Capítulo 121

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***Kenina***

Assim que a Melione fechou a porta, deu tempo apenas de me virar ao perceber que a Tiamate estava correndo para fora, o Lior se escondeu atrás do Erdem, que me olhava sem se mexer. Tudo virou um pequeno borrão e, quando percebi, a Tiamate estava na minha frente.

— Me conta agora.

— Não — ela não desviou o olhar, mas também não forçou a se soltar, provavelmente por estar grávida — Deixe a sua teimosia de lado apenas por enquanto e aceite que tem coisas que é melhor saber só depois.

Assim que ela desceu o olhar para a minha barriga, entendi que tinha algo a ver com as meninas, como se isso virasse uma chave dentro de mim. Senti uma moleza enorme e só não caí, pois a Tiamate me pegou no colo.

— Cuide dela, é de extremo risco — mesmo com os olhos moles, consegui entender todas as palavras e principalmente o peso delas.

Sentia um fogo e frio percorrendo pelo corpo como se estivessem disputando por território e certamente eu estava levando a pior. A Tiamate ainda comentou que alguns resolveram mostrar as suas garras enquanto nós nos recolhemos, mas ela pessoalmente vai mostrar como se faz.

Normalmente o Lior correria para ir junto a Tiamate, mas para a minha surpresa ele ficou conosco, sempre perguntando ao Erdem como poderia ajudar a cuidar de mim. Uma nova dor percorreu o meu corpo como se me cortasse ao meio, mas me recusei a gritar de dor, porém a dor levou a minha consciência.

Os próximos dias foram apenas momentos que despertava enquanto o Erdem estava me dando banho, ou então quando me alimentava. Consegui acordar alguns momentos em que o Lior estava agarrado a mim.

Isso me quebrou por dentro, pois não era justo com ele me perder apenas por estar grávida, não consegui entender até aquele momento que não era o meu corpo que estava sendo mole para gerar essas duas vidas e sim elas que estavam se recusando a dividir o meu útero.

— CHEGA — solto um grito dentro da minha mente e, por alguns segundos, sinto tudo melhorar — O que está acontecendo aqui?

— Ela está invadindo... — não conseguia ver nenhuma das duas, mas a voz da Luna reconheceria em qual situação — Viu, ela me reconhece, já você...

— Vou amar conhecer — interrompo a Luna e de imediato consigo entender que é puro ciúme — Luna, da mesma forma que aceitei ser sua mãe, eu também aceitei ser a mãe da Kali.

— Não se preocupe, eu sei que só estou sendo gerada — o frio percorreu o meu corpo e precisei fazer um esforço muito forte para que o fogo dentro de mim não se apagasse.

— Mamãe... Mãe... PAIIIIIIIIII — o grito do Lior nos tirou daquela discussão e, quando abri os olhos, o Erdem estava desesperado gritando a Tiamate.

Havia lágrimas nos seus olhos e pela primeira vez percebi que ele não conseguiu esconder o seu desespero nem na frente do Lior. Por falar nele, o meu pitico estava encolhido na cama enquanto chorava para que ninguém me levasse.

— Não posso fazer nada, Erdem, é a escolha dela — a voz da Tiamate estava cheia de pesar, como se eu estivesse morrendo.

Isso não pode acontecer... Não peguei os meus filhos nos braços ainda, não brinquei com eles, não ensinei a matar e queimar os cretinos que se acham melhores que nós... Me forcei a me levantar mesmo com a dor cortando todo o meu corpo e percebi que o meu corpo está necrosando.

Nem em um pior pesadelo era a melhor visão e o meu pitico estava me vendo dessa forma. Fechei os olhos, me recusando a escolher, nunca vou escolher um filho e deixar outro, deve ter uma forma.

A Segunda Chance do AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora