Capítulo 88

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***Kenina***

A mente da Melione ser um completo caos não era foi uma surpresa. Ela era toda em camadas para esconder a sua dor e rejeição. No final ela sabia muito bem como eu me sinto já que sofreu abusos semelhantes.

Não sabia nem por onde começar, já que havia muita informação e algumas até mesmo atemporais, o que estava me deixando com dor de cabeça. Ao fundo, vi uma menina que me olhava atentamente.

Era a versão criança da Melione, o problema é que assim que dei um passo na sua direção os seus olhos escureceram e as veias ao redor seguiram o mesmo tom. Ela se sentiu ameaçada e isso não era nada bom para mim.

— Me perdoe, Melione, não queria assustar — me sento sobre os meus calcanhares, ainda olhando na sua direção.

— Como conseguiu entrar aqui? Por que quero te abraçar? Onde está a sua faca?

— Por que eu teria uma faca, Mel? — um som estranho saiu da sua boca e isso me deixou em alerta. Não quero atacar a Melione em sua mente, isso pode trazer danos irreversíveis para ela.

— Vocês mulheres sempre têm uma, jurei que não iria cair nessa novamente, toda vez a mesma coisa, me tratam com carinho e depois me cortam para terem o meu sangue.

— Não quero o seu sangue, mas quero saber quem fez isso com você, vou amar queimar todos.

Apesar de o seu olhar me analisar a todo momento, um sorriso cresceu em seu rosto com as minhas palavras. Como uma velocidade fora do comum, ela correu na minha direção e se jogou nos meus braços, me abraçando.

A minha resposta foi rápida, abraçar a pequena Melione não era nenhum sacrifício, mas não imaginava que ela mesma iria se machucar por isso. Fiquei em choque quando ela enfiou uma enorme adaga contra a sua barriga assim que se afastou de mim.

— Não adianta, ela sempre vai fazer isso — uma versão adolescente estava escorada em uma porta.

— O caramba, que não — concentro o fogo na sua barriga, cauterizando o ferimento — Está proibida de fazer isso novamente, me escutou, mocinha?

— Você me salvou...

— E vou salvar sempre, não está mais sozinha, somos família lembra? Bem diferente, mas ainda sim família — não obtive resposta já que aquela criança simplesmente desapareceu bem ali na minha frente enquanto a versão adolescente batia palmas.

— Que lindo, essa foi a melhor mentira que já escutei.

— Se eu fui uma aborrescente como você, eu juro que eu mesmo vou me bater agora — jogo uma corda de fogo a segurando e não permitindo que ela tenta nada — Vamos direto ao ponto, me mostra quem foram os cretinos que vamos visitar depois — ergo a minha mão e logo uma labareda de fogo começa a crescer.

— Vai mesmo nos libertar de todos os traumas?

— É o que irmãos fazem, e se não fazem, que se dane tudo, eu vou fazer isso por você, sou nova nesse negócio de irmã mais velha — ela apenas pisca para mim e tenta se livrar do aperto — Nem pensar, chega de surpresas, vai continuar assim.

A sua gargalhada me fez suspirar fundo já que ela simplesmente desapareceu e eu juro que quando voltar vou dar uns tapas na Melione. Não era para ser tão difícil assim, eu só deveria ver o que aconteceu entre ela e a Tiamate e pronto.

— Você reclama demais — a voz da Tiamate pular de susto.

— Que merda está acontecendo?

— Não acredito que vou dizer isso, mas a sua irmã tem mais traumas do que pode suportar, então essa foi a melhor forma de se não surtar e, antes que comece, todas que fizeram mal a ela já foram mortas — o seu sorriso vitorioso me fez rir baixo.

A Segunda Chance do AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora