A Segunda Chance do Alfa

Capitulo 3 - Sonhos

***Erdem***

Ao contrário do que pensei, o Hugo não falou nada, apenas me deixou sozinho ali perdidos nos meus pensamentos, em uma certa garotinha de olhos coloridos, afinal havia momentos que eram verdes, mas logo uma faísca de fogo percorria alterando a cor.

Estava cansado, preciso parar de me focar em quem não conheço e muito menos é a minha responsabilidade, ao chegar no meu quarto tomo um banho rápido sentindo o cansaço das noites não dormidas cobrarem o seu preço.

Nem me troquei e cai na cama apagando em seguida, como se estivesse me esperando, ali estava eles, um casal muito lindo, por sinal eles pareciam muito felizes, mas fugiam de algo, mas não conseguia ver por conta do fogo.

A imagem muda completamente assim que me viro e ali estava ela dando à luz aquele pedaço de gente que nem chorar chorava de tão quietinha, não tinha como não lembrar da Luna e isso apertou o meu coração.

Mas não tive tempo de pensar já que fui jogado para dentro de uma floresta onde o homem corria com a criança nos braços enquanto chorava, ele a entrega para uma mulher pequena muito parecida com a mãe da criança.

Era agora que as coisas começavam a me irritar, pois depois de uma certa idade ela era maltratada de diversas formas, já vi ela ser espancada, ser alvo de adagas e até mesmo ser o alimento de alguns lobos.

Não sei se isso é possível ou praticável ainda, mas isso me revoltava muito, em diversas vezes acordei chorando sem nem controlar, por sentir a dor da rejeição que ela sentia.

Hoje ela fugiu e acabou caindo do penhasco, desta como sempre faço tento a segurar a puxando para uma gruta que tem no meio da floresta para que ela consiga se esconder deles e quando o sol nascer conseguir fugir.

Acabei acordando assustado, pois quando ela pulou gritou o meu nome, essa era a primeira vez que isso acontecia e claro que perdi o sono novamente, o pior foi dar de cara com o Hugo me olhando.

— Nem uma palavra — ele apenas concordou, mas passou a acompanhar a minha rotina de sono e claro percebeu que isso estava mais frequente que nunca.

Para o meu alívio ele não tocou mais no assunto, mas para conseguir me livrar dele muitas vezes o mandava nas missões no meu lugar apenas para ter tempo de pensar nas novas coisas que conseguia aprender sobre ela dos sonhos.

Uma delas era que ela amava janelas enormes para a vista ficar inteira, já que de onde ela muitas vezes era trancada com apenas um quadradinho, mesmo assim ela sorria vendo o horizonte.

Acabei reformando o sótão da minha casa o deixando completamente de vidro para o lado que dava para o horizonte, assim que terminei o Hugo chegou de mais uma missão e para variar veio conferir se estava vivo e se havia dormido.

— Uau... — ele acabou engolindo tudo o seu discurso de sempre assim que viu a janela — Isso é do sonho?

— Sim — respondo suspirando tentando dar os meninos detalhes para ele.

— Já pensou em procurar essa criatura que invade todos o seu sono?

— De tantas formas que ela já nasceu e morreu, duvido muito que ela seja da nossa realidade — era a primeira vez que falava um pouco mais.

— Como assim? — ele estava até sem cor, me olhando assustado.

— Ela sempre morre e é torturada das piores formas possíveis, algumas que nem tenho coragem de reproduzir.

— Toda noite? — nego com a cabeça já que isso acontece somente quando durmo — Erdem...

— Toda vez que durmo, pode ser dia ou noite, assim que fecho os meus olhos a vejo nascer, fugir, sofrer e morrer, já tentei impedir e não consigo — me jogo no colchão que coloquei ali fechando os olhos.