Capítulo 68 - O perdão

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***Kenina***

O meu estomago embrulhou, a minha boca ficou amarga, precisei abaixar as minhas mãos tremulas para que os dois vissem como fiquei abalada. Bilge nunca se relacionou sério com ninguém e por isso nunca teve uma família.

Os antigos reis eram todos casados por conveniência, até o meu pai assumir e descobrir que as fadas do fogo que originalmente eram responsáveis pelos portais, isso aproximou ele da minha mãe que também era a líder delas.

Senti os olhos do Sadik sobre mim e não estava nada confortável, foi somente após ele terminar que entendi onde essa conversa iria chegar. Bilge deixou bem claro no começo que não é aliado de ninguém, ou seja, também não seria o meu.

Estava muito claro que ele apelou para o meu emocional para me manipular e se não fosse pelos anos que passei com o Keenam certamente cairia nesse seu papo furado de tradições e costumes antigos da realeza.

— Então, a culpa da minha mãe morrer...

— Não diga isso, querida, a culpa é somente do seu pai — ele segura a minha mão por cima da mesa, se ele quer brincar, eu também sei — Ele sabia que a mistura de espécies nunca foi abençoada.

— Mas e agora? — toco na minha barriga enquanto a minha mente só sabia repetir "me perdoa, meu amor, mas eu amo o seu pai, confia no que estou falando, não".

— Podemos seguir as tradições — olho surpresa para ele pela rapidez que ele teve em achar uma solução — Não sou um monstro e nunca mandaria você tirar esse bebê, até porque a sua espécie é de longe superior àqueles...

— Como? — o interrompo, ficando com nojo do seu toque, mas preciso de mais informações, principalmente contra o Zayif.

— O Sadik — o próprio soca a mesa, me assustando de verdade.

— Não vai me usar — eles trocaram olhares furiosos e sinceramente estava amando ver que nem eles mesmos eram unidos. Seria muito fácil colocar todos aqui em seus devidos lugares.

— Sadik, do que ele está falando? — os dois me olham com intensidade, mas de formas diferentes.

O olhar do Sadik me transmitia empatia, dor, tristeza, mas o olhar do Bilge era de posse, soberba, uma superioridade que não existe, mas se estava aqui preciso dançar conforme eles dançam.

— Minha criança — o Bilge se afasta na mesma hora, soltando as minhas mãos já que o Ates pulou em cima da mesa ao ponto de o atacar.

— Acredito que não possa me chamar assim — passo a mão pela calda do Ates, que diminui o seu tamanho e se acomoda no meu colo — Tiamate me chama assim todas às vezes que nos vemos.

— Não queria ofender, peço desculpas — precisei abaixar a cabeça para esconder o sorriso, já que a Tiamate não escondeu os xingamentos na minha mente.

A nossa conversa foi interrompida pela chegada do próprio Zayif que me olhava com nojo, mas foi interessante ver a manipulação do Bilge. Eles estão tão acostumados a brigarem pelo poder entre eles que por alguns momentos eles esqueceram da minha presença.

Os dois passaram horas se atacando de forma velada enquanto reafirmavam que a mistura entre espécies é prejudicial já que vai se perdendo a essência e os poderes, de acordo com o Zayif o sangue precisa ser puro para governar.

— Mas era exatamente isso que estávamos conversando — o Sadik pega a minha mão de forma rápida, atraindo o olhar de Zayif — Meu querido, não precisamos dessa rivalidade, a nossa rainha retornou assim como foi descrito e está cada vez mais interessada em nossas tradições.

A Segunda Chance do AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora