.

O moreno ficou ali com Tatiana até quase oito da noite, quando perguntou se queria que ele passasse a noite no lugar dela e obteve a resposta que já sabia: NÃO.

Foi pra casa dirigindo tranquilamente e entrou com sua chave, que Sophia já tinha devolvido. Encontrou Maitê sozinha vendo televisão.

— Oi, meu amor! — Foi até ela lhe dar um abraço e a menina sorriu. — Por que está aqui sozinha?

— Como está o Miguel? — Perguntou antes de responder o pai. — Você não liga pra dar notícia!

— Está bem, ainda dormindo, amanhã vamos confirmar quando ele acordar. — Avisou e a menina assentiu. — Pode ficar tranquila, todo mundo tá cuidando bem dele, me desculpe por não ligar.

— Ele não vai ficar dormindo igual minha mãe né? — Tinha um olhar assustado e Micael se sentou ao lado dela e lhe fez um carinho.

— Não vai, ele só está dormindo por conta que os médicos lhe deram alguns remédios. Amanhã ele vai acordar e se puder receber visitas te levarei lá.

— Promete avisar? — Perguntou insegura e viu o pai assentir. — Tudo bem.

— Agora me diga, cadê sua mãe? Você não costuma ficar sozinha na sala essas horas. — Observou a menina dar de ombros.

— Ela estava cochilando aqui no sofá sete da noite. — Maitê rolou os olhos. — Igual uma velha.

— Coitada! — Defendeu dando risadas. — Esta cansada, só isso.

— Eu acho que ela está doente. — A menina cochichou, como se tivesse com medo da mãe ouvir. — Eu a ouvi vomitando mais de uma vez hoje.

— Vomitando? — Franziu a testa, se lembrando que a viu enjoada recentemente. — Ela deve ter comido algo que não caiu bem, as vezes acontece.

— As vezes acontece. — Repetiu e viu o pai se levantar. — Todo mundo resolveu ficar doente na mesma época.

— Vai dar tudo certo. — Lhe deu mais um beijo. — Vou lá ver como está sua mãe e tomar um banho. Não fica aqui até tarde, tá bom?

— Já sei do meu horário limite de dez horas. — Deu de ombros e Micael se afastou rindo.

Quando o moreno entrou no quarto, ouviu barulho de vômito vindo do banheiro e caminhou ate lá. Sophia levou um susto quando ouviu as batidas ecoarem pela porta.

— Não entra! — Pediu com a voz urgente.

— Está passando mal? Você não quer ajuda? — Ofereceu e recebeu como resposta mais barulho de vômito. — Está me deixando preocupado sabia?

— Estou bem. — A loira se levantou e deu descarga. Em seguida escondeu o teste de gravidez que tinha feito, com resultado positivo e foi escovar os dentes.
Quando saiu, Micael estava sentado na cama, tirando o tênis. — Estou bem! — Reforçou e recebeu um olhar desconfiado. — Comi um frango hoje na janta, acho que não estava muito bom.

— Maitê devia estar passando mal também, não acha? — Ergueu uma sobrancelha e ela hesitou pensando numa resposta pra isso.

— Ela não quis comer o frango, era resto da janta de ontem, se lembra. Maite comeu ovo, eu não estava a fim de cozinhar hoje. — Caminhou pra se deitar. — Não precisa ficar preocupado, eu sou médica também, sei quando tem algo errado comigo.

— Tudo bem, meu amor. — Foi pegar uma bermuda no armário. — Vou tomar banho, tá bem?

— Tá. — Ela ligou o ar condicionado e se cobriu, aguardando que ele voltasse.

Micael passou algum tempo no banho, mas não muito, se secou, escovou os dentes e então vestiu sua bermuda, sem cueca. Caminhou pra perto de Sophia, que o esperava lendo um livro.

— Achei que quando voltasse você já estaria dormindo. — Brincou subindo pela cama. — Maitê disse que você estava bem sonolenta.

— Estava sim, mas acabou que cochilei tanto na sala durante o filme que estávamos vendo que agora estou melhor. — Sorriu e lhe deu um beijinho. — E então, como está o Miguel?

— Dormindo. — Repetiu aquilo pela terceira vez. — Bem e teremos mais certeza amanhã. Mas não é bem do Miguel que eu quero falar, Tatiana chegou no hospital dizendo umas coisas que me deixaram um pouco preocupado.

— O QUE FOI QUE ELA FALOU PRA VOCE? — Disse alto e assustou Micael com tamanha bravura. — Eu sabia que não devia ter confiado nela!

— Ei, da pra ficar calma? Que surto é esse do nada? Ela só disse que eu devia conversar com você porque estava insegura.

— Fofoqueira!

— Sophia o que está acontecendo?! Você está claramente me escondendo alguma coisa, conta de uma vez. Você não precisa ficar insegura com nada, eu te amo e duvido muito que existe algo no mundo que vai me afastar de você.

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