Capítulo 18

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— Oi, pai! — Maitê disse ao chegar em casa da escola, às seis da tarde. Quando Micael tinha chegado do hospital de manhã, não a tinha visto, então foi direto tomar banho e dormir. — Parece que tem um tempo que não te vejo.

— Preciso muito conversar com você. — Deu batidinhas no sofá. — Vem aqui, amor.

— Xiii, parece sério! — Estava apreensiva. — Eu não fiz nada de errado! Pelo menos não que eu tenha percebido.

— Para de sofrer sem saber o motivo. — Brincou. — A conversa é sobre a sua mãe. Já vai fazer um tempo que você não vai visitar ela...

— Não, eu não quero ir. — Interrompeu o pai. — Não vamos voltar nisso outra vez. Eu não quero ir ver uma mãe que só dorme.

— Sua mãe está acordada! — Contou com um sorriso e a menina deu um pulo do sofá. — Ela fala, conversa e até mesmo fica em pé...

— Você está de brincadeira! — Pareceu empolgada aos olhos de Micael. — Eu tenho mãe?

— Você sempre teve mãe, ela só estava dormindo! — A menina fez uma careta.

— E uma mãe dormindo serve de quê? — Cruzou os braços, a personalidade igual a de Sophia. — Agora ela está boa? Podemos sair? Ela pode me levar a escola? Vai ficar aqui com a gente? Mas e a Tatiana?

— Acalma o coração. — Ele deu risada. — Sua mãe não está cem por cento ainda. Estamos trabalhando nisso pra que ela melhore e possa sair do hospital e aí sim vai poder fazer tudo o que você quiser. — Fez uma pausa. — Ela não vai vir pra cá, aqui somos só nós quatro.

— Está dizendo que você vai continuar com a Tatiana mesmo com a minha mãe acordada? — Arregalou os olhos como se fosse o maior absurdo que já ouviu na vida. — Mas você não é casado com a minha mãe?

— As pessoas não são descartáveis. — Ele começou a explicar. — Tatiana não é um tapa buraco que eu posso descartar no segundo em que sua mãe acorda. E tem o seu irmão também no meio dessa história.

— Mas é a minha mãe! — Ela continuou argumentando. — A minha mãe que você já me contou grandes histórias sobre vocês dois, que ficávamos vendo fotos, que vimos e revimos a gravação do casamento de vocês, é a minha mãe!

— Maitê, isso é um assunto pra adultos, você não precisa se preocupar com isso no momento.

— Será que pode me levar lá? — Perguntou animada. — Eu quero ver a minha mãe, olhar nos olhos dela e dizer que estou muito feliz de que esteja melhorando. — Micael deu risada. — Estou falando sério!

— Eu não sabia que você ia se animar tanto. — Estava feliz com a reação da filha.

— É a minha mãe! — Disse alto. — Eu quero conhecer a minha mãe.

— Tudo bem, vai lá tomar um banho e se arrumar. Que eu te levo lá. — A menina assentiu e saiu correndo escada acima pro banheiro.

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Horas antes, ainda pela manhã, Branca havia chegado no quarto de Sophia, um tanto apreensiva. Era nove da manhã, tinha se programado pra chegar antes de Tatiana e conversar com a filha.

— Está acordada? — Branca perguntou quando entrou. Sophia virou a cabeça. — Como está se sentindo?

— Estou bem. — Disse baixinho. — E você, mãe?

— Estou bem também. — Sorriu. — Mais calma? Sua raiva já passou?!

— Me desculpa por ter gritado com você. — Ela pediu baixo. — A senhora é a pessoa que menos merece isso na minha vida, me perdoa.

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