CAPÍTULO 86

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               MATTEO VALENTINI

Depois que sai do hospital não voltei para vê-la, mas ia ao hospital todos os dias para saber pela própria médica como os dois estavam. A minha ficha não tinha caído em relação à gravidez, eu ia ser pai, eu estava apavorado se algo pudesse acontecê-lo. 

Tive que pegar um documento em casa, acabei indo ao nosso quarto, só de pensar que ela não estaria mais deitada na cama me esperando, uma tristeza me tomou, com muita força, me fazendo lembrar que a partir do momento que ela voltasse para Nova Iorque eu estarei a perdendo, eu não a terei mais, não verei mais seu sorriso lindo, não ouvirei sua voz calma, não veria seus olhos azuis, quando acordasse. Expiro sentido perfume. É uma coisa que nem eu sabia mais como era, aconteceu, lágrimas começam a rolar dos meus olhos. Me sento na cama deixando as lágrimas saírem. 
A sensação do aperto na garganta e as lágrimas, me causam uma dor que não sou capaz de descrever. Eu tinha perdido a mulher que eu amava, o meu filho, que eu rejeitei… eu perdi a minha família. 

— Eu perdi tudo por causa de você se desgraçado — Grito jogando o abajur na parede. 

Começo a quebrar tudo que vejo pela minha frente. 

Jogo o espelho no chão, ele se quebra em mil pedaços, se espalhado pelo chão todo. Sinto braços tentando me conter.

— Calma, calma eu tô aqui — Lorenzo diz atrás de mim.

— Eu perdi os dois — Choro, colocando tudo para fora. 

Era como a raiva o ódio que eu sentia estivesse saindo com as lágrimas. O peso que eu carregava sozinho por anos. 

— Não, você não perdeu. Ela te ama, eu seu filho também vai te amar. 
O empurro. 

— Como vai me amar!? Olha para mim, Lorenzo, eu sou a porra de um assassino, tenho sangue nas mãos de tantas pessoas que perdi as contas. Ele nunca vai me amar, vai ter medo de mim, repulsa...

— Não irmão, ele não vai. Ele vai te vê como melhor pai do mundo, ele vai ter orgulho do pai que tem, vai se espalhar em você, sabe por quê? Porque o pai dele protegeu várias e várias vezes da mãe e o irmão não serem mortos pelo mostro do avô. Impediu de um garotinho de apenas 6 anos não ser morto, de uma família inocente ser morta queimada. 
O encaro.

— Eu sei te todas as coisas que você fez para proteger inocentes, me proteger e a nossa mãe. E sei que você foi castigado por isso, sei que doeu muito. Você levou uma facada nas costelas por mim proteger, e sei que quase morreu. Eu cresci me espelhado em você, na sua força. Você vai ser um pai incrível. 

Ele me abraça, fazendo as minhas lágrimas aumentarem.

Depois que me recuperei nos sentamos no chão, no único lugar que não estava com caco de vidro.

— Você deve estar querendo saber como eu sei de tudo isso. 

— Nosso tio tem a língua muito grande. Digo, é ele começa a rir.

— Ele me contou sem querer.

— Estava bêbado?

— Sim, muito. 

O único que sabia de todas as coisas que eu passei nas mãos de Alessandro, era o meu tio. 

— Ela vai voltar para você. 

— Não deveria. Não quero machucar ela, mas do que machuquei. 

— Mas machucar ainda mais você ficando longe. 

Jogo a cabeça para trás, apoiando na parede, encarando o teto branco. 

— Eu vou ser pai.

— Sim. Você vai ser pai.

Olho para o meu irmão, que tem um sorriso no rosto. 

— Porra...

— Vamos, você tem que dizer para a bonequinha que não quer que ela vai embora. 

— Não vou.

— Haaa meu saco. Tira sua cabeça do rabo, realmente você vai ficar parado vendo sua esposa grávida de um filho seu ir embora!?

— Eu não quero que ela vá Lorenzo, mas ela tem que decidir que depois de tudo ela quer ficar comigo ainda, sem pressão nenhuma. Se ela voltar, não vou deixar sair de perto de mim nem por um segundo. Mas se ela decidir ir embora, vou deixá-la. 
Me levanto e olho para o quarto. 

— Vamos. 
Digo e saio do quarto. 

                            ☆☆☆☆☆

Hoje a Emma teria alta do hospital, logo a pós a alta Santiago a levaria para Nova Iorque, suas malas já estavam feitas.

Quando era 1 horas da tarde Santiago me mandou mensagem dizendo que estava a caminho do jato com a Emma. 
Ela tinha decidido em me deixar, eu tinha a perdido. 

Quando chego Passei o resto da tarde sem consegui fazer absolutamente nada. Quando anoiteceu fui para a cobertura, logo de manhã mandaria Santiago se livra da casa.

Quando estou dentro do elevador meu celular começa a tocar, era Lorenzo, recusei a chamada. Mas logo chegou uma mensagem. 

Você é filho da puta desgraça. 

Ele com certeza já estava sabendo que a Emma foi embora, e eu não fiz nada. 
Quando chego na cobertura vou direto pegar uma bebida bem forte.

— Você ia me deixar ir embora. 
Paraliso quando ouço sua voz. 

Me viro e a vejo sentada em uma poltrona no canto da sala.

— Eu não consegui ir. Em amo Nova Iorque, mas a minha casa é aqui, aqui com você. Mas eu quero te perguntar uma coisa. 
Balanço a cabeça assentido.

Ela se levanta e vem até mim. 

— Você nos quer? Quer ficar com nós dois?

Coloco a minha mão em seu rosto, e acariciou seu rosto levemente. Me ajoelho diante dela e olho para a sua barriga, o lugar onde está carregando o meu filho. Levanto sua blusa e beijo sua barriga plana.

— Vocês dois são, tudo para mim, são minha família. Eu amo vocês — Seus olhos ficam lagrimejados.

Encosto minha testa em sua barriga, e sinto sua mão em meus cabelos. 

— Eu preciso de ajuda Emma, eu não sei como fazer isso.

— Eu também não sei. Eu só tenho 20 anos, não planejava ser mãe nessa idade. Ei olha para mim. 
Ela segura me rosto com as duas mãos. 

— Nós vamos fazer isso juntos, vamos passar por tudo juntos. Vai dar tudo certo, eu sei que você vai ser um pai incrível. 
Me levanto. 

— Você ainda me ama? — pergunto. 

— Sim — Sorrio com sua resposta. 

— Eu nunca vou deixar de te amar. 
Choco os nossos lábios. 

Era como se eu tivesse ficado anos sem beijá-la. Tinha sentido tanta falta dela, do calor do seu corpo, dos seus braços envolta do meu pescoço. 

— Podemos voltar para casa? Quero tomar banho, e deitar na nossa cama.

— Sim, podemos.

Eu nunca realmente tive um "lar". Sempre considerei o lugar em que vivia apenas como uma residência qualquer. Porém, com ela, com eles, finalmente encontrei um verdadeiro lar, onde quer que estejamos juntos é o meu lar. 

Matteo Valentini - Máfia 'Ndrangheta Onde histórias criam vida. Descubra agora