Capítulo 89

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— De onde saiu essa ideia? — Sophia perguntou à filha um tanto sem graça, não estava pretendendo contar a ela antes de resolver essa bagunça a respeito da paternidade do bebê. — Ninguém falou nada disso.

— É que você anda mais cansada que o normal e também vomita sempre. — A menina deu de ombros. — Não precisa fazer essa cara, eu só fiz uma pergunta. Faz sentido na minha cabeça.

— E como você sabe que alguém que espera bebê fica passando mal sempre? — Cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha, encarando a filha que bufou como se aquela pergunta fosse óbvia.

— Você e essa mania de achar que eu sou uma criancinha. — Maitê arrancou risada do pai e da vó. — Eu sei ué, a tia Tati vivia passando mal por aí, ela enjoou até do meu pai, se você quer saber!

— Eu não queria, mas agora eu sei, não é? — A menina soltou uma risadinha sem graça. — Sim, a mamãe está esperando um bebê.

— Vocês não cansam de me dar irmão pra dividir minha herança não? — Ela perguntou alternando olhares entre os pais. — Sério, parem de fazer filhos.

— Isso é coisa que se diga, Maitê? — Branca perguntou abismada. — É seu irmão!

— Mas eu já tenho irmão, não preciso de outro! — Rolou os olhos. — Não sei pra que isso, eu não sou suficiente pra vocês?

— Claro que é filha, o amor não vai diminuir... — Maitê cortou a mãe.

— Vai multiplicar, conheço essa baboseira. — Respondeu de forma mal criada. — Não tinha nenhuma necessidade de mais gente nessa casa.

— Você está passando um pouquinho dos limites, Maitê. — Micael disse baixo, mas com um tom firme. — Pra que tudo isso? Por que essa reação?

— Por que você não para de fazer filho? — Respondeu com um tom de deboche que fez o pai ficar de pé na hora. — Não adianta nem vir me ameaçar, vai fazer o que? Me bater? Nem ligo. — Balançou o ombro muitas vezes.

— Aí, filha, pode ser uma menina dessa vez, uma irmã pra te fazer companhia. — Sophia tentou mais uma vez, antes que Micael brigasse com a menina incompreendida.

— Uau, uma menina, mas que grande bosta. — Disse alto e saiu de perto dos três, indo pro seu quarto.

— Gente que reação foi essa? — Sophia se sentou, em choque. — A Maitê fala coisas como se fosse uma adolescente revoltada e não uma criança.

— Eu não entendi foi nada desse chilique. — Micael voltou a se sentar na poltrona. — Tua filha tá ficando doida.

— Doida nada! — Branca disse em tom de repreensão. — Ela tá com ciúmes.

— Que ciúmes, mãe. — Sophia rolou os olhos. — Ela já tem dez anos, já já faz onze. Não tem cabimento ter ciúmes de um bebê. Foi assim quando soube da chegada do Miguel? — Perguntou à Micael que negou com a cabeça.

— Ela amou saber que teria um irmão, não é atoa que são muito apegados. — Ele deu de ombros, tão confuso quanto Sophia.

— Ela está com ciúme por causa de você, Sophia! — Branca chamou novamente atenção. — Ela tem dez anos, mas sete deles foi sem você e agora que finalmente está aqui, poucos meses depois vai ter que te dividir com alguém que vai precisar de muito mais atenção que ela. Poxa gente, é tão difícil assim de entender a menina?

— Ela merecia ficar de castigo por conta de tudo o que disse. — Micael comentou baixo, Sophia escolheu o ignorar.

— Eu vou lá conversar com ela e trazê-la pra jantar.— Ficou de pé determinada. — Já venho. — Avisou e Micael negou com a cabeça observando a mulher sair de perto.

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