— Nada, não aconteceu nada! — Respirou fundo e se controlou. — Eu só estou com muita coisa na cabeça.
— Então divide comigo, você não precisa carregar tudo sozinha, sabia? — Ergueu uma sobrancelha. — Fala!
— Você tem os seus problemas e eu tenho os meus. — Disse com um sorriso. — Precisa focar na recuperação do Miguel, estou bem, te juro.
— Você me contar o que está te afligindo não vai mudar nada na preocupação que eu tenho com o estado do Miguel. — Explicou e viu a loira respirar fundo. — Sophia estou cada vez mais preocupado com você.
— Deixa isso pra lá, será que eu posso simplesmente ganhar um cafuné gostoso? — Pediu se aconchegando em Micael e o mesmo sorriu. — Não quero conversar sobre nada mais, só quero receber um carinho, pode ser?
— Pode ser o que você quiser, minha linda, mas não pense que vai escapar dessa conversa, tá bem? — Lhe deu um beijo na testa. — Me diz, você quer carinho só na cabeça ou eu posso fazer em outras partes?
— Que partes? — Afastou a cabeça para que pudesse o olhar, sabia que ia dizer besteira.
— Sei lá amor, nas costas, na barriga, ou até mesmo no útero. — Brincou e a observou soltar uma gargalhada. — Carinho peniano.
— Quer parar de ser idiota? — Respondeu rindo e voltou a se aconchegar. — Eu até aceitaria seu carinho peniano, mas hoje eu estou só afim de um cafuné mesmo.
— Tudo bem, eu aceito isso. — A abraçou e iniciou o carinho até que a namorada dormisse. Não demorou até que pegasse no sono também. Na manhã seguinte os dois saíram cedo da cama, pois pegavam às sete, para o plantao diurno.
Tomara um rápido café, Sophia ainda estava super sonolenta, não falava muito. Quando Natália chegou á casa, os dois saíram pra trabalhar. O sono excessivo de Sophia continuou levantando suspeitas em Micael, mas não disse nada, não queria invadir a privacidade dela, sabia que quando chegasse a hora, ela falaria.
Chegaram no hospital e caminharam pra dentro de mãos dadas. Se despediram e Sophia foi se aprontar pra iniciar seu plantão, enquanto Micael foi até a UTI verificar como o filho e Tatiana tinham passado a noite.
— Ei, bom dia! — Ele disse empolgado ao ver o filho com olhos abertos. — Olha só quem parece bem melhor!
— Oi, papai. — Disse empolgado e Micael se aproximou para lhe dar um beijo.
— Ele acordou super disposto tem quase duas horas, Sebastian já passou por aqui e o examinou, disse que se continuar assim, hoje mesmo eles vão transferi-lo pro quarto! — Contou muito feliz, tinha até lágrimas nos olhos.
— Olha só, eu disse que tudo ia ficar bem. — Abraçou Tatiana. — Nosso filho é forte, não vai ser uma quedinha que vai tirar ele da gente.
— Obrigada por estar comigo. — Sorriu quando se afastaram. — Por me apoiar nessa hora, foi muito importante.
— Eu vou apoiar você sempre que for preciso. — A abraçou lateralmente e os dois olharam pro menino. — Separamos, mas você não está sozinha, Tati. Nunca vai estar.
— Eu sei, você é um fofo. A Sophia tem sorte. — Ele deu risada e se afastou dela.
— A Sophia tem sorte? Que isso, você já teve essa sorte. — Brincou e a viu negar com a cabeça. — Como não?
— Você não vai me fazer explicar a diferença que tem, né? — Ele negou com a cabeça ainda bem humorado.
— Sortudo sou eu, Tati. — Voltou a abraca-la, estava muito feliz pela súbita melhora de Miguel. — Eu que sou sortudo por ter tido na vida duas mulheres tão incríveis como você e Sophia. Vocês são fantásticas.
— É, pensando assim, você tem razão. — Concordou dando risada junto dele e então Sophia entrou no quarto, a porta tinha ficado entreaberta. — Sophia. — Tati disse quando a viu parada e se afastou de Micael na mesma hora. — Bom dia!
— Bom dia! — Ela engoliu em seco. — Eu não vim até aqui acabar com a felicidade de vocês, imagino que tenham bastante a comemorar.
— Ei, você não... — Micael começou a falar, mas ela o interrompeu levantando a mão. Se aproximou da cama e Miguel sorria pra ela.
— Eu vim aqui porque um passarinho me contou que tinha um rapazinho acordado. — Fez carinho na cabeça do pequeno. — E então, Miguel, como está sendo desde que acordou?
— Mamãe tá me deixando fazer tudo! — Disse empolgado e arrancou uma risadinha de Sophia, que se debruçou sobre as pequenas grades que tinha na cama. — Está sendo ótimo!
— Ué, mas tá tudo liberado é? Assim eu também quero! — Brincou com o menino que negou com a cabeça. — Ué, a tia Sophia não pode?
— Não, tia! Só o neném pode tudo!
— Mas eu não tô vendo neném nenhum aqui! — Respondeu olhando prós lados á procura. — Onde tem?!
— Eu! — Ele apontou pra si. — Mamãe me chama de neném.
— ih, mas já deixou de ser neném faz tempo! — Implicou e o viu olhar com um bico. — Tá bom, neném da mamãezinha, tá bom assim?
— Não, eu sou um rapaz! — Respondeu e fez todo mundo rir, Miguel estava muito falante.
— Você acabou de me dizer que era um neném! — Brincou mais uma vez e ele pareceu ficar confuso. Que tal um rapaz neném? Pode ser também um neném rapaz!
— Rapaz neném! — Decidiu arrancando risada de todo mundo.
— Tudo bem então rapaz neném, deixa a tia Soph examinar você? — Ele assentiu, ficando paradinho pra cada teste que Sophia fazia. — Muito bem, agora você pode ver seu desenho que a tia Sophia não vai mais atrapalhar. — Lhe deu um beijo e então saiu de perto e se concentrou e Micael e Tatiana. — Gente o Sebastian teve um imprevisto essa manhã e precisou se ausentar do hospital.
— Como assim? — Tatiana disse alto. — Ele ia transferir o Miguel pro quarto hoje!
— Imprevistos acontecem, alguém da família dele estava passando mal, eu não sei direito, ele falou comigo de forma bem afoita, a questão é, ele me pediu pra cuidar do Miguel enquanto ele se ausentar.
— Mas você não é neuropediatra! — Tatiana disse no mesmo tom e fez Sophia rolar os olhos.
— Todo mundo sabe disso, você não precisa gritar. — Respondeu com o mesmo tom amargo. — Ele me deixou uma lista de exames pra solicitar e então se todos derem ok, eu tenho autorização pra transferir o Miguel pro quarto, no mais é só observar o quadro mesmo. Você não precisa se preocupar com a minha falta de especialidade.
— Tá, me desculpe. — Pediu e viu Sophia bufar.
— Vou pedir que venham buscá-lo prós exames. — E saiu de perto, irritada, seus hormônios estavam fervilhando!
— Sophia anda tão estressada! — Micael comentou com Tatiana enquanto a observavam andar. — Precisava ficar com raiva dessa bobeira.
— Acho que ela já estava com raiva por causa do abraço. — Tati respondeu com um dar de ombros. — Mas é normal da fase, depois os hormônios se acalmam.
— Que fase, Tatiana? — E mais uma vez ela percebeu que havia falado demais.
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Segunda Chance
RomanceApós um trágico acidente durante uma viagem de casal, Sophia acabou entrando em coma. Micael, seu marido passa a viver em função da esposa meses após meses, anos após anos. Deixando a pequena Maitê, filha do casal, um pouco de lado. Ele finalmente...