No dia seguinte, Micael foi buscar a filha na casa de Branca pela manhã. Desconversou quando a tão amada ex-sogra lhe perguntou como havia sido a surpresa, mas sabia que ela tinha conseguido entender que foi um fiasco.
Não conversou muito com a filha durante o caminho, Maitê estava com sono por estar cedo e ele agradeceu mentalmente por isso.
— Maitê, acorda! — Chamou a menina adormecida no banco de trás. — Filha!
— Mais cinco minutinhos só. — Ela pediu ainda de olhos fechados e ele virou os olhos. Era realmente cedo, não passava de sete da manhã. — Por favor!
— Filha a gente já chegou. — Avisou e a menina nem aí. — Você dormiu tarde de novo vendo vídeo no celular, né? Sua vó tem que começar a pôr limites pra você, olha só agora, não consegue nem abrir os olhos. — Respirou fundo, saiu do carro. Tocou a campainha pra chamar Sophia e tirou a menina do carro no colo.
— Ué, ela está dormindo? — Sophia apareceu ali de camisola. — Que milagre é esse?
— Ai você pergunta á sua mãe. — Respondeu seco. — Será que eu posso colocar ela na cama ou não posso entrar aí porque você dormiu com alguém?
— Vai, Micael. — Abriu o portão e apontou pra dentro. Os seguiu após fechar o portão e a porta, mas ficou esperando na sala. — Você não precisava ter trazido ela tão cedo, pra que tudo isso?
— Tenho coisas pra resolver. — Manteve o tom seco. — Bom dia, Sophia. — Se encaminhou pra porta.
— Ei, é sério que vai me tratar com essa grosseria toda só porque me viu com alguém? Uma hora isso ia acontecer. Ou achou que eu ia ficar solteira pra sempre?
— Sophia, vamos fazer assim, eu não quero saber de absolutamente nada, tá bom? Segue sua vida e seja feliz. A gente conversa sobre a Maitê se for importante e pronto. — Ela ergueu uma sobrancelha, surpresa com aquela reação. — Vou indo, tchau.
— Ei, perai. Eu não quero que a nossa relação seja desse jeito.
— Agora quem está confusa é você, Sophia! Parece que quer que eu fique atrás de você, que nem um cachorrinho esperando alguma migalha que esteja disposta a me dar, esperando a sua mágoa passar. Não vai mais acontecer, chega.
— Ei, eu sempre joguei limpo com você. Ficou atrás de mim porque quis! Nunca te prometi nada e muito menos fidelidade.
— Eu sei, e finalmente entendi. Fique tranquila, cenas patéticas como a de ontem, não vão se repetir. — Enfiou a mão no bolso e tirou de lá o chaveiro. Levou um tempo até tirar as duas chaves daquela casa. — Aqui estão suas chaves, pode ter certeza que não faço questão nenhuma de voltar aqui.
— Você está fazendo muito drama.
— Você ficou revoltada comigo porque eu trouxe a Tatiana pra nossa casa, porque eu havia manchado nossas lembranças. Pelo menos a única mulher que entrou aqui foi a mãe do meu filho, eu não trouxe vagabunda nenhuma pra transar no sofá. Não transformei essa casa num bordel.
— Bordel? Está me chamando de prostituta?
— Não, você é solteira, meu bem, fica com quem quiser. — Deu de omrbos. — Chega disso aqui, tchau.
— Micael... — Chamou baixo, estava triste, não sabia bem explicar porque. Ele não se virou, apenas foi embora.
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.Micael estava fazendo grande esforço pra esquecer tudo o que havia acontecido na noite anterior e naquela manhã. Naquele dia trabalharia no plantão diurno, chegou no hospital antes das dez. Passou praticamente o dia na cafeteria tomando cafézinho.
— Você está com uma cara péssima. — Tatiana estava ali, na hora do décimo café do dia. — A noite foi boa, pelo visto.
— Foi sim, você não imagina o tanto que foi. — Debochou, pegou o café e se sentou á mesa junto com a ex. — Se tivesse noção.
— Não te vi indo embora da festa do seu filho ontem. — Alfinetou. — Devo imaginar que foi atrás da Sophia?
— Fui. — Bebericou. — E foi a pior escolha que eu fiz na minha vida, pode ter certeza que eu não vou mais.
— Eita que dessa vez a briga foi séria. — Tatiana comeu um pedaço do bolo. — Daqui a pouco vocês estão bem, sempre ficam bem.
— Ela estava com outro. — Contou, precisava desabafar, só não sabia se Tatiana era a melhor pessoa pra isso. — Seminua, numa agarração que com certeza era pecado.
— Por essa eu não esperava. — Arregalou os olhos e ouviu um suspiro. — Mas é normal, Micael. Ela está curada, seguir a vida é o natural.
— Eu sei, Tati, mas eu sempre achei que ela ia me perdoar, mas agora eu também nem sei se quero ser perdoado, às vezes é melhor deixar pra lá essa merda de uma vez e assumir que eu a perdi de vez.
— Mas Micael, ela transar com outra pessoa não quer dizer nada! Quero dizer, quantas vezes nós dois transamos e você ainda é apaixonado por ela? Ela só fez isso pra te irritar, igual tudo o que vem fazendo.
— Se ela tivesse feito pra me irritar, teria sido na minha frente, igual quando eu beijei a Jaqueline. Ela não ia me contar, eu ia continuar que nem um babaca atrás dela, fazendo papel de otário.
— Você não fez papel de otário nenhum. — A voz de Sophia soou ali e os dois olharam na direção. — Quer parar com isso?
— O que diabos você está fazendo aqui três da tarde? — Soltou um suspiro esperando a resposta. — Me perseguindo? Agora que eu decidi deixar de lado você vai vir atrás de mim?
— Não estou indo atrás de você, coisa nenhuma. Mas continuo achando que não precisa disso tudo.
— Dá um tempo, seu plantão só começa daqui a quase quatro horas, vai pra casa.
— Misericórdia, que drama.
— Engraçado, eu nunca disse que você estava fazendo drama, nunca desdenhei dos seus sentimentos em relação a tudo o que aconteceu. Eu sempre te entendi, ou procurei entender, por mais que não concordasse. Será que você pode respeitar o meu momento e parar de falar que é drama?
— Com quem você ficou hein? — Tatiana perguntou curiosa, antes que Sophia respondesse a Micael. — É daqui?
— Foi o Fernando. — Respondeu sem empolgação e Tatiana deu risada. — É tão engraçado assim?
— Tu chegou a transar? — Perguntou na cara de pau e puxou uma cadeira pra amiga sentar. — Diz que não!
— Tatiana, tem coisas que eu não preciso saber. — Micael protestou, mas não se levantou dali quando Sophia se sentou. — Aliás, tem coisas que eu não quero saber.
— Não, o bonitão ali atrapalhou todo clima. — Rolou os olhos e apontou pro ex-marido.
— Sorte a sua, Fernando não é tão bom nos finalmentes! — Tatiana disse com um ar leve, dando de ombros e Micael arregalou os olhos. — Posso dizer com propriedade que você não perdeu nada.
— Não acredito que você ficou com ele também. — Sophia deu um grito empolgada. Me conta esse babado AGORA!
— Faz um tempinho, mas foi só uma vez. Não curti não, achei ele um tanto soca fofo, você gosta disso? Eu estou fora.
— Ah, não. Soca fofo ninguém merece. — Sophia balançou a cabeça em negativa muitas vezes. — Quem me surpreendeu foi Danilo.
— Você realmente transou com aquele cara? — Micael falou alto no meio da lanchonete. — Puta que pariu, Sophia. E fala na minha frente como se não fosse nada demais? Como se não tivesse nenhum remoso.
— E eu não tenho mesmo. — Deu de ombros. — Não vou ficar me lamentando por ter ficado com outra pessoa.
— Tá bem, já chega pra mim. — Se levantou e saiu da lanchonete, pisando forte. Deixando as meninas conversando quem era bom ou ruim de cama.
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Segunda Chance
عاطفيةApós um trágico acidente durante uma viagem de casal, Sophia acabou entrando em coma. Micael, seu marido passa a viver em função da esposa meses após meses, anos após anos. Deixando a pequena Maitê, filha do casal, um pouco de lado. Ele finalmente...