Capítulo 73

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***Kenina***

Abri os meus olhos com tanta preguiça que isso me fez rir baixo, faz muito tempo que não conseguia descansar dessa forma. Como uma criança que acabou de ganhar um brinquedo novo, corri ver se conseguia ver novamente.

Acabei sorrindo ao perceber que consigo ver e escutar tudo o que está acontecendo a qualquer momento. Pela voz ofegante e a coloração vermelha do seu rosto, ele deve estar treinando antes do amanhecer.

Ali só havia os machos e, quando comecei a me questionar o motivo, o Ates preto começou a rir, ou seja, a culpa era desses dois, mas a quem eu quero enganar? Eu amei o que estão fazendo, não quero ninguém perto do meu Erdem mesmo.

— Majestade... — a voz apavorada da Ayla me tirou da visão e, quando segui os seus olhos, percebi os cacos do enorme espelho que antes ficava na parede — Está tudo bem? Alguém... Aquele...

— Calma aí — me levanto com mais pressa da cama, evitando de pisar nos cacos, mas precisava chegar na Ayla antes que ela fosse até esse tal de imbecil... — Ayla, está pensando que o Sadik fez isso? Aliás, o que sente por ele? — como ela abria e fechava a boca procurando ainda as palavras, decidi ser mais direta — Quero toda a verdade e agora.

— Me perdoe majestade, mas ele não presta e não tem honra suficiente para estar ao seu lado, dei em cima dele sim e nem precisei de muito para ele cair de cabeça no meio das minhas pernas...

— Ayla, sabe que não o amo, né? Muito menos que vou me casar com ele — toco na minha barriga e isso a fez sorrir — Tenho alguém para encontrar em casa.

— Não confio nele, mas todo homem é igual e bastam alguns agrados que eles soltam a língua, com o Sadik não foi diferente...

Apenas com um olhar, o Ates vai até a porta a impedindo de abrir, sem contar que ele me avisaria se alguém estivesse próximo à porta para ouvir. Suspirando a Ayla, se aproximou para me contar quem era o Sadik, na verdade.

Ele não passava de um fingido e nunca foi descente com ninguém aqui dentro, tanto ele como a sua irmã são dois interesseiros, a diferença era que ela assumia a sua ambição, já o Sadik se fazia de certinho.

A Ayla também me disse que, após a morte do meu pai, ele foi o primeiro a tentar invadir este quarto. Para ela, a desculpa foi que ele precisava me encontrar, mas eu estava lá fora e não aqui dentro, então ele estava procurando outra coisa.

Mesmo com vergonha, ela acabou soltando que ele fica todo animado quando o chama de rei, ainda mais quando eles estão transando. Isso fez o meu estomago embrulhar, afinal foram detalhes a mais que realmente eu não queria saber.

Após o banho demorado, a pedido da Ayla, ela me trouxe um café mais reforçado e também aquele chá. Me aproveitei dele para proibir todos, até mesmo o Sadik de entrar no quarto. Preciso encontrar uma forma de lutar contra a Fenalik e principalmente dar um jeito naquela alma sebosa da Alexia.

Na raiva ontem, por ela ter ido fazer intriga para o Erdem que acabei atacando o espelho com o fogo e, claro, ele acabou em vários pedaços no chão do quarto. Para todos os efeitos, eu senti uma tontura muito forte e acabei caindo no quarto.

A Ayla me defendia e mentia para me encobrir de uma forma tão natural que até mesmo eu acreditaria. Assim que me vi sozinha, me enfiei dentro daquele quarto, lendo o máximo que conseguia para ter as respostas.

Devo admitir que era muita informação, todas importantes, porém nenhuma, em especial como um manual de como acabar com uma Fenalik ou como matar uma alma que aguarda reencarnar.

Já estava no final do dia quando a Ayla entrou no quarto novamente me trazendo o jantar. Ela olhava ao redor curiosa, mas nunca parava em nenhuma informação, apenas ficou admirando o céu enquanto aguardava em silêncio.

A Segunda Chance do AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora