Capítulo 58 - Precisamos conversar

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***Kenina***

Quando finalmente despertei estava sozinha na cama, ainda completamente nua, mas pela forma que os lençóis estavam ele não ficou ali, a voz da Luna contando que ele acreditou que eu estava partindo doía no meu peito.

Essa dor apenas aumentava ao ponto de me sufocar, mas logo ela dava lugar para uma raiva que eu nunca senti antes, foi somente agora que percebi que não era eu e sim o Erdem, fechei os olhos me concentrando neste sentimento e consegui ver ele destruindo mais um daqueles sacos que ele utiliza para treino.

Era a primeira vez que o senti completamente, antes de devolver a sua vitalidade, a nossa forma de sentir era diferente, não tinha como saber onde era meu e onde era ele, mas agora estava bem nítido.

Vesti apenas uma camiseta dele, já que foi a primeira coisa que vi na frente saí do quarto, antes de seguir para os fundos passei no quarto da Melione, onde os dois estavam dormindo ainda tanto que nem perceberam a minha visita no quarto.

A passos fantasmas vou até o Erdem que não me percebe ali, tanto que resmungava sobre a minha teimosia enquanto socava cada vez mais forte, até que este saco também não aguentou e caiu aberto no chão.

Suspiro ao me aproximar já na intenção que ele perceba que estou ali, mas ele estava tão perdido nos seus resmungos que não escutou. Com o susto assim que me viu quando se virou ele acabou me atacando.

Faz algum tempo que decidi que ninguém mais iria me tocar, então foi automático desviar do seu golpe. O Erdem percebeu no meio do soco quem ele iria acertar e foi mais rápido em me segurar com o outro braço para não cair.

— Eu não... Como fez isso?

— Estou acostumada a ser como um fantasma — as suas feições ficam pesadas novamente demonstrando o seu péssimo humor.

— A Melione está bem, mesmo que não tenha perguntado...

— Eu sei, aliás, eu disse isso quando o Hugo a pegou, talvez um pouco assustada, mas bem — o interrompo indo até o saco que ele acabou de jogar no canto — Eles não fizeram nada, por que então está descontando a sua raiva neles?

— Está me provocando ainda mais? Não basta me desobedecer? Não basta violar um tumulo? Não basta me deixar louco por não saber o que você realmente sente? — como não respondi, ele suspirou se afastando de mim — Eu errei ta legal, não sei o que eu vi, mas eu fiz merda a tocando...

— Ela fez de propósito, você era a única chance dela ser mãe — o interrompo me levantando pronta para voltar para dentro.

— Vai fugir? — isso me irritou e quando percebi já estava batendo nele, ou tentando, já que ele me imobilizou colocando o meu corpo contra o dele.

— Não estamos conversando e sim nos ofendendo — o seu olhar deixava claro o quanto ele está magoado.

— Ela sabia? — confirmo com a cabeça.

— Isso que me irritou mais ainda, como ela teve esse sangue-frio de continuar com tudo sabendo que logo ela iria morrer.

— Kenina...

— Erdem, não posso mudar o passado e muito menos o que você sentiu — o interrompo ainda sendo segurada contra o seu corpo, mesmo que não fosse necessário, afinal não vou a lugar algum, pelo menos agora — Por que não queria que eu fosse lá?

— Medo... — ele suspira fundo fechando os olhos, mas me apertou mais contra o seu corpo — Eu não sei que merda ela pode falar para você, mas não quero que ela interfira em mais nada, eu já disse diversas vezes que eu escolho você, mas parece não surtir efeito...

A Segunda Chance do AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora