CAPÍTULO 1

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                       EMMA FIORE

Dois anos antes

Um dia eu ouvi uma mulher dizer que a vida é muito curta, que ela pode acabar tão facilmente tanto quanto respira. Então eu vivo a minha vida intensamente... não que isso signifique que vivo fazendo loucuras.....vivo ela aproveitando cada momento que ela me dá, momentos simples, como se deitar no gramado da minha casa a noite para observar o céu estrelado, observar o pôr do sol, ou dança, ou correr em baixo da chuva… mesmo ouvindo a minha mãe me repreendendo, dizendo que eu vou ficar constipada.

A minha mãe é a pessoa que eu mais amo neste mundo inteiro, ela é tudo para mim, somos só eu e ela, o meu pai… bem, não sei nada sobre ele, nem como ele se chama, quer dizer se chamava, ele morreu quando eu era recém-nascida. A minha mãe não fala muito dele, e eu não pergunto, porque sei que falar sobre ele machuca-a.
Eu e a minha mãe somos muito felizes, moramos em Sydney na Austrália, é um lugar maravilhoso, eu não sou australiana, mas considero-me.

A minha mãe é italiana, um dia ela me falou que era de Verona, ela me ensinou a falar italiano, desde dos 5 anos ela começou a me ensinar, e hoje sei falar fluentemente, e uma língua muito bonita. Eu nasci em Houston, morrei lá até os meus 6 anos, depois fomos para Havana, ficamos lá até os meus 12 anos, depois viemos para Sydney. Da aonde eu não quero sair mais.
Na segunda vez que nos mudamos eu perguntei para a minha mãe o porquê de nós estávamos nos mudando, ela disse que era por uma proposta de trabalho, ela sempre me deu o que pode, não somos ricas, nem chegamos perto de ser, mas temos uma vida honesta, a nossa casa tem dois quartos, um banheiro, uma cozinha, e uma sala, e uma varanda em frente a casa.     
O meu lugar favorito é o jardim, que tem uma árvore linda, que fico em baixo dela o tanto que eu posso, ouvido as minhas músicas, que a maioria são (tocadas) por piano, minha paixão, assim como livros.
O meu sonho era ter um piano, mas não temos condições de ter um, quem sabe um dia?!.... mas eu faço aulas de terça e quinta, com um amigo da minha mãe, ele é professor de piano, ele me dá as aulas de graça… eu penso que ele gosta da minha mãe… não tenho certeza, mas a dona Alice diz que eu estou vendo coisa aonde não tem.

Hoje é sexta-feira, a minha mãe está no trabalho, ela trabalha numa confeitaria daqui da cidade, a confeitaria mais famosa da cidade, lá tem cada doce maravilhoso, a senhora Jenkins que é a dona da confeitaria sempre manda doces para mim, e a minha mãe tem uma mão abençoada, ela cozinha muito bem, por isso a senhora Jenkins não abre mão dela.

A senhora Jenkins tem 54 anos, é uma pessoa maravilhosa, tenho ela como uma avó, ela me ensinou a fazer várias doces maravilhosos.
Sempre que eu posso depois da escola vou visitá-la, mas faz duas semanas que não a visito. Eric o meu professor começou a me dar mais aulas já que ele se acidentou com a sua motocicleta, e acabou machucado a perna, então tem que ficar em casa em repouso, e com isso aproveitou para me dar mais aulas.

Hoje aposto que senhora Jenkins vai mandar recado pela minha mãe que é para mim, visitá-la. Amanhã, antes de ir para a minha aula de piano, vou vê-la.

— Emma cheguei! — A minha mãe grita da sala.
Levanto da minha cama tirando os fones de ouvido e vou para sala.

— Estava fazendo o quê?— Ela perguntou colocando algumas sacolas em cima da mesa.

— Ouvido algumas músicas — Respondo indo até às sacolas vasculhar.

— A senhora Jenkins tá com saudades de você. Arruma um tempo para ir visitá-la.

— Ela te pediu para eu ir vê-la?

Sorrio quando vejo uma fatia bem generosa do meu bolo favorito, chocolate belga com morangos.

Esse é uns dos melhores bolos da Senhora Jenkins, esse bolo é um vício, nunca vou enjoar de comê-lo.

— Ela que mandou?— Pergunto já pegando uma colher para devorá-lo.

— Sim. Ela sabe que é seu favorito. — Ela rir quando eu sorrio com a boca toda suja de chocolate.

— Amanhã eu vou vê-la. — Falo de boca cheia.

— Emma já falei que é feio falar de boca cheia.— Ela me repreende.

A minha mãe é uma mulher com uma educação exemplar, ela se comporta com classe. O seu jeito de andar, de falar e de comer, até de se sentar é com classe. Ela me ensinou tudo, e eu sigo a risca, eu admiro esse jeito, admiro ela... mas quando envolve esse bolo coloco a classe e a educação em uma gaveta e a tranco.

— Desculpa — Limpo a minha boca.

— Vou fazer o jantar.— Ela me dá um sorriso e vai para cozinha — Faz a salada?— Ela me pede pegando as coisas dentro da geladeira.

— Faço.

Termino de devorar o bolo e vou até à lixeira jogar a embalagem do bolo. Começo a fazer a salada conversando com a mamãe sobre as aulas de piano.

— Mãe o Eric gosta de você, da para ver isso do jeito que ele te olha — Sorriu para ela.

Eric e um homem de 46 anos, alto, olhos castanhos mel, cabelos escuros, um corpo que aonde passar as mulheres suspira. Ele é um homem lindo.

— Ele é só um amigo, é mais nada — Ela fala sem para de cortar as cenouras.

— Mas por que você não pode dar uma oportunidade a ele? Ele é um bom homem.
Eric ia fazer a minha mãe feliz, eu sei disso.

— Filha, eu sei que ele é um bom homem — Ela para de cortar as cenouras e colocar toda a sua atenção em mim.

— Então por que não dá uma oportunidade para ele?

— Porque o meu coração só tem um dono, o seu pai, eu o amo e sempre vou amá-lo. Não consigo me envolver com ninguém, e nunca vou me envolver. — Tem uma tristeza no seu olhar.

— Eu entendo. — Ela me dá um sorriso fraco.
A minha barriga dá um ronco alto e nós duas começamos a rir.

— É melhor terminarmos de fazer a janta, porque tem gente aqui faminta.

Depois do jantar fui deitar e fiquei pensando no que a minha mãe disse sobre o meu pai, mesmo ele morto ela continua fiel a ele, eu acho isso lindo, um amor assim. Fui dormir com o sonho de encontrar um amor assim um dia.

Duas semanas depois

A última nota do piano soa pela sala, uma melodia suave e tranquila, abro os meus olhos e encaro Eric que está sentado a minha frente com os olhos arregalados de boca meio aberta.
De repente ele começa a bater palmas, me pegando de surpresa.

— Emma, isso foi incrível.

— Você achou? — Pergunto receosa.

Eu estou trabalhando nessa música há semanas, e hoje terminei.

— Sim, você tem um dom. Nunca vi ninguém tocar dessa forma, é de tamanha perfeição, que nem sei explicar — Sorrio emocionada.

— Obrigada. Eu queria tocar a metade do que você toca — Ele começou a rir.

— Emma você tocar melhor do que eu, mil vezes melhor. O professor vira o aluno, e o aluno vira o professor. Você tem um talento nato, muitos pianistas profissionais não tocam como você.

Uma lágrima cai no meu rosto, rapidamente a enxugou com a mão.

— Por que está chorando?
Ele pergunta com a testa franzida.

— De felicidade. Ouvir isso de você é muito importante, você sempre foi o meu espelho, sempre te admirei — Ele se levanta e puxa a cadeira para perto de mim, e segura as minhas mãos.

— Sou eu que te admiro. Fico honrado de ser um espelho para você — Ele me dá um abraço, e eu retribuo com um abraço forte.

Uma das coisas que eu aproveito na vida são os abraços, os abraços apertados nas pessoas que eu amo, e que me amam.

Matteo Valentini - Máfia 'Ndrangheta Onde histórias criam vida. Descubra agora