Capítulo 75

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***Kenina***

Após essa pequena confusão, o Sadik ficou mais em cima, afinal estava fazendo algo que nem ele mesmo sabia que era possível. Para a minha infelicidade, preciso desfilar com ele para não levantar suspeitas. Mesmo que esteja supostamente tomando o chá, não ficaria o tempo todo no quarto.

O que facilitou o meu acesso é que para Zayif vou morrer logo, então não seria um problema liberar o meu acesso, mas respeitei o medo da Ayla e não cheguei perto dos portais, porém consegui sentir a magia que eles emanavam.

Apenas um deles estava bloqueado e nem precisar perguntar o motivo, já que o pouco que ele mostrava me fez lembrar da visão que tive por anos, ali era provavelmente o reino das fadas, por isso o meu pai tinha acesso rápido a ela.

Acabei sorrindo apenas com a ideia dele fugindo durante a madrugada para a encontrar, ou será que isso não era proibido naquela época? De qualquer forma, tenho várias perguntas que nunca serão respondidas por culpa desse conselho de merda.

— Está com uma feição um pouco preocupante — a voz do Sadik mesmo que baixa, deixava transparecer a sua curiosidade.

— Será que posso colocar todos em um saco e jogar na lava? Quanto tempo demoraria para derreter a pele? Será que vão gritar...

— Já entendi — não segurei a risada, já que até a cor ele perdeu ouvindo os meus pensamentos.

— Deixa de ser frouxo, Sadik, vocês já fizeram muito pior — me solto do seu braço e volto a andar na sua frente — Eu sei o caminho — ergo a mão, o parando sem me importar com o que estava ao redor.

Canalha, cretino, hipócrita, como pode me olhar com repulsa, sendo que fizeram muito pior com os outros e, o pior, fizeram isso com os meus pais. Colocaram a culpa em Tiamate sem nenhum remorso...

Travo no lugar com medo do futuro do meu filho, afinal, se a minha mãe faleceu, alguma coisa aconteceu e se acontecer alguma coisa comigo ou com o Erdem? Merda... acelerei o passo para chegar logo no quarto, preciso ter certeza de que todos vão ficar bem ou então a minha abordagem será bem diferente.

— Majestade...

— Ayla, preciso saber o motivo da minha mãe falecer no parto — bati a porta sem me preocupar com o Bilge que estava me seguindo.

— Apenas após se alimentar — a olhei com toda a raiva que estava sentindo e, mesmo que as suas mãos tremessem, ela não desviou o olhar ou saiu do caminho.

— Vamos fazer um trato, enquanto eu, como você, fala tudo o que sabe.

— Por mim, está ótimo — ela entrega uma caneca e, quando cheirei, percebi ser suco de maracujá — Está muito estressada e com motivos, é a minha responsabilidade o seu bem-estar e consigo fazer isso com a alimentação.

— Ayla...

Ela sorriu e entrou comigo dentro daquela biblioteca onde estamos passando os dias e só não passamos a noite, pois ela me lembra que preciso descansar pelo bem do meu filho também. Como acordado ela foi me mostrando uma série de cadernos que de acordo com ela era diferente dos que são produzidos aqui.

Ou seja, não eram do meu pai, mas ela não tinha certeza já que a magia impedia de ler o conteúdo. Mesmo sem saber a Ayla estava correta, aquela caligrafia era diferente e muito mais caprichosa que a do meu pai.

Não sabia como reagir ao perceber que eram os diários da minha mãe, as primeiras páginas eram cheias de desenhos e até mesmo de pedidos para um mundo melhor, porém após algumas páginas em branco percebi que ele estava trancado ainda.

A Segunda Chance do AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora