CAPÍTULO 46

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            MATTEO VALENTINI

Não consigo dormir, minha cabeça está fervilhando, Lorenzo...Rafaello, a filha dele, que iria caça até o inferno.
Vou para varanda e me sento no sofá, já era bem tarde, mas minha cabeça não parava, sempre é assim quando o nome da minha irmã é pronunciado.

Me lembro até hoje quando ela nasceu, era tão pequena, frágil e linda, eu jurei para mim quando eu a peguei nos braços pela primeira vez que a protegeria de tudo e todos, mas eu falhei miseravelmente, eu a deixei morrer. A última vez que eu a vi ele esticou os braços para mim e eu não a peguei. Ela fez uma cara de choro, mas eu não me importei. Depois desse dia nunca mais eu a vi.
Fechei os olhos por um minuto e senti o perfume que esta me deixando louco, quando abrir vi ela próxima de mim. Seu corpo estava um pouco tenso, olhei para aqueles olhos que me deixa hipnotizado, peguei sua mão a puxando para se sentar ao  eu lado.
Ela se sentou e eu puxou suas pernas as colocando cima das minhas, e coloquei  minha mão em suas coxas, sentindo sua pele quente e macia.

— Tá tudo bem?— Ela perguntou com a voz baixa.
Sua voz era algo que sempre me acalmava.

— Não.

— Oque aconteceu?

— Nada que tenha que se preocupar.
Ela ficou quieta por tempo, vi que seus olhos estavam nas minhas tatuagens.

— Oque significa?
Seus dedos passaram pela tatuagem que eu tinha em cima do meu do peito do lado esquerdo.
Era uma rosa negra com um punhal cravado.

— A rosa significa, pureza, beleza, alma....mais essa é rosa negra, significa morte, o fim. E o punhal, perda.
Ela ficou olhando o desenho com cenho franzido.
Respirei fundo.

— Minha irmã.
Digo com algo ruim surgindo dentro de mim.

— Ela gostava de ficar olhando para as rosas, poderia ter uma imensidão de flores, mas ela sempre preferia as rosas. Quando ela morreu eu a fiz, a minha primeira tatuagem.

Me vem a mente a imagem dela, observando as rosas no jardim.

— Mia.
Ela diz suavemente...um pouco temerosa.
Imediatamente a olho.

— Sua mãe me mostrou uma foto dela. Oque aconteceu com ela?

Fiquei quito, não queria tocar nesse assunto com ela, mas quanto percebi já estava abrindo a boca.

— Quando você nasce na máfia você adquirir um alvo pra sua testa, e todos vão querer acertar esse alvo. Não tenho nenhum problema em ter nascido na máfia, até gosto do poder, do fato de todos estarem me vê como um rei. Eu não sabia oque era a máfia em si, só sabia que era algo importante e que eu iria ser alguém muito importante. Quando eu tinha 7 a 8 anos comecei a entender oque era....e que minha família governava tudo, o meu pai era o chefe de tudo. Ele me iniciou, e com 2 meses de treinamento, não sabia quantas costelas e quantos ossos meus foram quebrados no decorrer dos exercícios, foram tantos que eu parei de conta.
Ela me olhou com pavor.

Lhe dei um sorriso...um sorriso amargo.

Não ligava pro tanto de ossos que eu quebrei, foda-se os ossos, as dores que eu senti. Só me fizeram mais forte, aprendi que as coisas ruins que você passa podem de deixar mais forte.

— O Meu problema não era as costelas e ossos quebrados e nem a máfia, era Alessandro Valentini....o meu pai. Os monstros dos filmes de terro que eu e o Lorenzo assisti perdiam para ele. Ele matava inocentes com um sorriso no rosto, não tinha diferença se era mulher, criança ele matava. Cresci vendo-o bater na minha mãe, até ele perder a consciência. Muitas vezes sentia uma raiva tão grande que não podia controlar. Mas eu e o Lorenzo fomos criados para respeitá-lo, ele estava acima de tudo,  oque ele dissesse era lei. Eu tinha de obedecê-lo calado, vendo machucar a minha mãe, e meu irmão, não podia fazer nada pelo fato dele ser o meu pai, e meu Don. Ele sabia que eu odiava, mas ele não estava nem aí, porque sabia que eu não poderia matá-lo, se não eu morreria também....nós não podemos atentar contra a vida de um dos nossos, se fiz morre — Trinquei o  maxilar irritado, com raiva de lembrar de tudo isso.

Matteo Valentini - Máfia 'Ndrangheta Onde histórias criam vida. Descubra agora