CAPÍTULO 103

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                  EMMA VALENTINI

— Ouço alguém dizendo algo, e uma pressão em minha mão, queria abrir os olhos as não conseguir, sinto um cansaço imenso e caio, mais uma vez, no sono.

Aos poucos vou abrindo meus olhos, com dificuldade por causa da claridade, mas me esforço para abri-los até que consigo. Ouço um barulho de máquinas ligadas, quando percebo onde estou, o barulho fica irregular, mais alto, vejo a porta sendo aberta e Mia passar por ela.

— Meu Deus, você acordou — Ela diz sorrindo.

Olho ao redor e não encontro mais ninguém.

— Cadê o Matteo? — pergunto com dificuldade.

— Ele foi em casa para vê as crianças.

— Estamos em Roma?

— Sim. Ele quis te trazer para cá.

Depois que o médico disse que você poderia viajar, ele literalmente montou um quarto de hospital cheio de coisas dentro do avião para te trazer.

— Há quanto tempo estou aqui?

— Três semanas. Você estava em coma induzido para se recuperar. Como está se sentindo?

— Bem, só com um pouco de dor nas costas.

— Eu vou chamar o médico! — Assinto.

Logo o médico chega.

— É bom vê-la acordada sra. Valentini, como se sente?

— Com um pouco de dor. Mas nada insuportável.

— Vou pedir para enfermeira de dar algo pra dor.

— Quando poderei ir embora? Eu quero ver meus filhos, eles são bebês, eles precisam de mim — Digo, angustiada.

— Fica calma. Vou fazer novos exames para conferir seu estado, e se tiver tudo ok, você será liberada ainda hoje, ou amanhã.

— Tá bom.

Ele sai do quarto, e minutos depois a enfermeira entra e coloca um remédio para dor, no soro.

— Você parece com sono.
Mia diz ao meu lado.

— Eu já dormi muito.

— Forçada. Dormi um pouquinho, assim logo o médico estará aqui para te liberar — Sorrio e fecho os olhos.

Acordo com um beijo em minha testa. Imediatamente sei quem é pelo seu cheiro.
Abro os olhos e vejo Matteo sorrindo para mim.

— Oi — Digo com a voz embargada.

Não aguento por muito tempo e começo a chorar.

— Shiii, tá tudo bem agora amor. Você tá bem.
Ele diz acariciando meu rosto.

— Eu tive tanto medo de não te ver mais. Te não poder pegar nossos filhos no braço.

Ele se debruçar sobre mim me abraçando.

— Eu sei, amor, eu também tive medo, mas agora estou aqui.

— Eu quero ir pra casa, por favor. Suplico.

— Vamos agora — Ele sorri.
Puxo ele é ele me beijar.

— Eu te amo, muito — Ele diz, com os lábios nos meus.

O médico me passou várias recomendações, tinha que ter repouso.

Durante todo o caminho de volta para casa, fui agarrada  como o Matteo, com ele ao meu lado, com sua mão em mim, me senti segura novamente, em paz, mas faltava duas coisinhas para me sentir completa.

Quando o carro parou, e Matteo abriu a porta a primeira pessoa que eu vi foi a Sophie, ela veio até a mim e me abraçou chorando, logo Violeta apareceu chorando também, foi uma choradeira.

Quando entramos em casa, Antonella estava com Ethan nos braços, e a Mariana com Giulia.
Desabei a chorar em ver meus filhos.
Eles ficaram eufóricos, Giulia ficou jogando o corpinhos para frente, olhando piedosa para mim.

Matteo me levou para o sofá, para eu poder pegar os dois.
Era tão bom ter seus corpinhos no meu, senti o cheirinho deles.
Os dois agarram em mim, e não quiseram sair mais de perto de mim. Os beijei e os abracei.

— A mamãe voltou, e nunca mais vai sair de perto de vocês!

Naquela noite eu dormi com os dois na minha cama. Eu dormi tranquilamente, com as três pessoas mais importantes da minha vida.

                         ☆☆☆☆☆☆

Já fazia um mês que tudo aconteceu, tudo estava perfeito. Agora eu poderia dizer isso, a descoberta que a Mia estava viva, era um presente para todos. Matteo estava leve, seu olhar era diferente. A dor da perda não estava mas lá, a Antonella estava tão feliz, radiante, Lorenzo aproveitava cada momento que tinha com a irmã.

Ela começou uma nova vida, começou a estudar moda, ela tinha um talento para desenhar, era cada vestido que ela criava que eu e as meninas ficávamos passada. Tudo estava perfeito.
Mas tinha uma coisa, o meu pai.

— Você esta pronta? — Matteo questionou.

— Sim. Eu acho.

— Podemos voltar para casa, e quando você estiver preparada nós voltamos.

— Eu estou bem. Sério — Ele me olhou com seu olhar avaliador, para descobrir se eu estava mesmo bem.

Estávamos na Sicília, a poucos metros de distância dos portões da mansão do meu pai. Assim que descobrir tudo, que ele era o meu pai, e o que ele tinha feito eu não quis ele na minha vida, tomei essa decisão por ele supostamente ter matado uma criança, ainda mais a irmã do meu marido. Mas agora sabemos que ele não fez isso, foi tudo armação do Demétrio.

Por trás da raiva que eu sentia dele ter feito uma atrocidade dessa, eu me sentia tão triste, eu estava desabando por dentro, em saber que meu pai, que minha mãe falava com tanto amor era um mostro, e eu não podia tê-lo por perto, perto dos netos.

Matteo parou o carro e saiu para abrir a porta para mim, respirei fundo antes de descer. Ele segurou a minha mão, e começamos a anda pelo caminho de pequenas pedras, em direção ao entrar da mansão.

Quando olho para frente, vejo um homem em pé nas grandes portas pretas, meus olhos se arregalam quando olho percebo quem ele é.

Rafaello, como eu não tinha percebido. Eu já tinha me encontrado com meu pai antes, nos tiamos conversando. Quando paro perto dele, vejo o nervoso em sua expressão. Posso ver seu peito subir e descer sob as roupas, está tão nervoso quanto eu.

Matteo fica atrás de mim, mas não tira sua mão da minha.
Ele não para de me olhar, parece querer decorar meu rosto em sua mente. Ele ergue sua mão, e leva até o meu rosto, antes de tocar em mim, me olha, pedindo permissão, lhe dou um sorriso, e ele toca suavemente em meu rosto. Fecho os olhos com seu toque, estava sentindo o carinho do meu pai.
Uma lágrima escorrer pelo meu rosto.
Quando abro os olhos vejo suas lágrimas também caindo.

Uma emoção incontrolável, e forte me atingiu, que as lágrimas escorreram sem parar. Abro um sorriso para ele, que retribui.

— Você tem os olhos dela… — sussurra olhando no fundo dos meus olhos.

Acabo soluçando, em tocar o nome da minha  mãe.

— Os olhos dela…você é a cópia dela.

Largo a mão do Matteo e o abraço, abraço o meu pai. Suspiro seu perfume, me da uma sensação indescritível.

— Minha filha — Ele diz em um sussurro, tentando controlar o choro.

Depois que paramos de chorar, ele me leva para a sala, nos sentamos. Fiquei bem pertinho dele.

— Eu não acredito que você esteja aqui.
Ele diz me encarando.

— Eu também.

— Se eu soubesse que você existia, eu te procuraria, sem parar. Me perdoa, por te deixar sozinha.

— Você não teve culpa. Não preciso te perdoar.
Seguro sua mão.

— Vamos esquecer o passado, e viver o agora — Digo sorrindo — Você tem netos lindos.

Ele arregala os olhos, e olha para Matteo, que estava sentado em um poltrona calado.

— Por que não me disse?
Ele questionou a Matteo.

— Porquê não era da sua conta.
Matteo diz olhando para ele com uma expressão de tédio.

— Matteo!
Chamo sua atenção.

— Tudo bem filha. Eu e seu marido seremos bons amigos.

Ele olha para mim com um sorriso brincalhão.

— Não seja ingênuo Rafaello.
Comecei a rir.

Conversamos muito, ele me contou tudo sobre a minha mãe, como a conheceu, como foi descobriu quando minha mãe estava grávida.

— Está na hora de irmos — Matteo diz.

Realmente estava, voltaríamos para casa ainda, não queria ficar longe dos meu filhos.

— Irei visitá-la, e conhecer meus netos.
Assenti e o abracei.

Quando estava se distanciando da casa Matteo deu um sorriso de lado.

— O que foi? — Perguntei.

— Estou feliz por você. Que tenha encontrado seu pai, e que ele não seja um filho da puta do caralho com o meu.

— Eu também estou muito feliz. Obrigada por estar comigo.

— Até que a morte nos separe.
Começo a rir.

Matteo Valentini - Máfia 'Ndrangheta Onde histórias criam vida. Descubra agora