A Segunda Chance do Alfa

Capítulo 71

***Kenina***

Acordei com as vozes da Ayla reclamando com o Sadik por ainda estar presente ali no quarto, me mantive quieta para saber até onde essa interação dos dois ia dar. Prendi a respiração quando consegui ver pelos olhos do Ates.

Era como se eu conseguisse comandar o seu corpo, virando a sua cabeça para onde eu queria, ou quase, já que ele a virou de volta, me mostrando o Sadik tocar nas mãos da Ayla de forma carinhosa.

— Atrapalho o namoro dos dois? — a Ayla se afastou imediatamente, completamente vermelha.

— Não é como se você realmente estivesse comigo... — assim que balanço a mão, uma enorme labareda se forma e só não queimou os dois, pois o Ates foi mais rápido — Tudo bem, precisamos controlar isso e vamos começar agora.

— O que pensa que está fazendo? — Sadik foi me empurrando em direção ao banheiro enquanto Ates apenas negava com a cabeça.

— Não sou louco de provocar esse fogo arisco aí dentro sem proteção.

— Vai mesmo me colocar dentro da banheira... — nem terminei de falar e recebi um jato de água na minha cabeça.

— Ainda não conheço nada mais eficaz contra fogo do que a água — quando vou abrir a boca, outro jato de água me fez fechar os olhos.

Sadik se aproveitou e me pediu para permanecer com os olhos fechados, apenas visualizando o fogo dentro de mim. O que, de princípio, não foi nada fácil, já que não acreditava que conseguia ver e muito menos que não precisava de treinamento.

Apesar que no meu caso as coisas serem um pouco mais complexas, já que esse fogo não era meu e sim do meu pai, mas de alguma forma ele começou a responder a mim enquanto a voz do Sadik foi ficando mais distante.

Ele crescia de forma cada vez mais imponente dentro de mim, mas fui perdendo o controle assim que algumas memórias foram desbloqueadas, não eram minhas e sim dos meus pais que estavam adormecidas.

— Kenina se concentra... — outro jato de água e alguns sussurros assustados da Ayla — Se não se controla, vou te colocar para fora do quarto.

— Ela está em chamas, Sadik...

— Porra, Ayla — escutei a porta se fechada e pouco tempo depois as mãos do Sadik encostam no meu ombro. Ele certamente se queimou, já que gemeu de dor por alguns segundos — Precisa se controlar ou vai colocar fogo em tudo.

— Não sei fazer isso — não estava mentindo, estava presa na minha mente e completamente cercada pelo fogo.

— Traga a sua mente uma pessoa ou um momento que te fez bem, uma memória feliz.

Não tive dúvida em trazer o Erdem para a minha mente, aqueles olhos negros do seu licano eram o meu pedaço de céu, conseguia até mesmo sentir o seu perfume e o toque das suas mãos... Como estava com saudade e principalmente como eu amo ele.

— Como isso...

Me calei assim que Sadik me virou para frente do espelho, não conseguia acreditar que estava com os cabelos em chamas, ou melhor, as chamas eram os meus cabelos da mesma forma que vi os cabelos do meu pai.

Quando ergui o braço, o fogo se moveu tentando atacar o que estivesse ao seu redor e, pelo reflexo, vi o Sadik me apontar para a cabeça, ou seja, trouxe o Erdem de volta, os seus toques, os seus beijos e principalmente como me sinto segura e acolhida no seu abraço.

— O fogo está sempre atrelado ao nosso emocional.

— Então estou ferrada, já que o meu emocional não é dos melhores — isso o fez rir e confirmar com a cabeça.