CAPÍTULO 83

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                 EMMA VALENTINI

Fazia exatas duas semanas que eu não via ele, eu perguntava todos os dias a Mariana se ele tinha ligado, e a resposta sempre era uma não. Ela me olhava com os olhos tristes. A Mariana passava as madrugadas comigo acordada, os enjoos estão acabando comigo, meu rosto estava abatido, tinha perdido peso. Antonella foi comigo na médica, eu estava com 5 semanas de gestação, e também descobri que estava com hiperêmese gravídica. Isso explica os enjoos intensos. Dr Meredith me explicou que essa doença impede da gestante de se alimentar ou ingerir líquidos, e isso pode levar a desidratação e à desnutrição. Também causa fadiga, tonturas e perda de peso. Eu estou com medo, desesperada pelo meu bebê, eu não quero que aconteça nada a ele.
Meredith me tranquilizou, me passou um medicamento, e me mandou para nutricionista, que me passou alimentos que vão me ajudar, e se não passar com tudo isso vou ter que ficar internada.

— A mamãe do ano — Ouço Lorenzo diz atrás de mim.

Estava no jardim, sentada no gramado.
Ele se sentou ao meu lado e me deu um beijo na testa.

— Como você está? — Pergunto.

— O foco aqui é você bonequinha. Como é que você está?

— Apavorada, descobri que tem uma doença, que dá em grávidas. Vômito tudo que tem dentro de mim, até o que não tem eu quero vomitar. Isso faz mal a ele — Coloco a mão em minha barriga.

— Você vau ficar bem. Temos acesso aos melhores médicos, você é minha mime bonequinha vão ficar bem.
Sorrio.

— Você acha que é menina?

— Tenho certeza absoluta. Mesmo que isso vai me trazer muita dor de cabeça. Vou ter quer espantar o bando de urubu, ainda bem que tenho um arsenal.

Começo a rir, mas depois começo a chorar.
Lorenzo me abraça, afundo meu rosto em seu peito.

— Você não vai passar por isso tudo sozinha. Eu estou com você, vou ser o melhor tio do mundo inteiro.

— Eu sei — Olho para ele — Ele não vai voltar  não é!?
Ele respira fundo.

— Matteo tem muita merda na cabeça, ele precisa de um tempo para colocar tudo no lugar. Nosso pai fez coisas com ele que até eu não sei, essas coisas afetaram muito ele. Nesse momento é melhor você se afastar dele.

— Por que ?

— Ele não está muito bem Emma, e eu temo pela sua segurança.

— Ele...ele nunca me machucaria.
Meu coração palpita rapidamente.

— No normal dele não, mas ele não está no seu normal. É melhor você ficar com a minha mãe, assim você não vai ficar sozinha.

Eu fiquei tão extasiada que só assisti, não disse nenhuma palavra.

Mariana arrumou as minhas coisas, e Lorenzo me levou para casa da Antonella. Ela me abraçou tão forte, me senti tão desprotegida, perdida que chorei de soluçar. Estava tão cansada que acabei dormindo.
Nos primeiros dias foi difícil de dormindo, sentia falta do Matteo, dos seus braços ao meu redor. Sophie me ligava todos os dias por vídeo chamada. Ela xingava Matteo todos os dias. Violeta se juntava a ela nos xingamentos, mas pedia desculpas a Antonella depois. Lorenzo vinha me visitar todos os dias, e ele me encontrava todas as vezes na cama.

Eu estava fraca, as tonteira eram constantes, nada parava no meu estômago.
Eu estava sentada no chão do banheiro, com os braços apoiados na tampa da privada fechada com as bochecha descansando sobre eles. Minhas lágrimas escorriam pelo meu rosto. Eu estava tão exausta e fraca que acabei adormecendo ali mesmo. Depois de um tempo senti alguém me pegar no colo e me colocar na cama com cuidado. Abrir os olhos para tentar ver quem era mas só vi um borrão saindo pela porta.

                        ☆☆☆☆☆

No dia seguinte Antonella foi ao meu quarto com uma bandeja de café da manhã.

— Obrigada — Comecei a comer as frutas.

— Estou preocupada com você querida.
Ela disse passando a mão carinhosamente pelo meu rosto.

— Eu vou ficar bem.

— Sim, vai. Temos um consulta marcada essa tarde.

— Tá.
Ela ficou comigo até eu terminar de comer tudo.

Eu estava muito sonolenta, dormi até a hora de sairmos.
Depois da consulta voltamos para casa, no caminho dois carros começaram a nos seguir, o motorista começou a correr.
Antonella pegou a minha mão tentando me acalmar. Mas quando os tiros começaram não teve como se acalmar. Tudo desmoronou quando senti algo quente escorre pelas minhas pernas, sangue.

— Antonella! — A chamei olhando para o sangue.

Ela olhou para mim com os olhos arregalados.

— Matias precisamos ir para o hospital Ela gritou.

— Meu filho — Comecei a chorar compulsivamente.

— Calma, vai ficar tudo bem.
Um carro bateu no nosso.
Comecei a sentir dores.

— Calma.
Outra batida, e mais tiros.

O carro era blindado, mas uma hora poderia não aguentar.

A Antonella pegou seu celular com uma mão, enquanto com a outra segurava a minha mão.

— Filho — Outra batida — Estamos sendo atacados, a Emma está sangrando, vem rápido.

Tudo a minha volta começou a ficar silencioso, só via os lábios da Antonella se mexerem, dizendo algo para mim. O meu corpo inteiro estava desistindo de tudo, e eu também

Matteo Valentini - Máfia 'Ndrangheta Onde histórias criam vida. Descubra agora