Capítulo 96

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— Meu Deus, eu amei essa casa! — Sophia disse rodopiando pela sala ampla. — Precisamos dela!

— Eu sabia que você ia gostar! — Micael deu risada, estava feliz observando a empolgação que Sophia visitava cada cômodo do imóvel que tinham ido ver. — Por isso que eu já fechei o contrato com a corretora.

— Você fechou o contrato sem eu ver?

— E você acha que eu não te conheço? Eu sabia que você ia amar. — Deu mais risada enquanto ela tentava assimilar. — E se não amasse, eu cancelava tudo no mesmo instante.

— Você é um fofo. — Lhe deu um beijinho. — E cadê a corretora com os documentos.

— Ela já deve estar vindo, você a viu dizer que ia nos deixar a sós. — Deu risada da pressa. — Vamos assinar, pagar e pronto, podemos organizar a mudança e ajeitar o quarto do Micael Segundo.

— Vai ter que ser amarelo, porque eu tenho fé que vem a Mavie e não vou precisar chamar meu filho de Micael.

— Besta. — Deu risada e ouviram a porta se abrir e a corretora voltar.

A parte burocrática da casa estava sendo resolvida por Micael enquanto Sophia olhava novamente cada detalhe de sua nova casinha.

Já estava com quase oito meses de gestação e não tinham descoberto o sexo do bebê e muito menos feito o teste de DNA.

Por mais que Micael dissesse a todo momento que não a deixaria se o teste desse negativo ela ainda tinha medo de acabar com o sonho que estava vivendo. Então enrolava toda vez que ele tocava no assunto, mesmo sabendo que no parto não teria como escapar.

Os dois voltaram pra casa e o sorriso não saiu do rosto de Sophia. Conversaram um pouco sobre a decoração da nova casa e então, quando estavam chegando, viram Tatiana com Miguel parada diante do portão, com o celular na mão. Entraram e então Sophia foi abrir o portão enquanto Micael guardava o carro. 

— Oi, Tati. — Sophia disse simpática e recebeu um sorriso enquanto destrancava o portão. — Oi, amoreco da tia! — Se abaixou para lhe dar um beijo.

— Oi, tia Soph! — Disse animado. — tem bolo de chocolate?! — Disse empolgado depois de dar um beijo na bochecha de Sophia.

— Miguel, pelo amor de Deus, tenha modos. — Tatiana repreendeu com um riso envergonhado.

— Deixa ele, Tati. — Sophia disse rindo e os três entraram. — Aqui é a casa dele também, tem que se sentir à vontade! Tem sim, amor, a tia vai te servir, da a mão. — O menino agarrou a mão de Sophia e os dois caminharam na frente.

— O que veio fazer aqui? — Micael entrou em casa e encontrou com Tatiana sozinha na sala. — Cadê Sophia e Miguel?

— Na cozinha, ele pediu bolo. — Contou com um dar de ombros. — Você podia começar a conversa com um pouco mais de educação. "Oi, Tatiana, tudo bem?" — Ele deu risada e caminhou pra se sentar no sofá. — Não vai morrer se fizer isso.

— Me desculpe, você nunca vem aqui assim sem avisar, fiquei curioso. Está tudo bem, Tati?

— Está, mas preciso conversar sério com você e foi até bom que a Sophia levou o Miguel. — A postura dos dois mudou e Micael a olhou apreensivo, em silêncio. — Eu recebi uma proposta muito boa de trabalho.

— Mas, ué? O seu trabalho é ruim? — Franziu a testa sem entender. — Você é chefe da equipe de fisioterapia do hospital, você ganha bem pra isso. Não entendi essa de querer mudar de emprego agora do nada. — Desandou a tagarelar. — E se é assunto de trabalho, devia ter ido falar comigo lá no hospital amanhã.

— Quer calar a boca? — Pediu dando risada. — Eu não vim aqui falar com você como chefe, vim falar como pai do meu filho! O trabalho é em São Paulo.

— Não! — Disse imediatamente, sem nem ouvir o que mais tinha a dizer. — Você não vai!

— Você não me manda, Micael.

— Não mando, mas você não pode levar o meu filho embora como se eu não me importasse com ele. — Ficou de pé, estava irritado. — O menino está longe de mim aqui, imagina em outro estado.

— Exato, ele está aqui há dez minutos de distância de você, e eu não te vejo fazendo questão de ir buscar. — Jogou na cara e o deixou sem palavras. — Agora que eu quero ir embora por um trabalho melhor, você vai se doer?

— Eu não busco porque não dá tempo! Você sabe muito bem que eu sou ocupado!

— Você só tem tempo pro que te interessa. — Respondeu no mesmo tom. — Você vive dando perdido no trabalho pra ficar atrás da Sophia pra cima e pra baixo nos exames. Vocês três adoram postar fotinha de família, só que o meu filho nunca está incluído e tenho certeza de que quando está, a ideia parte da Sophia e não de você.

— Você está sendo injusta! Eu não excluo o Miguel de nada.

— Faça-me o favor. — Disse com deboche. — Micael, eu não vim aqui pra reclamar a atenção que você não dá ao meu filho. Eu vim avisar que eu vou sim embora, recomeçar a minha vida em outro lugar.

— Mas eu não quero ficar sem ver o Miguel.

— São Paulo está aqui do lado! Se você realmente quiser ver o menino, você o busca pra passar uns dias. — Ela abaixou o tom de voz. — Não é justo você empatar a minha vida por puro egoísmo.

— Eu querer ter meu filho perto de mim é egoísmo?

— É, quando hoje em dia ele está e você não liga. — Voltou com o tom de acusação. — Se você realmente ficasse com ele, eu nem cogitaria ir embora, mas você não fica!

— Mas, Tatiana...

— Mas o quê? Eu não tenho nada que me prenda aqui, Micael. Absolutamente nada! Eu não tenho casa, briguei com a minha mãe, não tenho relacionamento nenhum! Eu vou embora e você se quiser entrar na justiça pra me impedir, fica a vontade.

— Na verdade, se você for embora sem eu permitir eu vou botar a polícia na sua cola por sequestro! — Ameaçou alto, Sophia que estava escutando a conversa de longe resolveu intervir, deixando o menino entretido com o bolo.

— Vocês gritam muito, pra que isso? — Se aproximou andando devagar, por conta da barriga antecipada. — Vamos conversar como gente civilizada?

— Seu marido parece uma mula empacada de tão teimoso. — Ele bufou, a vendo começar a falar. — Pode por favor colocar juízo na cabeça dele.

— Eu não querer ficar longe do meu filho é um tamanho absurdo assim?

— Quando você dá mais atenção pro filho da Sophia que nem sabe se é seu do que pro Miguel, é um absurdo sim. — Atacou e Sophia a olhou com olhos arregalados.

— Ei, eu vim te ajudar e você me ataca?!

— Aí, me desculpe, esse estrupício me irritou. — Pegou a bolsa que tinha jogado no sofá. — Quer saber, eu vou embora. Quando eu estiver mais calma a gente conversa. — Foi buscar o filho na cozinha e saiu da casa sem dizer mais nada. Micael nem disse "oi" ao filho.

— Você sabe bem tirar a Tatiana do sério. — Sophia deu risada e observou o marido negar com a cabeça. — Estrupício!

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