Capítulo 68

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— Quer carona? — Tatiana encontrou Sophia parada em frente ao hospital, esperando um táxi passar. — Estou indo pra sua casa buscar o Miguel mesmo.

— Nunca recuso carona. — Era noite, as duas haviam encerrado o expediente quase na mesma hora. — É horrível ficar sem carro.

— Logo, logo o seguro devolve o seu novinho. — Caminharam até seu carro e foram conversando mais sobre a saída que as duas estavam planejando.

Não demoraram a chegar e Sophia destrancou o portão., entrando com Tatiana atrás dela. Encontraram Micael deitado no sofá, sem camisa e de bermuda de Tactel, sozinho.

— Juntas? — Ergueu uma sobrancelha e se sentou.

— Ganhei carona. — Sophia se aproximou pra um selinho. — Cadê as crianças?

— No quarto da Maitê brincando de sei lá o quê. — Avisou com um dar de ombros. — A última vez que eu olhei os dois, estavam desenhando.

— Certo, vou lá falar com eles e pegar o meu filho. — Tatiana avisou e subiu as escadas.

— Chatinha demais. — Rolou os olhos pra mulher e Sophia lhe deu uma cotovelada. — Você não pode ficar cuspindo no prato que comeu e se lambuzou. Porque se eu não tivesse acordado tava com ela e não ia tá chamando de chatinha.

— Ela não era chatinha quando tava comigo. Ficou depois que se separou. — Agora além da cotovelada, levou um beliscão.

— Para de ser ridículo, tadinha! — Balançou a cabeça negativamente. — Só não era chata porque te obedecia que nem uma idiota.

— Não era que nem uma idiota, a gente tinha ideias parecidas.

— Meu ovo. — Sophia respondeu com uma risada. — Você é autoritário e todo mundo sabe. Eu espero que se lembre como eu sou, porque não vai ter paz se inventar de me mandar. — Se levantou e cruzou os braços. Ele levantou em seguida e foi até ela, a puxando pra um beijo.

— Ei, ei, ei! — Tatiana interrompeu ao chegar ali com o filho. — Tem crianças na casa, casal. Controlem-se. — Brincou, mas não ficou pra ouvir resposta dos dois, foi embora direto, nem deixou Micael se despedir do menino.

— Ela não deixou eu dar um beijo no menino. — Resmungou e soltou uma bufada. — Aí eu chamo de chatinha e você acha ruim.

— Para de ser implicante. — Deu risada e se beijaram mais uma vez. Se sentaram no sofá e ficaram de chamego. — Uma hora que já estou em casa e a Maitê não apareceu pra atrapalhar um beijo nosso, tem algo errado aí.

— Tem nada, ele deve tá assistindo alguma coisa no computador. — Deu de ombros puxando a amada pra mais um beijo.

— Não sei não. — Se afastou. — Vou lá falar com ela.

— Sério? — Pareceu decepcionado. — Agora? Não podemos aproveitar esses minutinhos de paz?

— Temos a noite pra aproveitar, não precisamos excluir a menina pra isso. Tô te falando, já já ela vai ser contra a gente junto porque não damos mais atenção a ela.

— Não fale como se fosse sempre, voltamos ontem!

— temos a noite toda pra namorar. — lhe deu um selinho e subiu as escadas, indo atrás da filha. Deu batidas singelas na porta e ouviu um resmungo. — Oi, amor. Tá tudo bem?

— Tudo, eu só tô conversando com a Luíza. — Avisou sem erguer o olhar pra mãe.

— Cheguei tem um tempo e você não desceu pra falar comigo, achei estranho. — Caminhou e se sentou ao lado da menina. — Ainda está chateada pelo que ouviu de manhã?

— Não, está tudo bem. — Forçou um sorriso para a mãe. — Eu só fiquei batendo papo mesmo.

— hum, e não tem interesse em descer e ficar com a gente lá na sala? — A menina fez uma careta. — Você adora ficar com a gente! Aí filha, seu pai tava brincando de manhã, não precisa ficar magoada.

— Eu não quero atrapalhar vocês. — Disse com um bico. — Estou bem aqui conversando com a Luiza.

— Você não atrapalha, meu amor. Nós três vamos ficar juntos sempre, seu pai que é um bobo, mas um bobo que ama ficar com você.

— Daqui a pouco eu vou, tá bom? — Sophia soltou um suspiro, mas não insistiu mais, deu espaço pra filha.

— Vamos esperar você pra fazer algo tá bem? — A menina assentiu, ganhou um beijo na testa e Sophia saiu de lá, indo até seu quarto pra tomar um banho.

Voltou pra sala, já bem a vontade e se deitou no sofá, a cabeça no colo de Micael. Recebeu cafuné e fechou os olhos, pensativa.

— Você está com uma ruginha bem no meio da testa. — Ele disse baixo. — Posso saber o que te preocupa?

— Maitê está estranha, nunca a vi ficar chateada por tanto tempo. — O moreno rolou os olhos. — Não desdenha, ela ficou sentida com o que ouviu você dizer.

— Vai passar, ela vai entender que era brincadeira.

— E se não entender?

— Você acha que ela vai fazer o que, Soph? Fugir de casa? — Ergueu uma sobrancelha. — Ela não vai fazer isso.

— Não acho que vai fugir, mas a Maitê é sempre alegre e divertida, eu não gosto da minha filha triste e querendo distância da gente.

— Vai passar, já já ela aparece aqui. — Ouviu a mulher suspirar de novo. — Relaxa, me conta como foi lá no hospital hoje. — Tentou mudar de assunto para distrair a loira e conseguiu. Pouco tempo depois Maitê apareceu ali na sala.

— Que milagre é esse que não tão se agarrando? — A menina perguntou com um sorriso. — Raros são os momentos.

— Oi, meu amor! — Sophia ficou feliz de vê-la ali e a puxou pra um abraço. A menina ficou sem entender nada. — Que bom que você desceu.

— O que te deu, mãe? — Maitê perguntou quando se soltou da mãe. — Parece que não me vê há anos.

— Sua mãe tá emotiva, certeza que tá de TPM. — Ela deu um beliscão em Micael. — Aiii!

— Para de falar besteira. — Maitê deu risada.

— Vim saber se podemos jantar pizza. — A menina se sentou entre os dois. — E que tal jogar um jogo? Imagem e ação?

— Eu topo! — Sophia disse empolgada. — Você pede a pizza! — Apontou pra Micael que deu risada.

— Claro que peço, sempre sobra pro papai. — Brincou e se levantou pra buscar o celular em cima do rack. — Hoje eu vou mostrar pra vocês quem é o rei o imagem e ação. — Sophia olhou pra filha em busca de respostas e a menina negou com a cabeça.

— Ele é péssimo. — A menina cochichou pra mãe. — Sempre fica em último. — A loira deu risada. Tinha se esquecido como era ter sua família completa num domingo a noite. Aquela sensação de estar completa, não perderia por nada.

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